Após tumulto, acesso a prédio desocupado no Centro do Rio é fechado
Policiamento segue reforçado na manhã desta segunda-feira (8)
O acesso ao prédio desocupado na Avenida Venezuela, no Centro, foi fechado com tijolos na manhã desta segunda-feira (8). A medida ocorre um dia após uma confusão envolvendo deputados durante um protesto contra o despejo de famílias do local. O policiamento segue reforçado na região, com a presença de viaturas da PM e da Guarda Municipal.
A área possui prédios interligados, com edifícios pertencentes à União. No entanto, a parte ocupada é de uma empresa privada, que destinou o imóvel à prefeitura do Rio para a construção do Centro Cultural Rio África.
O prédio que estava abandonado era ocupado por cerca de 120 famílias sem-teto da Ocupação Luísa Mahin – Palestina Livre.
Durante a ação de desocupação, que aconteceu na manhã de domingo (7), policiais militares, agentes da Secretaria de Ordem Pública (Seop) e da Guarda Municipal do Rio (GM-Rio) usaram gás de pimenta para dispersar os ocupantes e manifestantes após um tumulto dentro do prédio.
Os deputados Professor Josemar e Tarcísio Motta, ambos do Psol, estiveram no local e acusaram os agentes de agressão. Eles afirmam que defendiam os direitos das famílias quando foram abordados e que o prédio pertence integralmente à União.
Vídeos mostram os parlamentares tentando atravessar um cordão de isolamento e sendo contidos pelos agentes. Em meio à discussão, um guarda dispara gás de pimenta contra os dois. Outro registro flagrou o momento em que os ocupantes foram retirados do prédio sob protestos de manifestantes do lado de fora.
Nas redes sociais, o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas emitiu um comunicado destacando o caso como “despejo violento, ato criminoso, autoritário e profundamente fascista”.
Ainda segundo o movimento, mais de 18 pessoas acabaram hospitalizadas, incluindo famílias, crianças e idosos. “Esse tipo de ação não pode ser normalizada. Despejo sem decisão judicial é ilegal, covarde. Despejo sem alternativa habitacional é desumano, violento, é crime. O povo do Rio não precisa de mais cassetete, gás e hospitalização. Precisa de moradia, diálogo e respeito à lei que eles mesmos escolheram ignorar”, disse.
Já o deputado federal Tarcísio Motta classificou a operação como “violação muito grave dos direitos humanos” e uma “ilegalidade”. De acordo com ele, não havia ordem judicial de despejo. “As famílias ocuparam o prédio por volta de 5h. Portanto, não se sustenta essa questão de ação imediata que o Governo do Rio e, principalmente, a prefeitura estão alegando”, explicou,
O deputado estadual, professor Josemar, ressaltou que registraram a ocorrência na Polícia Civil. “A política do Cláudio Castro e a guarda municipal do Eduardo Paes impediu o nosso direito de fiscalizar a ação e acompanhar com segurança as famílias ali presentes. Fizemos nossa denúncia e exigimos que a justiça seja feita”, relatou.
O que diz a prefeitura?