Roupas e violão da artista venezuelana assassinada no AM são encontrados em área de mata
Duas peças de roupas, violão e as rodas da carrocinha da artista venezuelana Julieta Hernández assassinada no Amazonas foram encontradas em área de mata, na manhã desta quarta-feira (10). Segundo a polícia, o suspeito de cometer o crime, Thiago Agles da Silva, mostrou onde estavam os objetos da cicloviajante.
Uma das peças de roupas encontradas foi usada pela suspeita após ter cometido o crime. A mulher chegou a fazer publicações vestida com a roupa da venezuelana nas redes sociais.
Julieta, que se definia nas redes sociais como migrante nômade, palhaça e cicloviajante, tinha o Amazonas como rota para chegar até a Venezuela, mas foi roubada, estuprada e teve o corpo queimado antes de ser morta no interior do estado.
A esposa do suspeito, identificada como Deliomara dos Anjos Santos, também responde pelo crime.
Segundo a polícia, o casal está passando por novo interrogatório nesta quarta (10). Ainda nas primeiras horas da manhã, Thiago levou a polícia ao local onde estavam objetos de Julieta.
O local fica próximo da área onde o corpo da venezuelana foi encontrada há cinco dias atrás. Em um área de mata estavam escondidas duas peças de roupa de Julieta, inclusive um top vermelho em que ela aparece em um vídeo divulgado nas redes sociais, e as duas rodas da carrocinha que era acoplada a traseira da bicicleta da artista.
Ainda no local também foi encontrada a rede da venezuelana.
À Rede Amazônica, o delegado de Polícia Civil de Presidente Figueiredo explicou que o casal está prestando novos depoimentos nesta quarta (10). Thiago ainda está sendo ouvindo e Deliomara deve prestar novo depoimento logo após o marido.
Desaparecimento e investigações
Julieta estava desaparecida desde o dia 23 de dezembro do ano passado, e o Boletim de Ocorrência (BO) foi registrado na quinta-feira (4) na Delegacia Virtual do Amazonas (Devir), e encaminhado à 37ª Delegacia Interativa de Polícia (DIP) de Presidente Figueiredo, cidade onde aconteceu o crime, que iniciou as investigações.
O BO informava que o último contato da vítima com a família teria sido no dia 23 de dezembro, por volta de meia-noite e meia, quando ela teria dito que iria pernoitar em Presidente Figueiredo, e seguiria para Rorainópolis, em Roraima.
De acordo com o delegado, no mesmo dia, um morador localizou partes da bicicleta da vítima e acionou a polícia. Quando a equipe chegou ao local, Thiago tentou fugir, mas foi capturado. Ele e a esposa foram conduzidos à delegacia e entraram em contradição nos depoimentos, e assim confirmaram a autoria do crime.
O que os suspeitos disseram em depoimento
Conforme a polícia, Deliomara confessou que matou a venezuelana, após uma crise de ciúmes. Isso, porque ela prenunciou o companheiro estuprando a vítima depois deles roubarem os pertences dela.
Thiago contou uma versão diferente à polícia. De acordo com o suspeito, a venezuelana e ele usavam drogas, quando a companheira ficou com ciúme, jogou álcool nos dois e ateou fogo.
Ele disse ainda que apagou o fogo do corpo e chegou a procurar um hospital em busca de socorro. No entanto, enquanto isso, a esposa amarrou uma corda no corpo de Julieta, que estava desacordada, arrastou a vítima para uma área de mata e a enterrou.
Como Julieta foi morta
Depois das contradições apresentadas pelos suspeitos, a polícia chegou em uma conclusão de como a artista foi atacada e apresentou a versão em coletiva de imprensa nesta segunda (8).
“A vítima estava dormindo em uma rede na varanda do local, quando Thiago pegou uma faca e foi até ela para roubar seu aparelho celular. Eles entraram em luta corporal, ele a enforcou, a jogou no chão e pediu que Deliomara amarrasse os pés dela. Em seguida, ele a arrastou para dentro da casa, pediu que a esposa apagasse as luzes e passou a abusar sexualmente da vítima”, detalhou o delegado.
Após a mulher do suspeito presenciar o fato, jogou álcool em ambos e ateou fogo. Thiago conseguiu apagar o fogo com um pano molhado e foi até uma unidade hospitalar receber atendimentos médicos. Já Deliomara enforcou Julieta com uma corda e a enterrou no quintal.
O resgate do corpo e identificação
O corpo de Julieta foi encontrado na sexta (5) enterrado em uma área de mata de Presidente Figueiredo. A polícia precisou solicitar apoio dos Bombeiros com os cães farejadores que deram apoio às buscas e localizou o cadáver em uma cova no quintal do refúgio, além de outros pertences da vítima.
A identificação do corpo foi realizada por meio do procedimento de necropapiloscopia, pelo Instituto de Identificação Aderson Conceição de Melo (IIACM) com apoio da equipe técnica do Instituto Médico Legal do Amazonas (IML).
Liberação do corpo
O corpo da venezuelana foi liberado do Instituto Médico Legal (IML) de Manaus na tarde da terça-feira (9). Amigos e familiares da artista preparam o velório na capital amazonense para esta quarta (10).
Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM), o translado do corpo para a Venezuela acontece na quinta-feira (11). O sepultamento da cicloviajante será realizado na sexta (12), na cidade de Puerto Ordaz, onde mora a mãe dela, conforme o Governo Venezuelano, que presta auxilio à família da vítima.
A identificação do corpo de Julieta já havia sido realizada por peritos do Instituto de Identificação Aderson Conceição de Melo (IIACM), com apoio da equipe técnica do IML do Amazonas.