15 de outubro de 2025
NotíciasNotícias 24hs

Instagram, Threads, Facebook? Desculpa, LinkedIn é a rede social mais ‘cool’ agora

Todas as grandes redes sociais têm um nicho para chamar de seu. O Twitter, agora rebatizado de X, é para discutir com estranhos. O Instagram, para mostrar as melhores de suas 500 selfies. O Facebook é usado para buscar informações sobre algum ex-colega de faculdade que você não vê há anos.

E o LinkedIn, para atualizar o perfil profissional quando você está procurando emprego e, depois, receber e-mails constantes solicitando que parabenize alguém pelo seu “aniversário de trabalho”.

Bom, pelo menos, era assim que costumava ser. À medida que outras redes estagnaram, mudaram seus algoritmos ou foram reduzidas a cinzas, o LinkedIn está se tornando um site onde as pessoas comuns realmente querem se encontrar e publicar seus pensamentos.

Sendo assim, podemos dizer que é a rede ‘mais cool’ do momento.

O LinkedIn, que a Microsoft comprou por US$ 26,2 bilhões em 2016, não informa seu número de usuários médios diários ou mensais, uma métrica comum para aferir o sucesso de redes sociais.

Mas a empresa afirma que, entre março e junho deste ano, os usuários compartilharam 41% mais conteúdo na rede do que no mesmo período em 2021. Esse tipo de crescimento é incomum para uma plataforma que já tem 20 anos.

E, mais do que o sucesso do LinkedIn, pode ser reflexo do fracasso da sua concorrência.

– Outras plataformas de mídia social estavam mudando seus algoritmos ou regras operacionais – diz Selena Rezvani, uma influenciadora com 100 mil seguidores no LinkedIn, que oferece dicas sobre como ser mais confiante.

A rede X, novo nome que Elon Musk deu para o Twitter, está se tornando um site que recompensa aqueles que publicam memes ou pagam ao bilionário US$ 8 por mês.

O Instagram e o Facebook, da Meta, preocupados com o sucesso do TikTok, tornaram-se totalmente voltados para os Reels – vídeos curtos de pessoas de quem os usuários não são amigos, divulgando reformas de cozinha e truques de condicionamento físico.

Autopromoção à moda antiga

 

Para os usuários de mídia social que desejam se envolver em alguma postagem autopromocional à moda antiga, o LinkedIn é o que resta.

– No Instagram ou no TikTok há mais frustração, porque o que funcionou há mais de um ano, ou mesmo há seis meses, que atraiu muitos olhares, hoje não funciona mais. No LinkedIn, há mais estabilidade – reforça Selena.

A mudança está provocando gritos de “Eu preciso fazer isso?”.

“Os usuários perdidos das mídias sociais agora estão se reunindo nos lugares mais estranhos”, escreveu Kate Lindsay, comentarista de cultura da Internet, em seu boletim informativo, o ‘Embedded’.

E agora, para onde ir?

 

Quando as pessoas começaram a abandonar o X, escreveu ela, não conseguiam concordar se deveriam se reunir em torno do Bluesky, do Mastodon, do Threads ou de qualquer um dos inúmeros aplicativos que pretendem reinventar a mídia social, condenando-os a socializar no mesmo lugar em que “endossam” alguém para a liderança.

Os vínculos com o trabalho fazem com que o LinkedIn se torne um ponto de apoio.

Estudantes e recém-formados têm um incentivo para tentar usar o site para conseguir um emprego, e encontram poucos motivos para usar o X, que eles associam à raiva e ao caos político.

Aqueles que que ainda estão mais habituados à rede social de Elon Musk observam como é estranho ver fotos de férias e histórias emocionantes no LinkedIn, legendadas com uma menção a algo relacionado ao trabalho – um empregador ou uma política de trabalhar de qualquer lugar – para o caso de o chefe ver.

Enquanto isso, uma geração que atingiu a maioridade postando sobre suas vidas no Instagram, Twitter e Facebook, construindo suas identidades com relatos de finais de semana e noites fora de casa, está começando a ver alguma utilidade em desejar uns aos outros um feliz aniversário de trabalho.

Com o tempo, eles aprenderam que, na internet, tudo o que publicam acaba refletindo não apenas sua personalidade, mas também sua “marca pessoal”.

A rede do ‘thinkfluencer’

 

Escrever com sinceridade no LinkedIn já foi apontado como algo estranho e desesperado do ponto de vista profissional. Agora, tentar se tornar um chamado thinkfluencer soa estratégico e, aos poucos, socialmente aceitável.

