Jardim Botânico do Rio celebra a Consciência Negra com programação gratuita dedicada à diversidade, cultura e economia criativa
No mês da Consciência Negra, o Jardim Botânico do Rio de Janeiro promove uma série de atividades gratuitas que celebram a diversidade, a ancestralidade e a economia criativa. Com entrada gratuita, a programação se estende de 17 a 28 de novembro, reunindo nomes de destaque nas áreas da educação, cultura, arte e ciência, além de oficinas, exibição de filmes e aulas de charme, capoeira, jongo e culinária angolana, que promovem reflexões sobre o conhecimento ancestral, a diversidade da cultura brasileira e a arte.
Entre os destaques, estão o músico, escritor e influenciador digital Arapê Malik, que apresentará a palestra “Letramento nas redes sociais”, e o escritor, cantor e professor de escrita criativa André Gabeh, autor de três livros e dois álbuns musicais, que participa de um papo literário sobre suas experiências na arte e na literatura.
Outro destaque é a exibição do premiado filme “Kasa Branca”, de Luciano Vidigal, vencedor de quatro prêmios no Festival do Rio 2024, incluindo Melhor Direção — sendo Vidigal o primeiro diretor negro a conquistar esse reconhecimento na história do festival. O longa, ambientado na periferia de Mesquita, na Baixada Fluminense, é inspirado em histórias reais e apresenta a relação de cuidado e amor entre um jovem e sua avó.
A programação também inclui oficinas que integram arte, ciência e ancestralidade. A oficina de tranças abordará temas como pesquisa científica, indústria cosmética, sustentabilidade e o cuidado com o cabelo como forma de empoderamento. Já a oficina de estamparia artesanal adinkra convida o público a conhecer símbolos e filosofias africanas por meio de técnicas de carimbo e pintura em estêncil, inspiradas no sistema de escrita dos povos akan, da África Ocidental.
Para encerrar as celebrações, o “Charme do charme”, um grande baile do Projeto Consciência do Charme, que vai promover uma aula para apresentar o movimento, ensinar um pouco dos movimentos da dança e convidar o público a dançar.
Ainda neste mês de novembro, o Jardim Botânico do Rio promove, às sextas-feiras, visitas guiadas à Trilha Africana. A trilha está representada por 19 espécies no arboreto. Algumas são nativas do Brasil, e outras vieram da África e outras regiões tropicais ao redor do mundo, sendo utilizadas por diversos povos africanos e seus descendentes desde que chegaram aqui. Dentre as espécies que podem ser observadas, estão o flamboyant (Delonix regia), nativa de Madagascar, e o dendezeiro (Elaeis guineensis), nativo da costa ocidental africana, do Senegal a Angola. O passeio guiado é gratuito, havendo apenas cobrança de ingresso para o arboreto. O ponto de encontro é o Centro de Visitantes, às 10h.
Atividades no Museu do Jardim Botânico – 20 a 22 de novembro
– Oficina de sachê para escalda-pés – Saberes ancestrais: entre ervas e sais
Data: 20/11 (quinta-feira)
Horário: das 10h30 às 12h| 14h30 às 16h
Local: jardim em frente ao museu
Vagas: 20 vagas, por ordem de chegada.
Público-alvo: a partir de 7 anos
O objetivo desta atividade é promover uma experiência sensorial de profundo afeto a partir dos saberes ancestrais e dos aromas das plantas. Os participantes serão convidados a produzir um sachê de escalda-pés – prática popular que ajuda a proporcionar relaxamento e ativar a circulação. No final da atividade, os visitantes levarão os sachês de presente como lembrança desta experiência.
– Plantando histórias: Baobá
Data: 21/11 (sexta-feira)
Horário: das 10h30 às 11h30 | 14h às 15h
Local: Sala Multiuso
Vagas: 20 vagas, por ordem de chegada
A partir de um teatro de sombras, vamos contar sobre o baobá, árvore considerada sagrada em muitas religiões de matriz africana. A história narra a conexão entre indivíduos e natureza.
– Oficina Arte e Natureza: aula de jongo ao ar livre
Data: 21/11 (sexta-feira)
Horário: 15h às 17h
Local: jardim em frente ao museu
Vagas: 30 vagas, por ordem de chegada
Público-alvo: a partir de 10 anos
Nessa atividade ao ar livre, vamos celebrar o jongo, uma manifestação que, através de seu ritmo e movimento, conecta o corpo, a natureza e as referências afro-diaspóricas.
– Saberes ancestrais: adinkras, símbolos de memória
Data: 22/11 (sábado)
Horário: 10h30 às 12h | 14h às 15h30
Local: jardim em frente ao museu
Vagas: 10 pessoas, por ordem de chegada.
Público-alvo: crianças e famílias
Como construímos nossas memórias com a natureza?” Essa atividade imersiva explorará a tecnologia ancestral africana de comunicação e registro empregada pelos povos akan. Desvendaremos os segredos dos adinkras, um sistema de símbolos visuais que transcende a mera ornamentação, funcionando como uma linguagem complexa e um repositório de sabedoria. Cada adinkra carrega consigo significados profundos, provérbios, filosofias e histórias que foram transmitidas de geração em geração. Através deles, os akan registraram suas observações sobre a natureza, suas crenças espirituais e seus conhecimentos sobre o mundo ao seu redor.
– Espetáculo “Contos de Orí”
Data: 22/11 (sábado)
Horário: 16h
Local: Sala Multiuso.
