20 de novembro de 2025
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COP30: Lula pede prioridade para abandono de energias fósseis

Conferência encerra oficialmente na sexta-feira (21)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deixou claro nesta quarta-feira (19) que o abandono das energias fósseis deve ser a prioridade da COP30, mas pontuou que cada país deve poder fazê-lo no seu ritmo, na reta final das negociações em Belém.
O Brasil quer a todo custo que a primeira COP realizada na Amazônia seja um sucesso, e a flexibilidade é um componente imprescindível nas negociações climáticas.
Lula retornou à COP30 para dar um empurrão nas negociações. Ele defendeu que “cada país seja dono de determinar o que pode fazer dentro do seu tempo, das suas possibilidades”, para abandonar as energias fósseis.
Os quase 200 países-membros da COP anunciaram há dois anos que seu objetivo era fazer uma transição para o abandono desses combustíveis emissores de gases do efeito estufa. Agora, mais de 80 países formam uma aliança cada vez mais poderosa, que exige um mapa do caminho, com prazos e pautas, para virar essa página.
Esse mapa é motivo de uma das discussões mais calorosas em Belém, e países produtores, como a Arábia Saudita, não querem ceder mais espaço. “A gente precisa mostrar para a sociedade que nós queremos” deixar essas energias, disse Lula, que governa o oitavo maior produtor mundial de petróleo.
O presidente brasileiro disse que espera “algum dia” poder convencer o colega Donald Trump do perigo representado pelas mudanças climáticas, e se mostrou feliz com o avanço das negociações.
“O presidente Lula falou como se a COP já tivesse terminado, mas não é assim. Precisamos ver todo esse otimismo refletido no texto final”, reagiu a organização ambientalista Greenpeace.
O Brasil também anunciou que a Alemanha vai investir € 1 bilhão em outra iniciativa brasileira lançada na COP30, o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF).
Reclusa o dia inteiro
A presidência brasileira da conferência permaneceu reclusa o dia inteiro, para trabalhar em um novo rascunho do acordo, que deve ser divulgado na quinta-feira (20). A COP30 encerra oficialmente seus trabalhos na noite de sexta (21).
A estratégia é aprovar primeiramente um texto mais político e complexo, batizado de “Mutirão mundial”, em alusão a um termo indígena que significa discussão em comum, e depois votar o restante das medidas no final.
Na terça-feira, a proposta inicial, com as principais aspirações políticas da COP30, foi recebida com critérios divergentes, algo comum nas negociações climáticas da ONU, em que tudo deve ser adotado por consenso.
Além do possível mapa do caminho para o abandono dos combustíveis fósseis, os outros pontos controversos são como financiar a adaptação às mudanças climáticas e uma possível menção às medidas comerciais unilaterais, um tema que aborrece particularmente a União Europeia (UE).
O bloco tem uma medida ambiental conhecida como “imposto sobre o carbono”, que a maioria dos países considera uma barreira comercial unilateral. O argumento dos europeus é que permitir a entrada de produtos que não atendem aos padrões ambientais da UE representa uma concorrência desleal.
“Deve haver uma menção, porque [essas medidas] se tornam um obstáculo ao invés de algo possibilitador”, declarou à AFP a ministra mexicana do Meio Ambiente, Alicia Bárcena.
A UE avisou que não está disposta a abrir novamente a discussão sobre o financiamento da luta climática. No ano passado, a COP29 aprovou triplicar esse financiamento para 1,3 trilhão de dólares (R$ 6,9 trilhões) em 2035, e, agora, os países em desenvolvimento querem discutir a composição exata deste montante e reequilibrá-la.
Mais de 64% do dinheiro investido anualmente no mundo contra as mudanças climáticas serve para mitigar seus efeitos, e 19% para se adaptar a eles.
“Mais do que reabrir, temos que repensar todo esse montante global de 1,3 trilhão [de dólares]. Como conseguimos que não só a parte pública seja a protagonista, mas como alavancamos tanto o financiamento privado quanto os diferentes bancos multilaterais”, explicou a jornalistas a ministra espanhola de Transição Ecológica, Sara Aagesen.

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