Brasil espera permitir, em um mês, exportações em moeda chinesa para a Argentina
Caso a Argentina aceite a proposta brasileira, o governo Lula acredita que será possível iniciar em no máximo 30 dias o processo que permitirá ao país vizinho pagar pela compra de produtos do Brasil em yuan, a moeda chinesa. A operação é complexa e passa por uma triangulação que envolve até o Banco do Brasil (BB) em Londres. No fim, os exportadores brasileiro receberiam em reais.
O Brasil tenta desde janeiro encontrar saídas para ampliar as exportações para a Argentina, nosso terceiro principal parceiro comercial e que passa por uma grave crise financeira. A dificuldade maior decorre da falta de dólares no mercado argentino para pagar pelos produtos brasileiros.
Autoridades brasileiras garantem que o modelo em negociação não oferece riscos ao Tesouro e nem ao BB.
O desenho envolve uma série de etapas. Na primeira delas, a União financia importadores argentinos por meio do Programa de Financiamento às Exportações (Proex), linha que já existe desde a década de 1990. O programa financia importadores interessados em comprar produtos brasileiros e é operado pelo BB.
Neste ano, a medida envolveria R$ 700 milhões, já previstos no Orçamento de 2023. O problema nesse caso é como oferecer as garantias para evitar calote. Normalmente, as operações são em dólar e a garantia também. Para contornar esse problema, as garantias serão feitas em real.
Tanto o processo de pagamento pelos importadores argentinos quanto o pagamento das garantias serão feitos em yuan ao BB. Nesse modelo, o Banco do Brasil em Londres converte yuan em dólar e, depois, em reais. Na sequência, envia o dinheiro ao Brasil.
O BB é o responsável pela operação porque já opera o Proex. E Londres é o local em que há liquidez para a converter as moedas.