Especialistas defendem conscientização sobre os riscos do consumo de álcool durante a gravidez
Representantes das Sociedades de Ginecologia e de Pediatria do Rio de Janeiro e de São Paulo aprovaram nesta terça-feira (09/09) a elaboração de uma carta/manifesto para conscientizar a população sobre os riscos do consumo de álcool durante a gravidez. Os especialistas enfatizaram a necessidade de divulgar os males que a combinação entre álcool e gravidez pode provocar, resultando em diversos Transtornos do Espectro Alcoólico Fetal (TEAF).
A proposta foi apresentada e aprovada durante a webinar ‘Gestação Saudável – Futuro Protegido’, evento idealizado pelo médico Corintio Mariani Neto, vice-presidente da Comissão Nacional de Aleitamento Materno da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), além de membro do Núcleo de Estudos sobre a SAF da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP).
O encontro que reuniu especialistas da área teve também o objetivo de alertar profissionais da saúde, órgãos governamentais e a sociedade civil sobre a gravidade dos impactos embrionários e fetais do consumo de álcool pela mulher grávida. A secretária de Estado de Saúde, Claudia Mello, e Antonio Braga, coordenador estadual da Saúde da Mulher do Rio de Janeiro, participaram do evento online que marcou o Dia Mundial de Prevenção da Síndrome Alcoólica Fetal (SAF), instituído em 1999.
“Temos que levar essa discussão tão importante para outros setores como Educação e Assistência Social. É preciso também investir para que os pré-natais sejam mais qualificados para que as mães e as crianças tenham uma gestação traquila”, afirmou a secretária Claudia Mello.
Segundo Antonio Braga, a carta/manifesto será publicada nas revistas das sociedades médicas que encabeçaram a reunião para que o tema chegue aos profissionais das áreas e que as crianças que nascerem com SAF possam ter um melhor acompanhamento.
Riscos de alterações no feto
Estudos mostram que ingerir bebidas alcoólicas durante a gestação pode elevar o risco de alterações no feto em até 65 vezes. Até hoje não foram estabelecidos limites seguros para o consumo de bebidas alcoólicas ao longo de toda a gravidez. Por isso, a recomendação é evitar qualquer tipo e quantidade de bebida alcoólica no período.
Levantamento feito na periferia de São Paulo aponta que 38 a cada mil crianças nascidas sofriam de algum transtorno relacionado ao uso de álcool pela mãe. Esse indicador pode ser ainda maior, já que as estimativas mostram que menos de 1% das crianças afetadas acabam diagnosticadas.
A exposição do feto ao álcool ingerido pela mãe na gravidez pode acarretar malformações faciais, neurológicas, cardíacas e renais, resultando em problemas físicos, como deformidades na face, dedos e juntas, restrição de desenvolvimento em crânio e cérebro, crescimento lento, problemas de visão e audição, malformações em rins, coração e ossos.
O diagnóstico precoce da doença e o tratamento ainda na primeira infância atenuam as manifestações da SAF, mas não há como reverter os efeitos da ingestão de bebidas alcoólicas durante a gestação. Ou seja, a SAF não tem cura.