Favelas do RJ se tornam esconderijos de traficantes de outros estados; PM prendeu 379 bandidos de fora em 2022
As maiores favelas do Rio se transformaram em esconderijos de chefes de facções que fugiram de outros estados. Só no ano passado, a Polícia Militar prendeu 379 bandidos de fora. E investigadores suspeitam que dezenas de foragidos ainda estejam escondidos no Grande Rio.
Em fotos em redes sociais, os bandidos ostentam pistolas, granadas, dinheiro e drogas.
Mas a quantidade de chefes de quadrilhas de outros estados que estão foragidos e buscaram abrigo no Rio está aumentando.
A TV Globo levantou dados públicos de segurança que indicam que pelo menos 67, de 10 estados, estão escondidos no RJ.
Segundo a Polícia Civil, nos últimos 5 anos, 78 chefes de facções de outros estados foram presos ou mortos em ações no Rio. São criminosos de 18 estados do país.
Léo 41, do Pará, foi morto no RJ
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Leo 41, um dos chefes do tráfico de drogas do Pará — Foto: Reprodução
Em março, uma operação em conjunto das polícias Civil do RJ e do Pará conseguiu localizar Leonardo Costa Araújo, o Léo 41, apontado como um dos chefes do tráfico no Norte do país e responsável pela morte de mais de 40 agentes de segurança pública no Pará.
Ele e mais nove bandidos do Pará morreram na operação no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio.
As favelas do Rio de Janeiro, com morros, ruas estreitas e barricadas que dificultam a ação da polícia, favorecem o esconderijo dos bandidos.
Outro fator é a grande quantidade de armas que as facções criminosas têm dentro dessas comunidades na cidade.
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André Neves, da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco-RJ) — Foto: Reprodução/TV Globo
“Nós estamos prendendo dezenas e dezenas de criminosos de outros estados. Não existe local que o Estado não entre, mas a gente encontra forte resistência à ação policial”, diz o delegado André Neves, da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco-RJ).
“Nós chegamos na comunidade, tem diversos radiotransmissores informando a presença da polícia. Você tem barricadas para chegar no local, você precisa desembarcar do veículo blindado para retirar esse obstáculo, isso na maioria das vezes sob intenso troca de tiros.”
Além do Complexo do Salgueiro, outras comunidades que servem de esconderijo para esses criminosos são os complexos da Penha, do Alemão e da Maré, na Zona Norte do Rio, além da Rocinha, na Zona Sul.
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Chefes de facções foragidos se escondem nos complexos da Penha, do Alemão e da Maré, além da Rocinha — Foto: Reprodução/TV Globo
Segundo a polícia, a migração tem relação também com uma nacionalização das facções criminosas.
“Quando nós começamos a pesquisar por que o Rio de Janeiro, o que nós percebemos? Primeiro, que a distância é um fator principal. Quem está solto quer estar longe de quem possa prendê-lo. E também nós observamos que pela facção que atua de uma forma mais contundente no Pará, ela ser originária do Rio de Janeiro, existe essa cooperação entre os criminosos, de proteção”, fala Daniela Santos, diretora-geral adjunta da Polícia Civil do Pará.
O professor Lenin Pires, do Departamento de Segurança Pública da Universidade Federal Fluminense (UFF), afirma que uma das soluções passa por atingir economicamente as facções, mirando as rotas do tráfico de drogas.
“É o trabalho de inteligência para evitar a chegada dessas mercadorias que devem ser distribuídas e que alimentam esse mercado, que é isso que no fundo interessa.”
Segundo a própria Polícia Civil, o RJ é o estado com o maior arsenal de fuzis do Brasil. Entre 3 mil e 3,5 mil fuzis estão nas mãos de bandidos.
