14 de dezembro de 2025
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Flamengo e Palmeiras dominam Continente há sete temporadas

Há duas semanas rolou a grande final da Libertadores, entre Palmeiras e Flamengo. Essa final nos revela várias coisas do que está acontecendo no nosso futebol, e eu queria trocar essa ideia com vocês.

A verdade é que os clubes brasileiros estão arrecadando, na média, muito mais do que alguns anos atrás. O contrato da TV melhorou, e parte recebeu luvas e adiantamentos. Os planos de sócio aumentaram, garantindo estádios cheios. As bets chegaram a triplicar os patrocínios anteriores. Alguns receberam investimentos por meio das SAFs. Juntando tudo isso, entrou muito “dinheiro novo” no ecossistema do futebol brasileiro.

E qual foi a consequência? Nos distanciamos no contexto do futebol sul-americano. Se antigamente jogar em Buenos Aires, Montevideo ou Assunção era um suplício, muito difícil de ganhar, hoje nossos times entram nessas competições como francos favoritos.

Os números recentes confirmam isso. Se entre 2014 e 2018, em cinco finais de Libertadores, tivemos apenas um time brasileiro disputando, de 2019 até 2025 foram cinco finais entre times brasileiros. Nesse período, de um total de 14 finalistas, 12 foram brasileiros e apenas dois argentinos. O Brasil faturou todas as Libertadores desde 2019.

A própria Libertadores também ficou mais atrativa, com expressivo aumento de receitas. A Conmebol se renovou e melhorou a competição. O prêmio para ser campeão hoje é maior do que em qualquer campeonato nacional. Tudo isso fez com que os clubes brasileiros tivessem ainda mais motivação para ganhar “A Glória Eterna”.

Outra situação importante que a final de 2025 confirma é o predomínio de Flamengo e Palmeiras. De 2019 para cá, apenas em duas vezes nenhum dos dois esteve presente na final. A partida em Lima foi a quarta decisão do Flamengo nas últimas sete edições, e a terceira do Palmeiras nesse período.

E quais seriam as razões disso? Contas ajustadas, gestão profissional, equilíbrio financeiro e estabilidade administrativa. Não tem segredo. Todo gestor de futebol conhece a fórmula, mas nem todos têm a capacidade ou o interesse de aplicá-la. Empurram dívidas, gastam o que não podem, politizam a gestão. O novo modelo das SAFs não é a única solução – Flamengo e Palmeiras mostram isso, mas pode representar um bom caminho para aqueles clubes com problemas ou que buscam uma alternativa segura para atrair investimentos. De qualquer jeito, tem de arrumar a casa antes, e foi o que Palmeiras e Flamengo fizeram.

O Brasil tem a maior população e o maior mercado de futebol no continente. A paixão eu acredito ser a mesma dos nossos vizinhos, já a grana que movimentamos é bem maior. Dinheiro é importante, mas tem de vir acompanhado de organização e propósito, ou vai pelo ralo. A bola não entra por acaso em todo jogo.
Esse recente domínio de Flamengo e Palmeiras ameaça o histórico equilíbrio que sempre marcou o nosso futebol, e a alternância entre os grandes clubes. Será primordial que os demais sigam o caminho da boa gestão.

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