A equipe de produtos do LinkedIn está alimentando essa nova vibe. Nos últimos anos, ela adicionou ferramentas para a criação de boletins informativos, podcasts e vídeos e áudios para todos os seus ambiciosos carreiristas, com base no programa de influenciadores que começou em 2011 treinando líderes corporativos para postar.

Ao contrário do Instagram e do Facebook, o LinkedIn não faz ajustes drásticos em seu algoritmo quando novos produtos são lançados.

– Somos totalmente agnósticos quanto à forma de mídia que as pessoas compartilham – diz Dan Roth, editor-chefe do site.

E enquanto o Meta e o X se distanciam do setor de notícias, minimizando os links de artigos, o LinkedIn está reforçando seus esforços de curadoria e parcerias com criadores de conteúdo e editores.

A empresa afirma que os usuários gostam de ver conteúdo “baseado em conhecimento” e, como resultado, estão mais satisfeitos. Em junho, o site registrou uma redução de 80% em relação ao ano anterior no número de pessoas que disseram que gostariam de estar vendo publicações diferentes.

Com pandemia, mais liberdade para postar

 

De acordo com Roth, as pessoas se sentiram mais à vontade para postar sobre suas vidas pessoais durante a pandemia, quando muitos estavam confundindo os limites entre trabalho e diversão ao trabalhar em casa e equilibrar responsabilidades como cuidar dos filhos.

A pandemia também foi um despertar para os trabalhadores que perceberam que precisavam de identidades profissionais separadas de seus empregadores, para abrir as portas para novas oportunidades financeiras e até mesmo para atividades paralelas.

– É mais comum na geração Z e na geração dos ‘millennials’ que eles estejam dispostos a mudar de setor e de função do que em qualquer geração anterior. Há essa demanda constante para aprender e de se promoverem e falarem sobre o que aprenderam – acrescentou Roth.

Como a pandemia inspirou as pessoas a trocarem de função no trabalho ou a assumir carreiras totalmente novas, as postagens começaram a parecer mais necessárias.

Empresas nas quais o emprego era notoriamente estável e altamente remunerado, como Meta, Alphabet e Amazon, recentemente demitiram milhares de trabalhadores, incluindo funcionários de longa data e gerentes. Isso lhes deu uma nova desculpa para recorrer ao LinkedIn e, em alguns casos, até mesmo para anexar um selo verde #opentowork em suas fotos de perfil.

Medo do TikTok afeta as demais

 

O compartilhamento pessoal público em outras plataformas está diminuindo. O medo que a Meta tem do TikTok alterou não apenas o tipo de conteúdo que prioriza em seus serviços – no caso, vídeos curtos -, mas também as prioridades algorítmicas de seu feed principal: interesses, não amigos.

O compartilhamento pessoal foi transferido para espaços efêmeros ou semiprivados como os Stories – publicações que desaparecem em 24 horas – ou mensagens diretas.

Já a rede X se tornou totalmente imprevisível. A empresa muda suas regras de acordo com os caprichos de seu novo dono. Em um determinado momento, Musk alterou o algoritmo para que suas próprias publicações fossem mais populares; em outro momento, limitou o acesso de seus usuários não pagantes, que podiam ver apenas 600 publicações por dia.

O selo azul, que antes representava a verificação de uma figura pública bem estabelecida no Twitter, agora significa apenas que o usuário concordou em pagar US$ 8 por mês.

Sem mudanças bruscas no algoritmo

 

O modelo de negócios do LinkedIn se baseia na venda de assinaturas para vendedores e recrutadores que buscam encontrar parceiros ou candidatos a emprego. Isso lhe dá uma tendência à estabilidade, pois não precisa depender tanto da atenção constante que ajuda as redes apoiadas por anúncios a ganhar dinheiro.

É um modelo que parece estar funcionando: a receita do LinkedIn subiu para US$ 15 bilhões no ano fiscal mais recente da Microsoft, quase o triplo do que tinha sido cinco anos antes.

Uma crítica ao LinkedIn é que ele é um fluxo interminável de mensagens diretas e semipersonalizadas de estranhos em busca de vantagens profissionais. Mas a maioria das pessoas normais certamente preferiria um pouco de suavidade corporativa ao ódio não solicitado, ao racismo e ao assédio que têm aumentado no X desde que Musk afrouxou suas regras de conteúdo – o maior motivo citado pelas pessoas para abandonar o ex-Twitter.

– No LinkedIn, você vê as pessoas abordando as coisas com um pouco mais de tato quando discordam. Seu empregador pode ver seu post- concluiu Selena.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *