26 de novembro de 2025
Baixada FluminenseDESTAQUEEducaçãoMunicípiosNotíciasNova Iguaçu

Alunos surdos de Nova Iguaçu aprendem a transformar bitucas de cigarro em arte

A arte e a sustentabilidade se uniram em uma experiência inclusiva na Escola Municipal Monteiro Lobato, em Nova Iguaçu. Alunos surdos participaram de uma oficina que transforma bitucas de cigarro em massa celulósica para a produção de artesanato. O material reciclado virou máscaras africanas, em alusão ao mês da Consciência Étnico-Racial, que celebra a diversidade e combate o racismo.

A iniciativa faz parte do programa de Coleta Seletiva e Educação Ambiental da Secretaria Municipal de Serviços Delegados (SEMUSD). Nova Iguaçu é a única cidade do Estado do Rio de Janeiro a desenvolver esse tipo de prática ambiental. Outros artesanatos podem ser confeccionados com o material, como flores, papéis, blocos, marca-livros, acessórios de canetas e porta-copos.

“Essa é a primeira turma com alunos surdos que recebe a oficina. Eles confeccionaram máscaras africanas e se divertiram bastante. Trabalhamos com a educação inclusiva e também aprendemos com os alunos nessa troca de experiências. Aprendemos sobre Libras e eles se envolvem mais com o meio ambiente e a sustentabilidade”, afirmou a responsável pelo Programa de Coleta Seletiva e Educação Ambiental da SEMUSD, Anna Clara Ramos.

A massa celulósica é feita a partir da reciclagem de bitucas coletadas em caixas coletoras instaladas em prédios públicos, pontos de ônibus, hospitais e unidades de saúde. O material é processado por meio de uma parceria entre a Prefeitura e a empresa Poiato Recicla, resultando em uma massa sem cheiro e que não contamina o meio ambiente.

Os alunos aprendem que as bitucas, um dos resíduos mais encontrados no mundo, podem ganhar uma nova função, tornando-se flores e porta-guardanapos, por exemplo.A expectativa é que as oficinas sejam realizadas mensalmente em outras escolas com turmas de alunos surdos.

Intérprete de Libras da Escola Municipal Monteiro Lobato, a professora Suliandra Torres enfatizou que a oficina vai gerar mais consciência ambiental entre os alunos e reforçar a importância de reciclar materiais.

“Nossa unidade conta com 50 alunos surdos e a inclusão nas escolas é fundamental. Com esse programa, eles vão saber que aquele material deixado nas ruas pode ser reciclado e virar uma obra de arte. Ainda vão poder orientar seus pais e toda comunidade que uma bituca de cigarro deve ser descartada num local apropriado. Serão multiplicadores”, garantiu.

A aluna da Escola Municipal Monteiro Lobato, Maria Alice, de 13 anos, se mostrou ansiosa com o resultado final da máscara. Com o auxílio da intérprete de Libras, a menina contou que deseja participar de outras oficinas como esta em sua escola para levar o conhecimento do programa aos amigos, inclusive da comunidade surda.

“Não sabia o que acontecia com a bituca de cigarro que acabou se transformando numa massa, que foi colocada num recipiente. Essa máscara após a secagem, será pintada e vai ficar linda. Foi uma experiência única aprender que esse material pode ser reciclado e se transformar numa grande arte”, explicou a aluna.

Desde sua implantação, em novembro de 2019, o projeto já coletou cerca de 2,5 milhões de bitucas de cigarro na cidade, o que equivale a aproximadamente uma tonelada de lixo tóxico que deixou de ser descartado de forma inadequada no solo, na água ou em aterro sanitário. As bitucas de cigarro, que representam um grande desafio ambiental, são transformadas em soluções criativas e sustentáveis.

As caixas coletoras estão disponíveis em pontos de grande circulação, como prédios públicos, pontos de ônibus, hospitais, unidades de saúde, sede da Prefeitura e secretarias, entre outros locais.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *