15 de outubro de 2025
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Escaladores relatam ameaças e abordagens de traficantes no Morro do Cantagalo, na Zona Sul

– Escaladores têm sido alvo de abordagens e assaltos no Morro do Cantagalo, que fica entre Copacabana e Ipanema, na Zona Sul do Rio. A Federação de Esportes de Montanha do Estado do Rio de Janeiro (Femerj) emitiu uma nota de alerta para que os montanhistas fiquem atentos durante as escaladas.

Ao DIA, um escalador, que não quis se identificar, afirmou que foi ameaçado no platô (terreno plano) ao final da Via Paixão de Cris, uma das opções de escalada no Morro do Cantagalo. “Haviam dois homens, um deles com capuz apontando a arma e perguntando o que estávamos fazendo ali. Eu disse para ficarem tranquilos porque era escalador e ia voltar, mas ele ficou falando para ir até eles e se não fossemos, atiraria. Nisso, eu liberei a corda e desci muito rápido. Depois, um colega que tem conhecidos por lá disse que existia a chance de ter uma operação policial e a intenção dos bandidos era ficar com nossas cordas para descerem e usarem como rota de fuga”, contou.

Em um grupo de escaladores, um deles afirmou que, na última quinta-feira (29), foi ameaçado e assaltado por criminosos no platô ao final da Via Manganga. “Revistaram mochila e celular, fizeram um extenso interrogatório e levaram todo meu dinheiro. Queriam levar a minha corda também, mas expliquei que não conseguiria descer sem ela. Depois do interrogatório, fiquei cerca de 10 minutos aguardando a liberação de algum chefe, enquanto faziam diversas perguntas sobre o esporte. Apesar de ser uma situação totalmente esperada numa cidade como o Rio, pelo menos na rocha, achava que encontrávamos algum tipo de paz”, lamentou. O escalador disse, ainda, que um dos homens anotou seu número e afirmou que entraria em contato para pegar uma nova corda.

“A Federação de Esportes de Montanha do Rio de Janeiro vem alertar que o Morro do Cantagalo, localizado no bairro da Lagoa, Rio de Janeiro, tem registrado ocorrências relacionadas à segurança pública. Recomendamos aos escaladores atenção à situação”, diz a nota publicada nas redes sociais.

Outro montanhista nomeou a situação como lamentável e afirmou que não voltará nunca mais a escalar no Cantagalo, pois também foi vítima dos traficantes na Via Chaminé do Funil. “Estava com um amigo e de repente ouvimos uma rajada de tiros, não acho que passou perto e nem miraram na gente, era tiro para o alto, como forma de aviso mesmo. Continuamos escalando e ouvimos outra rajada. Nisso, decidimos descer e ficamos parados na base por meia hora, fomos subir de novo e mais uma rajada. Os bandidos não querem ninguém lá. Já escalei em todo tipo de favela e hoje não volto mais”, disse.
Um escalador, que não é morador do Rio, informou ao DIA que foi convidado por um amigo para conhecer o local e também foi surpreendido por um suspeito armado com um fuzil. “Eu nem sou do Rio, fui convidado por um amigo que mora no Tabajara e tem conhecimento das trilhas. Quando chegamos no topo, tinha um cara armado com um fuzil imenso e começou a perguntar muitas coisas.
Meu amigo, que era mais desenrolado, conversou e explicou que estávamos apenas fazendo escalada. Ele ficou alguns minutos nos pressionando e disse, ainda, que ninguém pode subir sozinho, apenas com algum guia da comunidade e é necessário pedir autorização. Deu a entender que eles queriam que o turismo lá em cima continuasse, mas trouxesse dinheiro para a eles através do guia da comunidade. Fiquei apavorado, é uma trilha linda, mas infelizmente não faria novamente”, lamentou.
O diretor da Femerj, que não quis se identificar, afirmou que, por conta dos recorrentes casos de violência, a Federação emitiu a nota. “Depois do que aconteceu com um dos nossos associados na quinta-feira, emitimos esse alerta para que os escaladores redobrem a atenção no Morro do Cantagalo”, ressaltou.
Em 2009, o governo do Rio de Janeiro inaugurou a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na comunidade Pavão-Pavãozinho e Cantagalo.

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