Casa Pacheco Leão, no Jardim Botânico do Rio, é reaberta com exposição sobre rota do chá nesta quinta (21/11)
Cariocas e turistas ganham mais uma opção cultural. A partir desta quinta-feira (21/11), a Casa Pacheco Leão, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, estará aberta ao público, com a exposição inédita “Rota do Chá – Botânica, Cultura e Tradição”. A restauração de um dos mais emblemáticos prédios históricos da instituição foi finalizada em outubro passado.
A Casa terá entrada gratuita, mediante retirada de ingresso no site jbrj.eleventickets.com. O funcionamento será de quinta a terça-feira, das 10h às 17h. A entrega do imóvel e a exposição fazem parte das ações em comemoração aos 50 anos de relações diplomáticas entre o Brasil e a China
Com investimento de R$ 2,7 milhões, aprovados pelo Ministério da Cultura através da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), patrocínio da State Grid Brazil Holding e do Banco BOCOM BBM, o projeto tem como objetivo a reforma e manutenção do imóvel histórico, onde serão realizadas atividades culturais abertas ao público.
Para Sergio Besserman Vianna, o Jardim Botânico do Rio ganhou dois presentes, a escolha como local para a celebração dos 50 anos das relações diplomáticas Brasil-China e a restauração da Casa como símbolo do desenvolvimento da ciência botânica no Brasil e na China em prol da conservação da biodiversidade e do enfrentamento à emergência climática.
– O primoroso restauro da Casa Pacheco Leão devolve à sociedade mais um importante patrimônio histórico-cultural do país. O projeto traz a integração entre a ciência botânica, a história e a cultura, que traduz, na prática, a missão do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, a de fazer e difundir pesquisas científicas, visando à conservação da biodiversidade. Além disso, a Casa vai ampliar, com arte e excelência, a experiência de visitação, aproximando o público da ciência e história botânica por meio da planta do chá – ressalta o presidente do JBRJ, agradecendo ao Ministério da Cultura por ter viabilizado o projeto, às empresas patrocinadoras, ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e ao curador da exposição, Alexandre Murucci.
Reforma e melhorias na Casa Pacheco Leão
Fechada há cerca de oito anos, a casa, onde residiu o médico Antônio Pacheco Leão, diretor do Jardim Botânico de 1915 a 1931, passou por obras de manutenção e restauração durante seis meses. Com dois andares, dez salas, quatro banheiros e copa, o imóvel, em estilo eclético, teve as cores originais de suas paredes retomadas em várias tonalidades, assim como as janelas, portas externas e guarda-corpos azuis e as esquadrias internas verdes.
Outras relíquias recuperadas são as pinturas artísticas nas paredes, a escada e o piso original. O imóvel recebeu ainda um elevador e banheiros com acessibilidade. Todo o processo foi autorizado e acompanhado pelo Iphan.
– Esta casa foi um ponto de encontro para grandes cientistas, como Adolpho Ducke, João Geraldo Kuhlmann, Alexandre Curt Brade e Alberto Löfgren. É fascinante ver esse lugar, que preserva tantos detalhes originais, reaberto para o público. Agora, todos poderão explorar o universo de um homem que dedicou sua vida ao estudo e à preservação da flora nacional – avalia a superintendente do Iphan no Rio de Janeiro, Patrícia Wanzeller.
Uma das atrações do corredor cultural do Jardim Botânico, além de moradia, o espaço já foi utilizado como laboratórios de pesquisa e, durante alguns anos, o Núcleo de Educação Ambiental do JBRJ.
Exposição Rota do Chá – Botânica, Cultura e Tradição: Imersiva e multissensorial
A exposição “Rota do Chá – Botânica, Cultura e Tradição”, com investimento de cerca de R$ 1,4 milhão, foi organizada pela Dellarte Soluções Culturais, com a curadoria de Alexandre Murucci, e traça a história do chá desde suas origens ancestrais na China até sua disseminação global, com destaque para os rituais, as artes e a evolução social, associados à sua produção e consumo. A programação inclui apresentações musicais, palestras e workshops, e terá entrada gratuita. O objetivo é que o público faça uma imersão sobre a rica tapeçaria cultural do chá, explorando suas origens, sua jornada global e seu papel na construção de conexões entre diferentes culturas, especialmente entre Brasil e China.
O Jardim Botânico do Rio faz parte dessa história, por ser o primeiro lugar no Brasil onde foi introduzido o cultivo da planta do chá (Camellia sinensis (L.) Kuntze), por chineses trazidos pela coroa portuguesa especialmente para esse trabalho, no início do século XIX. O militar naturalista João Gomes da Silveira Mendonça estava à frente do Jardim Botânico entre 1809 e 1823, quando os chineses chegaram ao Brasil e iniciaram o cultivo. Seu sucessor Frei Leandro do Sacramento foi pioneiro no estudo e publicação sobre a cultura do chá no país.
Bebida consumida mundialmente
O chá, além de ser uma bebida consumida mundialmente, carrega consigo milênios de história, tradições e rituais que transcendem fronteiras. É uma representação líquida de culturas de diversos povos e épocas. Ao focar na história do chá, o projeto enfatiza não apenas a importância da bebida, mas também as múltiplas histórias e interações culturais que ela inspirou ao longo dos séculos. O projeto se posiciona como uma experiência inovadora, alinhado às tendências globais de museologia e educação patrimonial, reforçando o compromisso do país com a preservação e promoção da cultura em suas múltiplas facetas.
A cerimônia de inauguração
A cerimônia de inauguração da Casa Pacheco Leão aconteceu no último sábado (16), e contou com a presença da ministra da Cultura, Margareth Menezes, o embaixador da China no Brasil, Zhu Qing Qiao, o presidente do JBRJ, Sergio Besserman Vianna, além do vice-presidente da State Grid Corporation of China, Jin Vei, o chairman da State Grid Brasil Holding, Sun Tao, e o CEO do banco BOCOM BBM, Pedro Henrique Mariani, patrocinadoras do projeto.
A ministra Margareth Menezes afirmou que a reabertura da Casa Pacheco Leão representa um compromisso com a ciência, a cultura, a educação e o meio ambiente, e uma oportunidade para uma parceria internacional mais fraterna e justa.
– A reabertura da Casa e a exposição demonstram a importância da Lei Rouanet para a cultura e o povo brasileiro, e reforçam a importância das parcerias – destacou a ministra.
O embaixador da China no Brasil lembrou que o ideograma da palavra chá em seu idioma remete à convivência harmoniosa entre as pessoas e a natureza. Ele afirmou que a vinda do presidente da China Xi Jinping ao Brasil para o G20 representará um marco nas relações entre os dois países. “O que se semeia é a esperança, o que se colhe é alegria e o que se aprecia é a amizade”, disse Zhu Qing Qiao.
Também estiveram presentes na cerimônia o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, a secretária de Cultura do Estado do Rio de Janeiro, Daniele Barros, e o reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Roberto Medronho, entre outros.
50 anos da relação Brasil-China e preservação da cultura
A relação comercial entre Brasil e China tem sido bem-sucedida ao longo das últimas décadas, com a China se consolidando como o maior parceiro comercial do Brasil desde 2009. Além das relações diplomáticas, ambos países se beneficiam com projetos de parcerias realizadas entre empresas privadas, como a restauração da Casa Pacheco Leão, viabilizada pelo patrocínio da State Grid e do Banco BOCOM BBM. Os jardins da Casa, inclusive, durante a vigência do acordo de cooperação, terão o simbolismo representativo da amizade entre os países.
Sun Tao, chairman da State Grid Brazil Holding, ressaltou:
– Esse é mais um importante marco em nossa contribuição para a celebração dos 50 anos de amizade e parceria entre Brasil e China. A entrega da Casa Pacheco Leão totalmente restaurada é uma forma de reforçarmos a relevância que damos à preservação da História e da cultura do país. Temos orgulho de proporcionar essa experiência a todos os visitantes do Jardim Botânico – destacou Sun Tao, chairman da State Grid Brazil Holding.
O presidente-executivo do BOCOM BBM, Alexandre Lowenkron, acrescentou:
– Nossa trajetória começou com a junção de duas instituições financeiras com longas histórias na China e no Brasil, e hoje estamos orgulhosos de apoiar esse projeto de conservação cultural e preservação, além de trazer a história do chá, tão importante para ambos os países, em celebração os 50 anos de relações entre Brasil e China, com a entrega de um legado para o Rio de Janeiro – disse Alexandre Lowenkron, presidente-executivo do BOCOM BBM.