Grande Otelo Filho é sepultado no Rio sob homenagens e lembranças: ‘Foi em paz’

Despesas do enterro, realizado no Cemitério do Catumbi, na Zona Norte, foram custeadas pelo Sindicato dos Artistas

O corpo do ator Carlos Sebastião Prata, conhecido como Grande Otelo Filho, foi sepultado na tarde desta quinta-feira (21) no Cemitério do Catumbi, na Zona Norte. O filho de Grande Otelo, considerado um dos maiores artistas do país, morreu aos 70 anos em decorrência de problemas cardíacos.

As despesas do enterro foram custeadas pelo Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Rio de Janeiro (Sated/RJ). Em entrevista ao DIA, o presidente do sindicato, Hugo Gross, destacou a importância de Otelo Filho na luta contra o etarismo na classe artística.

“Otelinho é uma referência na luta contra o que vem acontecendo com os atores brasileiros idosos, que têm sido esquecidos. Fico muito triste em ver emissoras deixando de valorizar os descendentes de Grande Otelo. Ele foi um símbolo de resistência, incansável, sempre presente ao lado do sindicato”, afirmou Gross.

Entre os que se mobilizaram para organizar uma despedida à altura de Carlos Prata estava o cineasta Lucas Rossi, diretor do documentário “Othelo, o Grande”, que retrata a vida e a carreira de Grande Otelo. O cortejo reuniu parentes e amigos, que destacaram a dedicação de Carlos Sebastião em manter viva a memória do pai, que morreu em 1993, aos 78 anos.
“Meu irmão descansou, foi em paz. Ele era muito ativo, tinha o desejo de ver o nome do nosso pai sempre lembrado. Em certo ponto, meu irmão se parecia com ele, principalmente no cuidado com os irmãos e na vontade de seguir o que acreditava ser certo”, contou José Antônio de Souza Prata, o Pratinha.

Grande Otelo Filho passou mal e buscou atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Copacabana, na Zona Sul, mas não resistiu e morreu. “Nos últimos meses ele enfrentava problemas no coração e teve trombose. Quando deu entrada na UPA, foi sedado e chegou a ser contido devido à agitação”, lembrou o irmão.

Abalada, a atriz Adele Fátima, de 71 anos, recordou os momentos vividos ao lado do amigo, a quem chamava carinhosamente de Nininho. “Nós tivemos uma vida muito bonita, convivíamos desde os 12 anos. Ele era uma pessoa muito simples. Quando passou mal, estava na minha casa. O que posso dizer é que foi alguém querido e inesquecível. Ele deixou como legado o amor por Deus e pelas pessoas”, disse.

Problemas com as drogas
Em 2018, o filho do comediante Grande Otelo concedeu entrevista ao extinto “Domingo Show”, comandado por Geraldo Luís, e disse que estava morando na rua há seis anos e que era dependente químico. “Na rua, você encontra acolhimento. Sem dinheiro, sem perspectiva, tive que ir pra rua. Esses anos, ninguém me deu socorro. Você só quer que alguém te ouça. A rua me ensinou a sobreviver, mas tirou minha dignidade”, disse à época.
O artista aceitou um tratamento oferecido pelo apresentador e passou seis meses internado em uma clínica de reabilitação. Em 2021, ele voltou a atuar e participou da novela bíblica “Gênesis” (2021), da Record, na qual interpretou um sacerdote. Este foi seu último projeto na televisão.

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