Dia de Luta pelos Direitos da Pessoa com Doença Falciforme celebrado nesta segunda em Campos
Em Campos, 595 pessoas são assistidas pelo Programa Integrado de Assistência a Pessoas com Doença Falciforme e outras Hemoglobinas
Nesta segunda-feira (27) é celebrado o Dia Nacional de Luta pelos Direitos das Pessoas com Doenças Falciformes, data instituída para chamar a atenção da população para as hemoglobinopatias, que constituem um grupo de patologias de origem genética, em que mutações nos genes que codificam a hemoglobina levam a alterações na sua produção. Em Campos, 595 pessoas são assistidas pelo Programa Integrado de Assistência a Pessoas com Doença Falciforme e outras Hemoglobinas.
O hematologista e coordenador do programa, João Tadeu Souto Filho, pontua que a doença falciforme não tem cura e pode provocar o comprometimento das principais funções do organismo, caso o portador não receba a assistência adequada. Ele cita que o diagnóstico precoce é feito na triagem neonatal com a realização do Teste do Pezinho, que consiste em uma bateria de exames que rastreiam diversas doenças, incluindo a anemia falciforme
“A anemia falciforme é uma doença hereditária com alta prevalência em nossa região. O diagnóstico precoce é crucial, idealmente antes do surgimento dos sintomas. Esses costumam manifestar-se no primeiro ano de vida. A detecção precoce é realizada através do teste do pezinho, um exame obrigatório aplicado em todos os recém-nascidos. Portanto, não é necessário que o médico solicite exames adicionais ou investigue especificamente a anemia falciforme, pois o diagnóstico é alcançado através do protocolo estabelecido no teste do pezinho, tanto no sistema público quanto no privado. A realização do teste garante o diagnóstico precoce da anemia falciforme em todas as crianças, independentemente do local de nascimento”, explicou.
O especialista informa que a enfermidade provoca alteração nas hemácias, que deixam de ter a forma arredondada e adquirem o formato de uma “foice”, dificultando a circulação e a chegada do oxigênio aos tecidos. Alguns sintomas comuns da doença são: anemia; trombose; infecções recorrentes; dor óssea e articular; Síndrome Torácica Aguda (STA); comprometimento das funções renais e cardíacas; osteomielite, entre outros problemas.
“A anemia falciforme é uma doença genética e hereditária, não adquirida aleatoriamente. Todos os indivíduos com anemia falciforme herdam o gene da doença de ambos os pais. A combinação das características genéticas de ambos os genitores resulta no desenvolvimento dos sinais e sintomas associados à doença. Portanto, a avaliação da história familiar é fundamental, não apenas para o indivíduo, mas também para orientar toda a família”, destacou o médico, citando que o acompanhamento é feito em todas as fases da vida, desde a infância. Sem tratamento, a doença pode ser incapacitante e apresentar riscos à vida.
“O tratamento visa principalmente prevenir complicações, melhorar a qualidade de vida, otimizar a saúde sanguínea e reduzir a necessidade de hospitalizações e transfusões de sangue. O objetivo é proporcionar ao paciente uma vida com boa qualidade, com oportunidades de estudo, trabalho e participação social. O acompanhamento dos pacientes com anemia falciforme é contínuo, desde o nascimento até a idade avançada, abrangendo crianças, adolescentes, adultos e idosos. Sem esse acompanhamento, a anemia falciforme pode ter um impacto significativo, com possíveis consequências e complicações graves”, reiterou.
Diferença entre anemia falciforme e traço falciforme
João Tadeu aponta que a principal diferença entre anemia falciforme e traço falciforme é que a primeira apresenta sintomas enquanto a segunda é uma característica hereditária silenciosa. “É crucial diferenciar anemia falciforme do traço falciforme, onde a pessoa possui a característica genética, mas é saudável e não desenvolve a doença. Pessoas com traço falciforme levam vida normal, mas se duas pessoas com traço falciforme tiverem filhos, há um risco aumentado de a criança nascer com a doença anemia falciforme, o que reforça a importância do planejamento familiar e da realização de exames de sangue preventivos”.
O médico reforça que o cuidado com a anemia falciforme envolve mais do que apenas medicamentos, incluindo alimentação saudável, hidratação rigorosa e evitar fatores de risco como álcool e tabagismo, além de apoio familiar. “O programa visa fornecer o melhor cuidado especializado e contínuo para pessoas com anemia falciforme e traço falciforme, desde o nascimento até a vida adulta. Oferece atendimento preventivo e de tratamento, com acesso facilitado por telefone, WhatsApp ou comparecendo diretamente ao local. Além disso, o programa é referência e auxilia no encaminhamento para exames diagnósticos”, concluiu.
PROGRAMA MUNICIPAL — O programa de Anemia Falciforme, que temporariamente está funcionando na Avenida Professora Carmem Carneiro, 296, Jardim Carioca, das 8h às 17h, atende, além de Campos, pacientes de toda região Norte, Noroeste e Lagos. O serviço é por livre demanda, agendamento prévio e conta com uma equipe multidisciplinar, composta por médicos, enfermeiros e assistentes sociais, que acompanham os pacientes em todos os aspectos do tratamento, desde a medicação até questões sociais.

