28 de novembro de 2025
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Porteiro de escola municipal em Austin vira maestro e transforma alunos pela música

Logo no começo da manhã, em todos os dias da semana, o portão da Escola Municipal Professor Márcio Caulino Soares, em Austin, se abre para receber os alunos com o sorriso sempre presente de Leônidas Rodrigues, o porteiro da unidade. Após encerrar o expediente como porteiro, ele tranca a porta, e outra se abre: a do pequeno estúdio onde Leônidas se torna o maestro que conduz o grupo “A Voz do Caulino”.

“A música é a minha vida. Vim para a escola em 2008 como monitor de um programa e, quando ele terminou, a direção me convidou a continuar. Hoje sou porteiro, mas nunca deixei de ser professor de música”, contou o maestro.

A banda foi criada em 2013. Ao longo dos anos, Leônidas passou a identificar talentos, incentivar alunos, acolher interessados e transformar a música em um espaço de pertencimento — trabalho que hoje se destaca dentro da rede municipal. A emoção da primeira apresentação marcou o início dessa trajetória. “Reunimos os alunos para ensaiar e cantar. Ali nasceu a primeira apresentação do grupo. Foi um momento muito forte”, lembrou.

No contraturno, alunos do 6º ao 9º ano preparam teclado, flautas, cajón, bateria e vozes, formando a sétima geração da banda. Mais do que um estúdio no fim do pátio, o espaço se transforma em um lugar de voz, acolhimento e novas possibilidades, conduzido pelo mesmo maestro que todos os dias recebe cada aluno no portão com a mesma atenção dada aos instrumentos. “A gente observa comportamento, dedicação e o desejo de crescer. A banda já ajudou alunos com depressão, timidez e dificuldade de socializar”, compartilhou.

Arthur Corrêa, de 12 anos, tecladista e vocalista, resume bem o sentimento de fazer parte do grupo: “É uma sensação muito boa fazer uma coisa que eu gosto. A música deixa a gente leve”, disse o aluno do 6º ano.

A popularidade do grupo cresceu tanto ao longo dos anos que fazer parte dele se tornou um objetivo para muitos estudantes. Alguns esperavam por esse momento desde a infância. “Além de ter pessoas que te entendem de verdade, a música tem o poder de confortar. O coral é uma família para mim. Eu queria muito fazer parte da ‘Voz do Caulino’ desde o 2º ano. Quando entrei, foi a realização de um sonho”, contou a vocalista Laura Sophia, de 11 anos, também do 6º ano.

A diretora Mariângela Soares revelou o impacto do projeto na escola. “A música salva e resgata. Cada aluno tem uma história do antes e do depois da ‘Voz do Caulino’. Eles aprendem disciplina, humildade e, principalmente, a se divertir fazendo o que amam”, concluiu.

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