27 de agosto de 2025
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Árvore cai no Leme, destrói muro de conjunto arquitetônico tombado e danifica nove carros

Mais de vinte dias após vir abaixo, a enorme figueira ainda chama a atenção de quem passa pela calçada de um dos pontos mais preservados do Leme, na zona Sul da cidade. No local, que serve de rara lembrança dos primórdios do bairro, antes da chegada dos grandes edifícios residenciais, fica o conjunto arquitetônico — tombado pelo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH)— formado pela Igreja Nossa Senhora do Rosário, o convento São Tomás de Aquino dos frades dominicanos da Ordem dos Pregadores e o casarão em estilo eclético, da segunda metade do século XIX, onde funcionou, por décadas, a Escola Integrada do Leme.

A árvore, fincada no terreno do casarão, caiu por volta das 23h30 de 27 de maio. Nessa data, a previsão divulgada pelo Centro de Operações da prefeitura falava em ventos fracos a moderados, sem chuva.

— Não precisou ventar muito forte, não. Aquilo era, como se diz, uma tragédia anunciada. A gente sempre tinha medo que algo dessa natureza viesse a acontecer — disse uma funcionária da igreja vizinha que pediu para não ser identificada

Por sorte, os prejuízos foram apenas materiais. Ao todo, nove carros estacionados no entorno foram danificados. Um deles, um Citroën Aircross branco, continua estacionado em frente à igreja. O estado do teto do automóvel, completamente amassado, dá uma dimensão da força do impacto. Dentro do terreno, parte do muro veio abaixo juntamente com a grade de proteção, resumida a mero ferro retorcido. Houve danos também no portão frontal do convento.

Os responsáveis pela igreja reclamam que os proprietários do imóvel vizinho até agora não entraram em contato para tratar dos reparos necessários. No casarão tombado, atualmente funciona uma espécie de sede administrativa de um estacionamento operado pela Estapar que ocupa o edifício garagem de quatro andares, com vaga para cerca de 150 carros, construído nos fundos da antiga escola. Em nota, a Estapar informou que a “empresa é apenas locatária do espaço”.

De acordo com José Paskim, administrador do imóvel — que tem 230 metros quadrados construídos e está no mercado para aluguel por R$ 20 mil — os proprietários solicitaram a remoção da árvore à prefeitura há mais de dez anos, mas o pedido foi negado. Quanto à retirada completa do tronco caído, ele diz, sem estipular prazo, que será providenciada em breve.

— Estávamos aguardando a perícia do seguro, que já foi feita. Agora providenciaremos a remoção e os reparos — assegura Paskim.

Na página “Escola Integrada do Leme”, que reúne ex-alunos e ex-professores da tradicional instituição, uma postagem feita na última segunda-feira lamenta na legenda de uma foto que mostra a árvore com raízes para cima: “ é a realidade da nossa Escola Integrada do Leme hoje. Ela está em ruínas, com infiltrações e cupins. E quem sabe, até quando teremos a chance de fazer aquela foto com todos nós?”

O pedaço de árvore que pendeu para fora do terreno foi retirado na madrugada do dia 28 de maio, pela Comlurb, horas depois da queda.

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