8 de outubro de 2025
DESTAQUENotíciasNotícias 24hs

Diplomatas defendem acerto antes de eventual telefonema para que Trump não repita com Lula o que fez com Zelensky

Integrantes do Itamaraty afirmam que não cabe improviso neste momento. No Planalto, avaliação é que Trump pode ser ‘imprevisível’.

O entendimento dentro do Ministério das Relações Exteriores é que um eventual telefonema entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o tarifaço deve ser acertado previamente entre emissários do Palácio do Planalto e da Casa Branca, evitando improvisos.

É o que apontam diplomatas ouvidos pela GloboNews nesta terça-feira (29). Há um temor de que, em um eventual telefonema, Donald Trump repita com Lula o que fez recentemente com os líderes da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e da África do Sul, Cyril Ramaphosa.

Um eventual telefonema entre Lula e Trump passou a ser defendido por integrantes da comitiva de senadores que está em Washington, nos Estados Unidos, tentando buscar o apoio de parlamentares e empresários americanos.

➡️ No caso de Zelensky, Trump levantou o tom da conversa e chamou o líder ucraniano de “desrespeitoso” com os EUA.

➡️ Já no encontro com Ramaphosa, o norte-americano exibiu supostos vídeos de um “genocídio branco” na África do Sul, sem comprovação de veracidade das imagens.

Se nada for alterado, a medida anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, resultará na imposição de uma sobretaxa de 50% às importações brasileiras, valendo a partir da próxima sexta-feira (1º).

“Sobre essa pressão de alguns setores por um telefonema entre os presidentes, sem preparação prévia: telefonema entre presidentes não se improvisa, requer uma preparação prévia. Em casos de crise como a atual, mais ainda”, afirmou um diplomata, sob reserva.

Segundo ele, “quando não há costura prévia, bem amarrada, para visita ou telefonema, acontecem cenas como a do Zelensky e do Ramaphosa no Salão Oval recentemente”, prosseguiu.

“Ambos os presidentes já deixaram aberta a possibilidade em declarações à imprensa, mas improvisação e voluntarismo aqui não cabem”, acrescentou.

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também afirmou nesta terça que uma preparação prévia sobre uma eventual conversa é uma questão de respeito, para que “os dois povos se sintam valorizados na negociação”. 

Visita do chanceler

 

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, está em Nova York (onde participou de um evento sobre a Palestina) e fez chegar a autoridades americanas a informação de que, se um integrante do governo Trump aceitar recebê-lo, ele vai a Washington negociar as tarifas.

Até a publicação desta reportagem, contudo, ainda não havia confirmação oficial de uma agenda de Mauro Vieira em Washington. Entretanto, diplomatas disseram que, nos bastidores, as conversas seguem acontecendo.

“Nossa posição quanto à negociação está clara, de que estamos prontos a negociar tarifas, e isso há dias, enquanto houver silêncio do lado de lá temos que insistir nisso, e a viagem do ministro é mais uma reiteração dessa nossa posição”, afirmou um interlocutor do Itamaraty.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *