Desigualdades estruturais e o acesso aos direitos reprodutivos são tema de workshop em Mesquita

Evento foi realizado em alusão ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha  e ao Dia Nacional de Tereza de Benguela, celebrados em 25 de julho

 

O Espaço da Mulher Mesquitense sediou, em 24 de julho, o workshop “Desigualdades estruturais e o acesso aos direitos reprodutivos”, em alusão ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e ao Dia Nacional de Tereza de Benguela, comemorados em 25 de julho. A ação, que compõe a campanha “SUAS sem Racismo”, que visa discutir questões e dimensões do racismo, integra a iniciativa da Educação Permanente do município, que tem como objetivo promover aos profissionais associados ao Sistema Único de Assistência Social um aprendizado e desenvolvimento profissional constante, por meio de qualificações e dinâmicas que proporcionem melhorias nas condições de serviços e atendimentos prestados à população. Ministrado pela servidora do Ministério da Saúde e mestre em Serviço Social Tatianny Araújo, o evento contou com a presença de profissionais da Assistência Social do município e alunas do espaço.

 

“Nós, da Assistência, temos a responsabilidade de oferecer um atendimento mais humanizado, eficaz e acolhedor. E é aí que a Educação Permanente entra. A Educação Permanente se propõe a ir além da capacitação técnica. É um processo de desconstrução e construção de valores e saberes que contribui para que possamos refletir e obter conhecimentos que se ampliam para além da nossa área, o que nos possibilita contribuir para a formação de uma sociedade mais justa, equitativa e inclusiva”, explica Carla Ramos, assistente social e responsável pelo setor de Gestão do Trabalho e Educação Permanente da Subsecretaria Municipal de Assistência Social.

 

A atividade teve início com uma contextualização sobre o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e o Dia Nacional de Tereza de Benguela, com reflexões sobre a história da data e a luta que ela representa.

 

“Estar aqui, em um espaço destinado às mulheres, falando sobre desigualdades estruturais e acesso aos direitos reprodutivos, na véspera do 25 de julho, é algo muito simbólico, já que é uma data que carrega muitas histórias. Quando falamos de desigualdades estruturais, estamos falando de como o racismo, o machismo e tantas outras violências atravessam o acesso aos nossos direitos, especialmente os reprodutivos. Isso se estende até 2025, influenciando a forma como garantimos o acesso às políticas públicas. Direitos que deveriam ser garantidos, mas que, na prática, são negados todos os dias às mulheres negras, periféricas, indígenas, trans, às pessoas com capacidade de gestar. E é por isso que espaços como esse são tão importantes pra gente se ouvir, se fortalecer e criar caminhos possíveis a partir da realidade de cada uma, lutando por uma sociedade mais justa”, declara a  servidora federal Tatianny Araújo.

A partir de um panorama histórico sobre o período escravocrata, o workshop abordou problemáticas de como o racismo estrutural e institucional, presentes na sociedade, influenciam na diferença de tratamento conforme a racialidade e as desigualdades sociais na promoção de acesso a direitos básicos. Outro ponto destacado na capacitação tratou do conceito de justiça reprodutiva e o acesso de mulheres, especialmente mulheres negras e pessoas com capacidade de gestar, aos serviços essenciais, com ênfase no campo da saúde. A atividade também tratou da importância de um atendimento mais humanizado e acolhedor à população, com mais escuta ativa às necessidades da comunidade como um todo. Com citação a mulheres que inspiraram a discussão dos conceitos de injustiça reprodutiva, a ação enfatizou a relevância do entendimento dos direitos reprodutivos para além do planejamento familiar, contemplando a autonomia sobre o próprio corpo e o respeito às diferentes identidades de gênero.

“Construir políticas públicas para mulheres é, antes de tudo, escutar o território. É reconhecer as realidades que atravessam a vida das mulheres mesquitenses e transformar essa escuta em ação concreta. O workshop de hoje é um exemplo de como a política pública pode e deve estar conectada com as lutas históricas das mulheres. Além disso, é também uma demonstração de que não só a Assistência Social, mas toda Mesquita está comprometida com a construção de uma cidade mais justa, onde todas possam viver com liberdade, respeito e voz”, comenta a gestora do Espaço da Mulher Mesquitense e coordenadora municipal de Políticas Públicas para mulheres, Silvania de Almeida.

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