11 de outubro de 2025
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China bane importações de peixe e ataca Japão por despejo de água de Fukushima

O despejo da água residual da usina nuclear de Fukushima, atingida por um tsunami em 2011, enfureceu a China. Aprovado pela Agência Internacional de Energia Atômica, o plano do Japão envolve liberar o rejeito ao longo de três décadas e foi considerado seguro por cientistas, mas Pequim questiona esse argumento.

A campanha chinesa contra o plano japonês começou há dois anos e cresceu conforme a data do início do despejo se aproximava. Na quinta, o Ministério das Relações Exteriores chinês divulgou uma nota em que acusa o Japão de não provar “a legitimidade e a legalidade da decisão, a autenticidade e a precisão dos dados da água contaminada e a segurança para o ambiente marinho e a saúde das pessoas”.

“Ao despejar a água no oceano, o Japão espalha riscos para o resto do mundo e deixa uma ferida aberta nas futuras gerações (…). O Japão virou um sabotador do sistema ecológico e poluidor do ambiente marinho global. Eles infringem os direitos das pessoas à saúde, ao desenvolvimento e a um ambiente saudável”, diz o texto.

A primeira retaliação já veio: Pequim baniu a importação de todos os frutos do mar e peixes do Japão.

A reação também acontece em outras frentes. Empresários de Fukushima denunciaram o recebimento de “milhares de ligações telefônicas”, a maioria das quais da China, protestando contra a decisão.

Diplomatas japoneses pediram às autoridades chinesas que “tomem medidas adequadas” para “pedir calma aos seus cidadãos”. Antevendo reações, o Japão também orientou seus cidadãos atualmente vivendo na China que evitem falar em japonês em voz alta e em público.

A posição chinesa tem sido reforçada há vários meses na TV e em redes sociais. Um infográfico produzido pela estatal CCTV que mostra a água contaminada se espalhando por todo o Pacífico ganhou as redes sociais do país. A cobertura significativa nos telejornais chineses dão o tom do quão irritado o governo está.

A consequência imediata é sentida no mercado turístico japonês. Segundo o site Sixth Tone, turistas chineses estão preterindo o Japão para viajar pelo Sudeste Asiático. Um agente de viagens em Xangai entrevistado pelo veículo afirma que os clientes têm expressado cautela e evitado a compra de pacotes para o país vizinho.

Embora a China seja mais vocal, ela não está sozinha nas reclamações. Na Coreia do Sul, cerca de 50 mil manifestantes tomaram as ruas de Seul no sábado em protesto contra a decisão, segurando cartazes em que chamavam o plano japonês de “ato de terrorismo”.

Em processo de aproximação diplomática com Tóquio, o presidente Yoon Suk-yeol tem insistido que o despejo de água não apresenta riscos à saúde da vida marinha.

Por que importa: a manutenção da reação dos chineses gera incógnitas sobre quanto tempo o banimento seguirá e como o mercado reagirá no médio e no longo prazo. Se prosseguir com a ideia, o Japão deve levar décadas para eliminar toda a água de Fukushima.

Pequim vai manter a proibição permanentemente? Se sim, qual país substituirá os peixes e os frutos do mar japoneses no mercado chinês? São perguntas ainda sem respostas.

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