Em clima de COP 30, Belém se prepara para receber delegações do mundo todo

Desde a chegada ao aeroporto, imagens de araras e onças colorem murais e revelam uma Belém (PA) pronta para receber visitantes de diversos países. O carismático menino de cabelos de fogo, Curupira, o guardião da floresta, aparece em pontos turísticos em diferentes formatos. Além dele, os tradicionais artesanatos da região amazônica, os perfumes de ervas e a culinária também entraram no clima da COP30.

 

A capital paraense já tem experiência em acolher pessoas de diferentes nacionalidades. Todos os anos, Belém recebe o Círio de Nazaré, evento religioso que homenageia Nossa Senhora de Nazaré e acontece em 12 de outubro. Por isso, sabe que usar a criatividade e investir na cultura local é a chave para deixar boas impressões do Pará no mundo.

 

Artesanato

Os souvenirs de Nossa Senhora de Nazaré encantam a área de artesanato do Ver-o-Peso, a maior feira a céu aberto da América Latina. E, agora, há espaço para canecas com a logo da COP30, camisetas e pratos de cerâmicas pintados artesanalmente. Com escritas da COP30 e de Belém, as imagens variam entre o Curupira, a onça, a bandeira do Pará e também o muiraquitã, amuleto em forma de sapo verde, considerado símbolo de sorte pelos povos amazônicos.

 

“A gente já vem se preparando desde o ano passado. Preparamos muitas coisas, principalmente, na parte de cestaria e cerâmica. Temos bastante lembranças da COP e de tudo que simboliza a Amazônia, que as pessoas querem muito. Estão procurando os bichinhos, como a arara, o tucano, as onças, o Curupira e o Boto Rosa (lendas amazônicas)”, conta Luzilena Silva, proprietária de uma das tendas de artesanato.

 

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Ervas medicinais

Próximo aos artesanatos do Ver-o-Peso ficam os corredores que abrigam o conhecimento ancestral, com milhares de ervas medicinais da Amazônia. Lá, é possível encontrar perfumes naturais e banhos de ervas com diferentes finalidades — que vão desde atrair o amor, promover a saúde e trazer prosperidade até garantir boas energias para as negociações climáticas da COP30.

 

A erveira Maria Iracilda teve a ideia de criar um perfume especial para a COP30, cujo segredo das propriedades ela não revela — mas garante que transmite “boas energias”.

 

“É para trazer coisas boas para as pessoas que vão vir de fora e para elas lembrarem do nosso Pará. E também divulgar o nosso conhecimento, as nossas ervas, os nossos produtos da Amazônia. Nossos perfumes são sensacionais para eles, são novidade”, diz, mostrando o frasco com líquido verde e adesivado com o nome da COP30.

 

A poucos metros, está a erveira Beth Cheirosinha, reconhecida nacionalmente, que lamenta não ter mais o banho de ervas da COP30 disponível para mostrar. Segundo ela, o produto tem feito muito sucesso.

 

“Se a COP30 é aqui no Pará, eles têm que experimentar esse banho, que atrai as coisas boas do estado. Banho de erva é da natureza, é de Deus, e com certeza funciona”, defende Beth.

 

“Estou na expectativa porque estou preparando bastante produtos para receber o povo que vem lá de fora para cá. Bastante andiroba, copaíba, que eles levam muito”, revela ainda a comerciante sobre os óleos amazônicos que possuem ação anti-inflamatória, analgésica e cicatrizante.

 

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Culinária

Um dos grandes destaques da região Norte brasileira é a culinária, marcada por temperos diferenciados e receitas únicas. O clássico peixe frito com açaí é prato obrigatório para quem deseja conhecer os sabores do Pará. Por isso, os comerciantes da cidade já se preparam para receber visitantes de diversas nacionalidades.

 

“Nós intensificamos alguns pratos típicos, como pirarucu, filhote, dourada, e açaí. Estocamos as mercadorias que não podem faltar. A gente capacitou nossos funcionários, têm uma que fala dois idiomas”, mencionou Leydeane Modesto, feirante há 27 anos do Ver-o-Peso.

 

A proprietária do restaurante acrescenta que a obra na feira fez toda a diferença para as vendas e para a melhoria das condições de trabalho.

 

“A obra nos ajudou muito. Estávamos com a rede de esgoto completamente comprometida, assim como a rede elétrica, e agora tudo foi solucionado”, comemorou. A reforma do Complexo Ver-o-Peso teve orçamento de R$ 72,6 milhões, dos quais R$ 12,4 milhões foram destinados ao Sistema de Esgotamento Sanitário.

 

Depois do prato principal, basta uma breve caminhada pela orla do Rio Guamá para chegar à Estação das Docas e garantir a sobremesa. Lá é possível encontrar uma das melhores sorveterias do mundo, reconhecida em rankings internacionais, que atrai turistas de todas as partes com seus sabores típicos da Amazônia. Para celebrar a COP30, a equipe criou um sabor especial inspirado na ideia de “unir o que vem de fora com o que é regional”, explicou um dos atendentes. A receita combina cupuaçu e castanha-do-pará, ingredientes amazônicos, com pistache, fruto originário do Oriente Médio.

 

A cliente Waldineia Mendonça aprovou a proposta do empreendimento. Enquanto experimentava o sabor especial COP30, elogiou a novidade: “É gostoso, diferente. O cupuaçu é bem regional, tem o gosto do nosso Pará”, comenta. Ela aproveitou para recomendar outros sabores típicos da região, como açaí, tapioca, castanha e bacuri (fruta amazônica muito apreciada pelos paraenses).

 

Outra sorveteria também desenvolveu um sabor para em homenagem ao evento climático, mas preferiu investir somente nos sabores locais. “A gente fez um sorvete em homenagem à COP e a base do sorvete é cumaru, que é conhecida como a baunilha da Amazônia. Na receita vai, ainda, uma farofa de castanha e uma geleia de bacuri”, detalhou Jaqueline Moraes, funcionária do estabelecimento. De acordo com ela, o sabor tem sido um dos mais pedidos.

 

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A comerciante encerra com um convite aos visitantes: “A culinária daqui é incomparável, assim como a cultura”. A hospitalidade dos belenenses, realmente, é mais um dos diferenciais da cidade que receberá a COP30. E Belém está pronta! Pronta para ser palco de uma das maiores conferências da história: a COP dos sabores, das cores e de um povo acolhedor. A COP da implementação dos acordos climáticos. A COP da ação concreta contra as mudanças do clima.