Fórum da COP30: Paes e outros prefeitos enviam carta com propostas a líderes mundiais
Representantes se reuniram no Museu de Arte Moderna (MAM), na Zona Sul do Rio, nesta terça (4)
O prefeito Eduardo Paes e cerca de outros 100 representantes de cidades do país inteiro se reuniram, nesta terça-feira (4), durante o Fórum de Líderes da COP30, no Museu de Arte Moderna (MAM), no Aterro do Flamengo, Zona Sul do Rio. Segundo Paes, o encontro ressalta a responsabilidade dos municípios na questão climática.
Logo após a reunião, o grupo entregou um documento da Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos (FNP) a representantes da Prefeitura de Belém, no Pará, para que seja enviado aos líderes mundiais durante a COP30, que ocorre de 6 a 21 de novembro. O objetivo é que sejam avaliadas propostas e pedidos dos municípios sobre as mudanças do meio ambiente.
O texto da carta destaca que não há transição climática sem as cidades, já que mais de 80% da população brasileira vive em áreas urbanas — onde os efeitos da crise climática se manifestam com maior intensidade e onde as soluções precisam ganhar escala, com inovação, participação social e equidade.
Para o prefeito de Salvador, Bruno Reis, as cidades têm um papel fundamental em assuntos de sustentabilidade.
“As pessoas moram nas cidades, nós, prefeitos, é que temos a possibilidade de implementar as políticas públicas. As obras de infraestrutura e as intervenções precisam ser feitas, além de avançar em mobilidade”, disse.
Já o prefeito de Maringá, no Paraná, Silvio Barros, ressaltou a necessidade de um mecanismo de comunicação entre as autoridades para lidar com as questões climáticas.
“Pedimos apoio para que os governadores e prefeitos trabalhem juntos. Nós apresentamos propostas que possam ser levadas em conta”, disse.
Ainda segundo Barros, o município que comanda não enfrenta problemas críticos com alagamentos, mas, em compensação, tem árvores centenárias que apresentam riscos durante grandes ventanias.
“Maringá é uma cidade muito arborizada, onde temos árvores de grande porte. Estamos falando de árvores de 25 a 30 metros de altura, que uma pessoa só não abraça — isso na calçada. E essas árvores têm cerca de 80 anos, praticamente. Então, elas estão completando seu ciclo de vida e, com tempestades cada vez mais intensas, com ventos de 30 km/h a 40 km/h, esse seria nosso maior problema a ser enfrentado. O que estamos trabalhando agora é identificar quais árvores teremos que remover, o que depende de muita tecnologia”, informou.
Ônibus elétricos
Dentre as propostas para os próximos anos, o prefeito Eduardo Paes explicou que, até 2028, a cidade deve ter toda a frota de ônibus com baixa emissão, o que inclui grande parte de veículos elétricos.
“As licitações são todas elétricas agora. Eu trabalhei em uma empresa que era a única que tinha frota elétrica, mas eu não comprei para não ter que ficar me explicando depois. Mas acho que agora, como tem 100 empresas com essa frota, com certeza vai ser elétrica”, explicou Paes.
O assunto também foi comentado por autoridades americanas na parte da manhã, que citaram a importância da implementação de veículos elétricos de forma geral.
Paes ainda comentou sobre a não participação do presidente Donald Trump.
“Acho que isso não interfere em muita coisa. Isso fortalece o papel das cidades e dos governos estaduais americanos nas políticas que eles implementam. Impacta mais no quesito global, mas as autoridades americanas estão dando conta do recado”, disse.
Município do Rio concorre a prêmio climático
O município do Rio concorre ao prêmio da Bloomberg Philanthropies, que reconhece políticas locais eficazes e inovadoras de enfrentamento às mudanças climáticas. A capital fluminense disputa na categoria “Infraestrutura mais segura para um mundo em mudança” com o Protocolo de Enfrentamento ao Calor Extremo, lançado pela Prefeitura em 2024 como resposta estratégica ao aumento das ondas de calor e seus impactos sobre a saúde pública.
Antes do anúncio sobre o ganhador, Paes falou sobre a expectativa para a final.
“Cidades do mundo inteiro estão participando. A ideia é a gente valorizar as boas iniciativas, e é bom que os outros municípios copiem. Eu fico o tempo todo olhando as experiências de outras cidades, não só na sustentabilidade e mudança climática, mas também em outras áreas”, disse.
O Protocolo de Enfrentamento ao Calor Extremo é um sistema integrado de alerta e resposta rápida que utiliza dados meteorológicos e de saúde para antecipar riscos e acionar medidas preventivas durante ondas de calor. O modelo estabelece níveis de alerta e orientações específicas para diferentes cenários de risco, mobilizando secretarias e serviços municipais de forma coordenada. Sua principal inovação é o uso sistemático de dados epidemiológicos e climáticos para embasar decisões emergenciais e políticas públicas preventivas.
Ao todo, 26 cidades concorrem, incluindo São Paulo, Paris e Joanesburgo.
São Paulo concorre com a maior frota sustentável do país. São mil ônibus elétricos, que deixam de consumir cerca de 35 mil litros de diesel por ano cada um, evitando a emissão de 87 toneladas de gás carbônico na atmosfera.
Já Joanesburgo, na África do Sul, apresenta um projeto de energia solar para comunidades vulneráveis, garantindo fornecimento estável em meio à crise energética nacional.
Enquanto Paris aposta na restrição ao uso de carros e na eficiência do transporte público como estratégia para reduzir emissões e impulsionar a economia urbana.