Caso Quênia: Pai e madrasta acusados de matar bebê de 2 anos começam a ser julgados nesta segunda-feira
Começa nesta segunda-feira (3) o julgamento do promotor de vendas Marcos Vinicius Lino de Lima e da dona de casa Patrícia André Ribeiro, pai e madrasta da menina Quênia Gabriela Oliveira Matos de Lima, de 2 anos, morta com sinais de maus-tratos, na Zona Oeste do Rio, em março deste ano.
Ambos são réus por homicídio triplamente qualificado — com emprego de tortura, com recurso que dificultou a defesa da vítima e por ter sido praticado contra menor de 14 anos.
A primeira audiência acontecerá às 16h30, na 4ª Vara Criminal do Rio. O juiz responsável pelo caso é Gustavo Gomes Kalil. No julgamento, serão ouvidas seis testemunhas de acusação.
Por se tratar de um crime envolvendo menor, o caso corre em segredo de justiça.
O pai e a madrasta estão presos desde o dia 9 de março. Marcos sempre negou as agressões e diz que tudo “é um erro”. Já Patrícia André afirmou que a enteada se machucou caindo.
59 lesões pelo corpo
Ana Claudia Regert: tristeza e indignação pelo que viu no corpo da menina de 2 anos — Foto: TV Globo
O caso foi descoberto depois que a médica Ana Cláudia Regert examinou a criança na Clínica da Família Hans Jurgen Fernando Dohmann, em Guaratiba.
Foi ela que identificou que não se tratava de um atendimento qualquer e que a criança já estava morta quando deu entrada na unidade de saúde.
“Quando me viram de jaleco começaram a gritar falando que ela não estava respirando. Retirei a criança e fui para parte interna da unidade para avaliar. Ela já estava desfalecida, em estado cadavérico, mostrando que, a meu ver, já tinha bastante tempo que tinha acontecido, não minutos, como eles tinham relatado”, contou Ana Cláudia.
A médica conta que ainda tentou reanimar a criança, sem sucesso, e que nesse momento se deu conta do que aconteceu com Quênia.“ Quando a gente colocou na maca e despiu para iniciar as manobras, era evidente que eram lesões que não tinham acontecido só ontem. Eram coisas que já vinham acontecendo há bastante tempo. Tinha lesões por queimadura, provavelmente de cigarro, no umbigo, área genital tinha alteração, tinha fissura anal, muitos hematomas no corpo de uma criança de 2 anos e 4 meses”, disse.
Ana Cláudia fingiu que continuava atendendo a criança e correu até a delegacia para denunciar pai e madrasta.
O laudo médico constatou que Quênia Gabriela tinha 59 lesões por todo o corpo, principalmente no rosto e no abdômen, além de sinais de abuso sexual. Os hematomas, novos e antigos, revelaram uma rotina de agressão física e maus-tratos vivida dentro de casa.