21 de novembro de 2025
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Sede da COP30 reabre em Belém após incêndio

Conferência termina nesta sexta-feira (21)

A sede da COP30 na cidade de Belém, a capital do Pará, foi reaberta nesta quinta-feira (20), horas depois de um incêndio em seu interior que obrigou a evacuação de milhares de pessoas e a suspensão das negociações em sua reta final.
Após as inspeções de segurança, o recinto “voltou a funcionar”, indicou em comunicado a presidência brasileira da 30ª conferência climática da ONU.
Um jornalista da AFP constatou que o local do incêndio permanecia isolado após a reabertura das portas. Algumas pessoas entraram no recinto do Parque da Cidade de Belém para recuperar os pertences que haviam deixado durante a evacuação. As autoridades não informaram até agora as causas do incêndio.
A presidência da COP informou que as sessões plenárias serão retomadas nesta sexta, data em que está prevista a conclusão da conferência com a participação de quase 200 países e cerca de 43 mil pessoas credenciadas.
O fogo teve início na área de acesso restrito onde acontece a conferência climática da ONU, que foi palco de três incidentes em poucos dias.
As chamas abriram um buraco no teto de lona na área onde estão situados os pavilhões de países e organizações, observou um jornalista da AFP. Quase toda a estrutura da COP está instalada sob uma estrutura provisória feita desse material.
A fumaça se espalhou dentro e fora do local, causando um movimento de pânico inicial. Cerca de 20 pessoas foram tratadas devido a intoxicação por fumaça, segundo os organizadores.
‘Estresse emocional’
“Houve pessoas em estado de estresse emocional”, disse Kimberly Humphrey, especialista em medicina de emergências e participante da COP.
Antes da chegada dos bombeiros, equipes da segurança do governo brasileiro e da ONU recorreram a extintores para tentar conter o fogo.
Uma testemunha do incêndio disse à AFP que nenhum alarme foi acionado. “Nunca antes [em uma COP] houve um incêndio dessa magnitude, que exigisse uma evacuação em grande escala”, destacou Alden Meyer, analista do think tank E3G.
Vários participantes da COP30 relataram que sistemas de fiação elétrica já haviam causado problemas nos últimos dias. A AFP também havia observado infiltrações após fortes chuvas na cidade.
“As dificuldades operacionais pouco antes da COP sugeriam que um incidente desse tipo poderia acontecer”, disse à AFP uma fonte da organização, que não quis ser identificada.
‘Em qualquer lugar’
O ministro do Turismo, Celso Sabino, disse na TV que, após a perícia, se saberá o que causou o incidente, se foi um curto-circuito ou um celular carregando.
O incêndio “poderia acontecer em qualquer lugar do planeta”, ressaltou.
A presidência brasileira da COP recebeu na semana passada uma queixa da ONU, depois que um grupo indígena forçou o dispositivo de segurança durante um protesto.
No documento, o chefe da ONU para o Clima, Simon Stiell, reclamava da segurança, mas também de vazamentos de água, que, segundo o governo brasileiro, foram corrigidos.
Dias depois, outro grupo indígena conseguiu se reunir com autoridades brasileiras, após bloquear o acesso ao centro de negociações.
‘Atrasará o processo’
O fogo começou quando ministros de todo o mundo participavam de intensas negociações, na véspera do encerramento do evento.
“Isto vai atrasar o processo” em “um momento crucial” de tomada de decisões, advertiu o delegado da Indonésia Windyo Laksono, do lado de fora do recinto.
A presidência brasileira e a ONU pediram em uma mensagem conjunta que os delegados voltem à mesa de negociação “com espírito de solidariedade e determinação”.
Contudo, o sentimento entre diversas delegações consultadas pela AFP ao cair da noite era de inquietação diante das últimas propostas da presidência brasileira.
Um dos principais pontos da COP30 era aprovar um “mapa do caminho” para abandonar os combustíveis fósseis, mas as divergências entre os países-membros faziam alguns delegados temerem o desaparecimento dessa menção.
Segundo um negociador, que preferiu não ser identificado, China, Índia, Arábia Saudita, Nigéria e Rússia se opuseram hoje a essa alternativa, durante as consultas.
Outro ponto de discórdia é como financiar a adaptação à mudança climática, que, em princípio, deveria ser triplicada, até chegar perto de 120 bilhões de dólares (R$ 640 bilhões, na cotação atual).

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