27 de outubro de 2025
NotíciasNotícias 24hsRio-Cidade

Fim dos “macarrões” e água de qualidade a 16 mil moradores da Rocinha

Canos espalhados pelo chão de becos e vielas da comunidade oferecem riscos à população e são um grande desafio para a Águas do Rio

Herança de décadas de improviso e ausência de infraestrutura nas favelas cariocas, os “macarrões”, aquelas tubulações improvisadas que cruzam os becos, expõem moradores ao risco de contaminação, dificultam a passagem e agravam os alagamentos. À medida que o abastecimento formal avança nas comunidades, esse emaranhado vai desaparecendo. É o caso da Rocinha, onde a concessionária Águas do Rio está reestruturando todo o sistema de água da região chamada Roupa Suja, área sobre o Túnel Zuzu Angel, onde já retirou dali 800 quilos de emaranhado. Mais de 16 mil pessoas serão beneficiadas com a obra.

Essa é uma das iniciativas mais complexas já realizadas pela empresa no enfrentamento aos “macarrões”, tanto pelo tamanho da área atendida quanto pelas dificuldades de acesso e relevo da região. Até técnicas de alpinismo industrial, como o rapel, foram utilizadas pelos profissionais da concessionária para viabilizar os serviços em áreas de difícil acesso na Roupa Suja, onde circular era um verdadeiro desafio diário para trabalhadores, idosos e crianças.

De acordo com a Águas do Rio, que integra o grupo Aegea, foram retirados mais de um quilômetro de tubulações antigas, que deram lugar a uma rede nova, com diâmetro adequado e tecnologia moderna para garantir um abastecimento contínuo e seguro.

Entre “tombos” e vielas

Daise Bezerra de Souza, de 48 anos, conhece bem o drama que os “macarrões” causavam no dia a dia. As vielas viviam molhadas e escorregadias, provocando quedas constantes. Durante a pandemia, ela sofreu um acidente: ao escorregar em um desses canos, fraturou o tornozelo e precisou ser carregada pelos vizinhos em uma cadeira até a parte baixa da comunidade para receber socorro médico. Foram três meses engessada e mais um quarto dedicado à fisioterapia até voltar a andar.

Hoje, secretária da Associação de Moradores da Roupa Suja, Daise celebra a mudança trazida pela iniciativa da concessionária.

“Nunca tinha visto a água chegar com pressão e qualidade nas casas. É a primeira vez que vivemos isso, e todos estão muito felizes. Agora podemos abrir a torneira sem medo do improviso, sem as quedas e com a dignidade que sempre sonhamos”, afirmou.

Já o entregador Emerson Campos, de 24 anos, conta que ainda guarda na memória o susto que passou com a esposa grávida.

“Ela estava com oito meses de gestação e caiu de joelhos nos canos, mas graças a Deus não foi grave. Hoje, posso andar sem olhar pro chão. É outra vida”, disse.

Acesso onde nem uma escada passa

Além de instalar novas tubulações, em um investimento de quase R$ 2 milhões, a concessionária ativou um sistema de bombeamento para superar um obstáculo comum em comunidades cariocas: o relevo. O trabalho minucioso vem sendo feito com cuidado pelo time de operações.

“Trabalhar aqui é diferente. Nossa base operacional fica dentro da Rocinha, e quando escutamos o nome ‘Roupa Suja’, é impossível não sentir. Isso nos incomoda, porque não representa o que essa comunidade é. E ver o nome deixar de fazer sentido, por conta do nosso trabalho, é simbólico demais”, destaca Luiz Guilherme, coordenador de operações da Águas do Rio.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *