Brasileiros resgatados em Israel desembarcam no Rio após pouso em Brasília
Os primeiros 40 brasileiros vindos de Israel em um jato da Força Aérea Brasileira desembarcaram na Base Aérea do Galeão, na Ilha do Governador, na manhã desta quarta-feira (11), após o pouso em Brasília durante a madrugada. O grupo ajoelhou na pista ao lado da aeronave e juntos seguraram uma bandeira do Brasil. Às 9h20, um segundo voo aterrissou.
As testemunhas da guerra agradeceram e demonstraram a sensação de alívio durante o desembarque no aeroporto. Em meio ao choro, o grupo relatou a tensão e momentos angustiantes vividos nos últimos dias em Israel, com o zunido de mísseis e toque de sirenes.
O primeiro avião de resgate trazendo brasileiros de Israel pousou em Brasília por volta das 4h10 desta quarta-feira (11). A aeronave KC-30 da Força Aérea Brasileira (FAB), com 211 passageiros, decolou de Tel Aviv às 14h12 (horário de Brasília) de ontem (10) e fez voo de cerca de 14 horas direto para a capital federal. Do total, 107 passageiros desembarcaram em Brasília e 104 seguiram para o Rio em dois aviões da FAB.
Moradora de Icaraí, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, a sargento da Força Aérea Brasileira (FAB), Aline Elhage, de 32 anos, estava em Israel com uma amiga a passeio e afirmou se sentir grata por estar viva e em casa. “É uma vivência muito grande, eu só tenho a agradecer. Eu ‘tava’ muito preocupada com o meu pai, que é hipertenso. Não queria que essa notícia chegasse a ele e ele só soube agora sobre a guerra, pedi a Deus para fechar os olhos e ouvidos dele. Agora, que ele ‘tá’ sabendo, ele ‘tá’ muito emocionado. Eu sempre tentei passar tranquilidade para a minha família”, contou.
Aline esteve na Palestina na sexta-feira (6) e no dia seguinte, quando iniciaram os bombardeios, estava se preparando para um passeio no Mar Morto. “Eu só aproveite a cidade dois dias e no terceiro, nós íamos fazer um passeio no Mar Morto, foi quando tudo começou. O passeio atrasou e ninguém entendeu nada, nós começamos a ouvir os bombardeios. Se tivéssemos saído cedo para esse passeio, estaríamos na linha de frente porque tudo começou onde iríamos”, explicou.
Já Virginia Salomé estava no aeroporto do Galeão aguardando a irmã que estava em uma excursão evangélica em Israel há uma semana. “A família toda estava em pânico porque a cada dia que passa é uma novidade estrondosa. Então, agora a gente está aliviado. Ela não relatou ter passado sufoco, ficou tentando acalmar a gente o tempo todo”, afirmou.
Virginia contou que não vai conseguir segurar as emoções quando encontrar a irmã, que considera uma filha. “Eu vou desmaiar quando encontrar ela, porque ela é como uma filha. Quando soube que ela embarcaria, fiquei muito feliz e aliviada porque, até então, ‘tava’ triste sem saber o que poderia acontecer”, disse.
O segundo voo com brasileiros aterrissou às 9h20. Os passageiros desembarcaram e estenderam bandeiras do Brasil e de Israel. Acompanhada de uma amiga, a curitibana que mora na Suíça, Roseane Benner, viajava pela primeira vez ao país do Oriente Médio. “Cheguei no Egito dia 2 e fui para Israel no sábado (7) a noite, quando começou tudo. Lá a gente ficou meio por fora das coisas, eu não vi muitas coisas, apenas as sirenes. Em relação à bombas e explosões, não vi nada. A gente só viu a gravidade mesmo quando começou a ver as reportagens, a experiência é traumatizante”, explicou
Bruna Valeanu, brasileira que estava desaparecida em Israel, teve a morte confirmada nesta terça-feira (10). A estudante estava na festa rave Universo Paralello com amigos quando terroristas do Hamas chegaram e iniciaram o ataque. A morte de Ranani Nidejelski Glazer, que estava na mesma rave já havia sido confirmada. A carioca Karla Stelzer Mendes, de 41 anos, continua desaparecida. Ela também participava da rave Universo Paralello.
O governo federal mobilizou a repatriação dos brasileiros devido ao confronto iniciado no último fim de semana entre Israel e o grupo Hamas, no Oriente Médio. Estão previstos mais quatro voos até domingo (15) na chamada Operação Voltando em Paz, coordenada pelos ministérios da Defesa e das Relações Exteriores. Neste primeiro momento, a estimativa é retirar 900 brasileiros que estão em Israel e na Palestina.