Engenheiro é condenado a 27 anos de prisão por matar ex-namorada na Austrália; ele confessou o crime

O engenheiro Mário Marcelo dos Santos Santoro foi condenado a 27 anos de prisão, na madrugada desta quinta-feira, pela morte de sua ex-namorada, a administradora de empresas Cecília Haddad. O crime ocorreu em Sidney, na Austrália, em 2018. Durante o julgamento ocorrido no Tribunal do Júri da Justiça Federal do Rio, Santoro confessou ter assassinado Cecília. Ele contou ter asfixiado a ex-namorada afirmando ter apertado seu pescoço com força.

A condenação do engenheiro é pelos crimes de homicídio qualificado por motivo torpe, feminicídio e ocultação de cadáver. Ao Hora 1, da TV Globo, o advogado de Santoro disse que recorrerá da decisão.

Cecília foi morta em sua casa. Marcelo foi até o endereço para buscar seu passaporte porque tinha um voo para o Brasil no dia seguinte. Neste momento teve início uma discussão. Durante a briga, ao tentar calar Cecília, o réu asfixiou a vítima. Santoro, ao confessar o assassinato, afirmou ter se arrependido e chorou ao relatar como ocorreu a morte.

“Foi uma tentativa de calar a boca dela. Infelizmente, peguei o pescoço dela e apertei muito forte. Caiu molinha nos meus braços, não lembro se ela chegou a bater a cabeça no chão. Peguei ela, desesperado e coloquei no sofá (…) Ela não acordava. Tentei fazer massagem nela, não sei se fiz certo ou não, para ver se ela acordava. Eu fui lá para pegar o passaporte e, infelizmente, deu tudo isso”, contou, em fala reproduzida pelo g1.

O engenheiro alegou que tentou socorrer a ex-namorada, mas ela não resistiu. Ele pediu desculpas à família de Cecília e disse que tenta entender o motivo de ter matado a administradora. Afirmou ainda ter se desesperado com a situação:

A administradora de empresas Cecília Haddad foi morta pelo ex-namorado na Austrália — Foto: Reprodução

A administradora de empresas Cecília Haddad foi morta pelo ex-namorado na Austrália — Foto: Reprodução

“Saí de lá desesperado, confesso ao senhor que teve um período aí que, se o senhor me perguntar, eu não vou saber explicar, de tão desesperado, sem acreditar no que aconteceu. O que está no documento do MP (Ministério Público) vai explicar muito melhor. Não tenho nem como tirar nada dali. São dados e provas”.

A defesa trabalhou com a tese de que a morte não foi intencional. A acusação, no entanto, diverge e afirma que ele agiu como quem pretendia matar:

“Por que ele ficou surpreendendo ela? Por que ele ficou vigiando? Por que ele ficou perseguindo? Por que ele fez toda a violência psicológica e moral antes do feminicídio? Não chamou ambulância. Não pediu ajuda. Foi para o shopping lanchar. (…) A frieza no momento de aguardar escurecer, né? De colocar os pesos no corpo.”

Santoro contou ter procurado a ajuda, quando chegou ao Brasil, de três psiquiatras e psicólogos para entender o que o levou a matar a ex-namorada. E pediu perdão à sua família a aos seus amigos pelo crime.

A mãe de Cecília, Maria Lúcia Muller Haddad, passou mal durante o julgamento, ainda na tarde de quarta-feira, e teve que deixar o plenário. O irmão da vítima, João Miller Haddad, ouviu a leitura do veredito.

“A gente respira aliviado. É uma batalha de 5 anos, lutando por justiça. A justiça finalmente chegou, e é um crime gravíssimo, feminicídio triplamente qualificado por motivo torpe com ocultação de cadáver. É muito grave, um crime brutal. E a gente sempre confiou na justiça, e a gente está na nossa batalha há cinco anos, esperando esse momento. E queria agradecer à justiça, ao Ministério Público, à polícia australiana, à polícia brasileira, aos nossos advogados. é muita emoção. Muito obrigado. É um sentimento de justiça feita”, disse o irmão da vítima à imprensa após a condenação de Mário Marcelo.

A procuradoria e assistência de acusação comemoraram o resultado:

“Ficamos bem satisfeitos, era o que a gente esperava. A quantidade de provas era muito grande contra o réu”, disse Fernando Aguiar, procurador da República.

Segundo o advogado de defesa, Rubem Vianna, eles vão recorrer da sentença:

“É uma pena bastante elevada, e ocorreram alguns episódios durante o julgamento que dão margem a intrposição de recurso. Por exemplo, a manifestação. Teve uma jurada que se manifestou, fez juízo de valor sobre a causa. Então, vai ser uma das rzões do recurso a ser interposto pela defesa.”

Entenda o caso

Cecília Haddad foi morta em 28 de abril de 2018 e teve o corpo jogado no Rio Lane Cove, em Sidney, na Austrália. Testemunhas afirmaram à polícia que a administradora de empresas e o engenheiro Mario Marcelo dos Santos Santoro tiveram um relacionamento e que ela não queria continuar com ele.

Santoro foi acusado de homicídio qualificado, já que Cecília Haddad sofreu lesões corporais por motivo torpe (não aceitação pelo denunciado da livre vontade da vítima, que optou pelo término do relacionamento) e com asfixia (esganadura). E ainda porque ela era uma mulher vítima de violência doméstica e familiar. O documento destaca ainda que o acusado teria ocultado o cadáver da vítima, para garantir que o crime ficasse impune.

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