4 de dezembro de 2025
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Caminhoneiros convocam greve em todo o Brasil; entidades divergem

Caminhoneiros de todo o Brasil convocaram uma greve geral. O tamanho do movimento, no entanto, ainda é incerto, uma vez que há divergência entre as principais entidades que representam a categoria no país. A movimentação estava marcada para acontecer nesta quinta-feira (4), mas os sindicatos afirmam “desconhecer” ou “não apoiar a mobilização”.
A greve foi anunciada pelo representante da União Brasileira dos Caminhoneiros (UBC), Chicão Caminhoneiro, que, na última terça-feira (2), foi ao Palácio do Planalto para protocolar uma ação referente à paralisação. Ele estava acompanhado do desembargador aposentado Sebastião Coelho, que vem incentivando o movimento.
Entre as reivindicações do setor estão a estabilidade contratual do caminhoneiro, a garantia do cumprimento das leis, a reestruturação do Marco Regulatório do Transporte de Cargas e a aposentadoria especial de 25 anos de trabalho comprovada com recolhimento ou documento fiscal emitido.

“A gente tomou a decisão de iniciar esse processo chamando os irmãos caminhoneiros para estarem conosco trabalhando e buscando nossos objetivos, fazendo com que as leis que existem e que infelizmente não são aplicadas para a nossa categoria comecem a ser respeitadas”, disse Chicão em vídeo publicado nas redes sociais.

A dupla defende a paralisação em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado por tentativa de golpe de Estado e preso desde 22 de novembro.

A expectativa, segundo ele, é que a greve vá crescendo gradualmente com a adesão de novos motoristas. A intenção é parar em mais de 40 pontos do país.

Entidades divergem sobre greve
A Confederação Nacional dos Transportes Autônomos (CNTA), que reúne federações e sindicatos em todo o Brasil, afirmou desconhecer “qualquer deliberação interna sobre uma greve ou paralisação” e destacou que não recebeu comunicação oficial sobre o movimento.
A Federação dos Caminhoneiros Autônomos de Cargas em Geral do Estado de São Paulo (Fetrabens) afirmou que não participa, não convoca e não tem qualquer deliberação institucional relacionada ao ato.
Em nota, declarou ter conhecimento de manifestações individuais e espontâneas de transportadores autônomos, mas reforçou que não são organizadas, apoiadas ou estimuladas pela entidade. Disse ainda que decisões coletivas passam por comunicação formal — o que, segundo a federação, não ocorreu neste caso.
Em outro comunicado, a federação contestou a representatividade da UBC. Segundo a federação, a chamada União Brasileira dos Caminhoneiros “não possui legitimidade para falar em nome dos caminhoneiros brasileiros”, por não ter CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica), representatividade formal nem integrar o sistema sindical.
“É preocupante que integrantes desse grupo tentem instrumentalizar a categoria para objetivos de natureza política, colocando em risco a estabilidade nacional e usando o nome dos caminhoneiros de maneira indevida”, apontou.
“A Fetrabens repudia veementemente qualquer tentativa de provocar instabilidade no país por meio da manipulação de uma categoria profissional essencial para a economia, a segurança e o funcionamento do Brasil”, acrescentou.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL) divulgou posicionamento semelhante. A confederação afirmou não compactuar com movimentos de manipulação política e declarou que nenhuma de suas filiadas participou de reuniões para organizar a paralisação de transportadores autônomos ou de motoristas profissionais empregados para o dia.
“A entidade reforça que nenhuma de suas filiadas participou de qualquer reunião com o objetivo de organizar movimento paredista por parte dos transportadores autônomos em favor de anistia a golpistas e ao ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, condenado à prisão por golpe de Estado”, afirmou,
Disse que não reconhece como legítimo qualquer material que a cite como apoiadora, participante ou incentivadora do movimento. A CNTTL também defendeu o diálogo institucional como meio para tratar aposentadoria especial, jornada de trabalho e piso mínimo de frete.

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