15 de outubro de 2025
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Detonautas comemora 20 anos de carreira com gravação de DVD no Rio: ‘Focar no que a gente tem de melhor’

A banda Detonautas se apresenta no palco do Teatro Riachuelo Rio, no Centro da cidade, com a gravação do novo DVD acústico em comemoração pelos 20 anos de carreira. Conhecido por hits como “O Dia Que Não Terminou” e “Quando o Sol Se For”, o grupo fundado pelo vocalista Tico Santa Cruz inicia o ano de 2023 em uma fase de transição, com planos de encontrar os fãs ao redor do Brasil com uma nova turnê.

“Esse é um álbum onde a gente tenta condensar uma história que tem muita história”, brinca o cantor de 45 anos sobre o produção, na companhia dos guitarristas Renato Rocha e Phil Machado, do baterista Fábio Brasil, e do baixista André Macca. “Muitos altos e baixos, mas muitas vitórias também, momentos de superação… Tudo isso consta quando a gente vai olhar a biografia da banda e entender a relevância diante de tantas adversidades e também de tantos momentos importantes. O rock no Brasil é um estilo que passa por inúmeras fases, alguns momentos de protagonismo e outros dentro de nichos, de guetos, que fazem com que só quem realmente tem um legado e consistência consiga sobreviver”, afirma.

Depois de dominarem festivais como o Rock in Rio e o Lollapalooza, o conjunto faz sua própria homenagem ao rock nacional dos anos 2000 com a parceria com Badauí, do CPM 22, Lucas Silveira, do Fresno, e Di Ferrero, que se prepara para retomar as atividades com a NX Zero. “Colocá-los ali no palco junto com a gente é uma forma de mostrar aos fãs que é uma geração relevante para o rock, que tem uma história pra ser contada. São nossos contemporâneos, a gente tem um grande respeito por eles”, afirma Tico.

O projeto remete ao primeiro álbum acústico gravado pelo Detonautas, em 2010, e deveria ter sido lançado em há dois anos, mas os planos foram interrompidos pela pandemia da covid-19. Mesmo com o longo período para preparar o repertório do lançamento, o vocalista admite que “não foi uma tarefa fácil”: “Muitas músicas ficaram de fora. São músicas que os fãs gostam e que não tem como incluir, muitas vezes, porque você tem que contar uma história e essa história tem que estar, de alguma maneira, conectada com a possibilidade de você ter um trabalho comercialmente viável”, explica ele.

“Mas a gente está muito feliz com o resultado das 22 músicas que estamos gravando. Mais da metade delas não está no primeiro ‘Acústico’, são músicas que vem de 2010 pra frente, ou que não tiveram tanta atenção em trabalhos anteriores. Então, é um disco lindo com climas e nuances muito legais durante o show, e que conta essa história. Além de ter uma música inédita e (outras) duas que eu garimpei junto com a banda pra que a gente pudesse falar de amigos e novos compositores nessa nova fase”, completa.

Posicionamento político

Anteriormente conhecida como Detonautas Roque Clube, a banda foi fundada por Tico Santa Cruz e o baixista Tchello, que deixou o grupo em 2014. A dupla se conheceu em uma sala de bate-papo virtual, em 1997, e foi o nome de usuário do vocalista no chat que serviu de inspiração para o nome e a atitude do grupo: a junção de “detonadores” e “internautas”. Desde a formação, os roqueiros se destacaram pelas letras que abordam assuntos relevantes nos debates sobre política e sociedade, como lembra Tico ao citar canções como “Ladrão de Gravata” e “O Bem e o Mal”, ambas de 2002.

“A gente sempre tocou nesses assuntos sociopolíticos e que são fundamentais, na minha opinião, pra que você possa usar o seu espaço pra trazer algum debate ou reflexão pra sociedade”, diz o cantor, que também enfatiza a separação entre seus próprios posicionamentos e a opinião da banda. “A minha figura, que tem uma tendência a gostar do debate, acabou ganhando, em alguns momentos, um protagonismo que pode ter prejudicado a banda. Porque as pessoas confundiram as minhas posições com as posições do Detonautas. E o Brasil é um país que não sabe lidar muito bem ainda com a questão da democracia”, opina o artista, que ainda relembra o atendado golpista em Brasília que aconteceu no dia 8 de janeiro.

Tico descarta o envolvimento da banda com polêmicas no futuro e afirma que a manifestação política de artistas deve ser encarada como “uma escolha”: “Ter responsabilidade com questões sociais e políticas é parte de um privilégio que a gente tem de poder viver de música, de desfrutar do que uma grande maioria do povo brasileiro não desfruta. Mas é preciso saber como equalizar isso pra não prejudicar nenhum trabalho e nem prejudicar o diálogo com as pessoas. E, talvez, nesse momento eu esteja mais preparado para fazer isso, embora o Detonautas esteja completamente focado apenas na música”, frisa o artista.

Planos para 2023

E é com esta dedicação integral à música que a banda Detonautas pretende sair em turnê nacional em 2023, além de cumprir com a agenda de shows, que inclui a participação no 2000 Rock Fest, em abril, no estádio Mineirão, em Belo Horizonte. “Colocar uma turnê como essa na estrada não é fácil, né? Então, eu imagino que 2023 vai ser um ano de transição, pra que a gente consiga colocar essa turnê pra rodar o Brasil e continuar, em 2024”, adianta Santa Cruz.

“O nosso foco agora é integralmente no ‘Acústico’. A gente tem alguns shows elétricos na nossa agenda, mas a missão agora é conseguir fazer essa transição pra conquistar o espaço que o Detonautas almeja diante dos grandes nomes da música brasileira, e apresentar a nossa música como foco principal. Sair um pouco dos debates que estavam, de certa forma, atravancando o caminho do Detonautas. Focar no que a gente tem de melhor e fazer com que o público se conecte com a gente através dessas melodias”, promete.

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