Caso brigadeirão: acusadas por morte de empresário ficam em silêncio durante audiência
As duas mulheres acusadas pela morte do empresário Luiz Marcelo Ormond, em 2024, optaram por permanecer em silêncio durante a audiência de instrução e julgamento realizada nesta segunda-feira na 4ª Vara Criminal da Capital. De acordo com a denúncia do Ministério Público, a vítima comeu um brigadeirão envenenado pela namorada, Júlia Cathermol, a mando da cigana Suyany Breschak. Ambas estão presas desde o ano passado e respondem pelo crime de homicídio triplamente qualificado.
Na sessão presidida pela juíza Lúcia Mothe Glioche foram ouvidas, ainda, as duas últimas testemunhas requeridas pelas defesas das rés: os peritos da Polícia Civil, Luís Henrique de Almeida Zanini e Leonardo Rabello Carneiro de Mesquita. Ao final da audiência, os advogados desistiram dos demais depoimentos.
A fase de instrução agora aguarda a conclusão das diligências requeridas, para juntada das documentações. Em seguida, serão abertos prazos para manifestações do Ministério Público e das defesas.
Audiências anteriores
A penúltima sessão ocorreu em junho, quando houve depoimentos de amigos da vítima, um perito da Polícia Civil e um ex-namorado de Júlia. A mãe e o padrastro dela também estavam presentes, mas preferiram não falar. Em maio, outras nove pessoas já haviam sido ouvidas.
No inicio de abril, a primeira audiência do caso foi interrompida porque as rés não compareceram ao Tribunal de Justiça. Na ocasião, a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) citou um atraso na chegada de Júlia e Suyany, que já estavam no prédio do TJRJ quando a audiência acabou sendo suspensa. O motivo da chegada além do horário não foi explicado. Na sessão, somente o delegado Marcos André Buss, então titular da delegacia que investigou o caso, prestou depoimento.
Relembre o caso
Segundo as investigações da Polícia Civil, Luiz Marcelo morreu envenenado após comer um brigadeirão feito por Júlia, sua namorada. A apuração da 25ª DP (Engenho Novo) identificou que o crime teve motivação financeira, já que a acusada tinha uma dívida de R$ 600 mil com a cigana Suyany Breschak, por trabalhos espirituais.
A investigação apontou que Júlia deu um brigadeirão com 50 comprimidos moídos de Dimorf de 30mg, um remédio controlado, para o homem. Imagens do circuito interno de segurança do prédio onde o empresário morava, no Engenho Novo, Zona Norte, mostram, no dia 17 de maio, ele sonolento ao conversar com a namorada, o que para a polícia significou que ele já tinha sido envenenado. Exames feitos pelo Instituto Médico Legal (IML) confirmaram a presença de morfina e outras substâncias no corpo da vítima.
A polícia apontou ainda que Suyany, considerada a mandante do crime, foi beneficiária de todos os bens furtados do empresário e recebeu o carro dele como parte do pagamento da dívida. O veículo da vítima foi encontrado em Cabo Frio, na Região dos Lagos, após ter sido vendido por R$ 75 mil, e recuperado, junto com outros bens. O homem que dirigia o veículo foi preso por receptação. Com ele, os agentes localizaram o celular e o computador da vítima.
Júlia, que está presa desde o dia 5 de junho, responde pelos crimes de homicídio por motivo torpe com emprego de veneno e com uso de traição ou emboscada, por estelionato, associação criminosa, falsidade ideológica, fraude processual e uso de documento falso. Ela também foi indiciada por se apropriar dos bens do empresário e por vender suar armas.
Suyany, presa desde o dia 28 de maio, responde pelos mesmos crimes da psicóloga, menos o uso de documentos falsos. Considerada a mandante do assassinato, a cigana teria instruído Júlia a ministrar o medicamento, além de ter descoberto como adquirir os comprimidos inseridos no brigadeirão.