Autópsias de vítimas de seita evangélica no Quênia revelam ausência de órgãos e ‘tráfico bem coordenado’
Autópsias realizadas sobre corpos encontrados numa floresta no sudeste do Quênia — onde membros de uma seita evangélica se reuniam — revelaram ausência de órgãos, segundo um documento judicial divulgado nesta terça-feira pela AFP, que também aponta indícios de tráfico.
“Laudos de autópsia revelaram que faltavam órgãos em alguns corpos das vítimas que foram exumados até agora”, indica o documento, com data de segunda-feira. O texto também menciona “tráfico de órgãos humanos bem coordenado que envolve vários atores”.
Mais de cem corpos, em sua maioria de crianças, foram descobertos em abril na floresta de Shakahola, onde se concentravam os fiéis de uma seita que recomendava o jejum extremo para “conhecer Jesus”. A floresta de 325 hectares fica próxima da cidade costeira de Malindi, e investigadores estão em busca de valas comuns. De acordo com a Cruz Vermelha queniana, 212 pessoas foram registradas como desaparecidas.
A descoberta dos corpos provocou sentimentos de horror, indignação e incompreensão no país da África Oriental, de cerca de 50 milhões de habitantes e mais de 4 mil igrejas registradas, segundo o governo. O presidente William Ruto prometeu agir contra aqueles que “usam a religião para promover uma ideologia obscura e inaceitável” e os comparou a “terroristas”.
De acordo com as autópsias realizadas sobre 112 corpos, a maioria das vítimas morreram de fome, após ter supostamente seguido os conselhos de Paul Nthenge Mackenzie, um autoproclamado pastor da Igreja Internacional das Boas Novas.
Algumas das vítimas, no entanto, foram estranguladas, golpeadas e afogadas, indicou na semana passada o responsável pelas operações de autópsia, o médico Johansen Oduor.