Público: público geral
Vagas: 40, por ordem de chegada
Nessa contação de histórias, “Contos de Orí”, Tatiana Henrique, Hebert Said e Sheila Martins contam e entremeiam materiais simples como terra, argila, água, feijão às narrativas iorubano-brasileiras. Em Contos de Orí, somos atravessados pelos conhecimentos científicos contemporâneos e os saberes ancestrais, sendo as histórias costuradas de modo a construir elos entre tempos: a pangeia e criação da terra por Odudua; Lucy e a criação do primeiro ser humano por Obatalá; a amizade de Esu e Orumila e as curtidas e seguidores do instagram; a capacidade das mulheres de unir mundos, e o poder e Osun.Além de português e iorubá, a contação é realizada em libras, com a interpretação de Sheila Martins.
Atividades organizadas pelo Centro de Responsabilidade Socioambiental em parceria com o Grupo de Trabalho de Ações Afirmativas do JBRJ – 24 a 28 de novembro
Local: Galpão das Artes, no corredor cultural
24/11 (segunda-feira)
– Abertura (apenas para convidados), às 10h: Sergio Besserman Vianna, presidente do JBRJ
– Palestra: “O 20 de novembro”, com Lorena Tato
Horário: 13h30 às 15h
A professora de história vai apresentar a importância do 20 de novembro, as representações equivocadas acerca desta data e a análise comparativa entre o
20 de novembro e outras datas históricas.
– Palestra: “Letramento nas redes sociais”, com Arapê Malik
Horário: 15 às 16h30
O músico, escritor e influenciador digital Arapê Malik fala sobre sociedade, cultura pop, história e letramento racial.
25/11 (terça-feira)
– Exibição do filme Kasa Branca, de Luciano Vidigal
Horário: 8h30
– Oficina “As tranças além da estética”
Horário: 10 às 11h30 e 13h30 às 15h
– Palestra: “A importância da memória e da cultura negra para a construção de futuras perspectivas sociais”, com a pedagoga e presidente do Comitê de Ações
Afirmativas do Colégio Pedro II/RJ Alessandra Pio
Horário: 15h às 16h30
26/11 (quarta-feira)
– Oficina: Raízes da ancestralidade
Horário: 10 às 11h30 e 13h30 às 15h
O educador e engenheiro agrônomo Ulisses Carvalho vai mostrar uma variedade de plantas ditas convencionais e não convencionais e extrapolar suas definições, culturais,
culinárias, ornamentais e medicinais.
– Palestra: “Diversidade na ciência: da universidade aos centros de pesquisa”, com Piatã Marques
Horário: 15h às 16h30
Piatã é doutor em biologia e vai participar remota e diretamente da University of
Toronto Scarborough, Canadá, de onde vai nos dar um panorama sobre o esforço em
derrubar barreiras para termos mais diversidade na ciência.
27/11 (quinta-feira)
– Oficina: Estamparia adinkra em estêncil
Horário: 8h30 às 10h e 15h às 16h30
A oficina de estamparia artesanal soma conhecimento ancestral, arte e economia criativa. A atividade pretende promover a disseminação das filosofias africanas por meio da simbologia adinkra, utilizando técnicas como carimbo e pintura com estêncil.
– Papo literário, com André Gabeh
Horário: 10h às 11h30
Nas redes sociais, o escritor compartilha reflexões profundas e cenas do cotidiano de forma bem-humorada e criativa.
– Bate-papo com Triscila Oliveira
Horário: 13h30 às 15h
Triscila é escritora, comunicadora, artesã e ciberativista feminista. Seus livros
Confinada e Os Santos retratam a desigualdade social e sua obra mais recente é uma versão em quadrinhos do livro consagrado de Carolina Maria de Jesus, Quarto de Despejo.
28/11 (sexta-feira)
– Palestra: “A história nos quadrinhos”, com Diego Rogério
Horário: 8h30 às 10h
O professor de história aborda a Revolta da Chibata a partir das histórias em
quadrinhos, apresentando João Cândido, o Almirante Negro, figura tão importante da
história do Brasil.
– Oficina: Saberes ancestrais entre ervas e sais
Horário: 10h às 11h30
– Palestra: “Eco e Narciso: a alegoria racial e o protagonismo do artista negro”, com Deivid Valério
Horário: 13:30 às 15h
Deivid é doutor em história, professor de história antiga e tem se dedicado ao estudo de
Mestre Valentim.
– Dança: O charme do charme
Horário: 15h às 18h
O Grupo Consciência Charme vai promover uma aula para apresentar o movimento e
ensinar um pouco dos movimentos da dança.
– Trilha Africana guiada e gratuita (apenas para essa atividade, é preciso adquirir ingresso para o arboreto)
Dias: 14, 21, e 28 de novembro, às 10h
Ponto de encontro: Centro de Visitantes
Rua Jardim Botânico, 1008.
Ciência e cultura negra com as escolas
O Jardim Botânico vai promover ainda uma programação voltada, preferencialmente, a estudantes e professores da rede pública. Visitantes interessados também poderão participar. As atividades, também gratuitas, serão conduzidas pelo Serviço de Educação Ambiental, nos dias 17, 18 e 19 de novembro.
Na segunda-feira (17), haverá uma roda de capoeira, exibição de vídeos e uma conversa sobre a capoeira como movimento de resistência e instrumento de defesa física e cultural contra a violência da escravidão.
Na terça-feira (18), o destaque será o encontro “Ciência preta na escola”, com a participação da professora do Colégio Pedro II Rafaela Luzia, que conduzirá dinâmicas e atividades educativas voltadas à inclusão e protagonismo preto.
Na quarta-feira (19), os alunos terão a oportunidade de conhecer a culinária típica angolana, explorando sabores, histórias e suas conexões com a cultura afro-brasileira. O dia também contará com uma oficina de grafismo africano utilizando tinta guache.
Jardim Botânico do Rio de Janeiro
Rua Jardim Botânico, 1008.

