26 de setembro de 2025
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Economia verde: o potencial florestal para a economia do RJ

Silvicultura avança no Rio de Janeiro, com distritos florestais e recuperação de áreas degradadas, unindo geração de renda e preservação ambiental.

O plantio de árvores comerciais se consolida no Brasil como uma alternativa capaz de unir sustentabilidade e desenvolvimento econômico. A silvicultura responde à crescente demanda por madeira legalizada, reduz a pressão sobre florestas nativas, recupera áreas degradadas e gera empregos em todas as etapas da cadeia produtiva — desde o preparo do solo até a industrialização da madeira. No estado do Rio de Janeiro, esse movimento ganha destaque com medidas recentes que abrem espaço para transformar a atividade em um vetor de diversificação econômica e de fortalecimento regional.
Em Campos dos Goytacazes, por exemplo, a flexibilização de uma legislação municipal que restringia o plantio de eucalipto para fins industriais abriu caminho para a implantação de distritos florestais. Até então, a Lei 7.282/2002 limitava a atividade a percentuais reduzidos do território e impunha limites rígidos de plantio por propriedade. Sua revogação, somada à Política Estadual de Desenvolvimento Florestal (Lei nº 9.972/2023) e ao Decreto Estadual nº 45.597/2016, permitirá a criação de dois distritos florestais com aproximadamente 80 mil hectares, destinados a sistemas agrossilvipastoris em áreas degradadas. A expectativa é atrair indústrias de processamento e consolidar a silvicultura como fonte de emprego e renda, contribuindo também para a recomposição ambiental.
Esse movimento dialoga com uma agenda mais ampla de transição econômica, como defende o Instituto Espinhaço, que propõe a “dupla transição”: unir a neutralidade climática até 2050 à construção de uma nova economia baseada em conhecimento, inovação e sustentabilidade. A silvicultura se insere nesse contexto como atividade capaz de diversificar a matriz produtiva, historicamente centrada no petróleo, na cana-de-açúcar e no setor de serviços, criando novas oportunidades para produtores rurais e empresas.
A experiência do vizinho estado do Espírito Santo, que desenvolveu políticas públicas específicas para a cadeia florestal, mostra o potencial do setor quando há planejamento e governança. Lá, o crescimento inicial foi impulsionado pela demanda da indústria de celulose. A partir da década de 2010, a estratégia se voltou para práticas sustentáveis, integração de pequenos produtores e fortalecimento de parcerias público-privadas. Programas de fomento distribuíram mudas, ofereceram assistência técnica e criaram regras de licenciamento adaptadas ao porte dos empreendimentos. Ao mesmo tempo, zoneamentos agroecológicos orientaram o plantio em áreas mais adequadas, minimizando riscos de impactos hídricos e ambientais.
Embora críticas sobre monoculturas, concentração fundiária e uso intensivo de insumos persistam, o Espírito Santo conseguiu consolidar uma política de base florestal capaz de gerar negócios, proteger recursos naturais e reduzir a pressão sobre a Mata Atlântica.
O Rio de Janeiro, ao seguir esse caminho, encontra uma oportunidade única: ampliar a cobertura florestal, recuperar áreas ociosas e degradadas, proteger nascentes, reduzir erosão e contribuir para a mitigação das mudanças climáticas por meio do sequestro de carbono. A silvicultura, quando conduzida de forma responsável, também viabiliza sistemas agroflorestais que garantem renda estável para agricultores familiares, fornecem madeira para construções rurais e cercas, e atendem à demanda industrial sem comprometer os remanescentes florestais nativos.
Com a conjugação de marcos legais recentes, zoneamento adequado, apoio técnico e atração de indústrias, o Rio de Janeiro tem a chance de transformar a silvicultura em um eixo estratégico da sua economia verde. O exemplo capixaba mostra que é possível avançar equilibrando produção e conservação, e a experiência de Campos dos Goytacazes sinaliza que o estado começa a trilhar esse caminho. O plantio de árvores comerciais deixa de ser apenas uma alternativa econômica para se tornar uma política integrada de desenvolvimento sustentável, capaz de aliar geração de riqueza, inclusão produtiva e recuperação ambiental.

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