Evento reúne líderes de mais de 140 países para discutir caminhos de enfrentamento à crise climática
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou na cerimônia de abertura da Conferência das Partes (COP30) na manhã desta segunda-feira (10), em Belém. Para Lula, “é mais barato financiar o clima que guerras”.
O Brasil sedia pela primeira vez a COP30, que reúne até o dia 21 de novembro líderes de mais de 140 países para discutir caminhos de enfrentamento à crise climática.
A edição é considerada estratégica para avançar da fase de compromissos à de implementação de ações, com foco em financiamento e transição energética. Entre as pautas lideradas pelo Brasil, estão a criação do Fundo Florestas Tropicais e a mobilização de 1,3 trilhão de dólares anuais até 2035 para apoiar países em desenvolvimento.
Durante o discurso, o chefe do Executivo afirmou que fazer a conferência na região é uma “proeza”, já que o processo enfrentou dificuldades para realizar a conferência no coração da Amazônia.
“Quando vocês deixarem Belém, o povo da cidade permanecerá com os investimentos em infraestrutura que foram feitos para recebê-los. E o mundo poderá, enfim, dizer que conhece a realidade da Amazônia”, disse.
O presidente também declarou que é necessário “impor nova derrota” aos negacionistas, ressaltando que a mudança do clima não é uma ameaça futura, mas uma tragédia do presente.
“Fazer a COP aqui é um desafio tão grande quanto acabar com a poluição do planeta terra. Seria mais fácil fazer a COP em uma cidade que não tivesse problema, mas a gente resolveu aceitar fazer a COP em um estado da Amazônia, para provar quando se tem disposição e compromisso com a verdade, a gente prova que não tem nada impossível, o impossível é não ter coragem para enfrentar desafios”, afirmou.
“A COP30 será a COP da verdade. Na era da desinformação, os obscurantistas reagem não só à ciência, mas às regras do multilateralismo. Atacam instituições, ciência, universidades. É momento de impor nova derrota aos negacionistas”, acrescentou.
O presidente voltou a criticar os investimentos em guerras em detrimento de iniciativas de combate às mudanças climáticas.
“Se os homens que fazem guerra estivessem aqui nesta COP, eles iriam perceber que é muito mais barato colocar US$ 1,3 trilhão para acabar com o problema climático do que colocar US$ 2,7 trilhões para fazer guerra como fizeram no ano passado”, mencionou.
Lula também citou tragédias climáticas recentes para falar sobre a necessidade de avançar nas ações para responder a esses eventos. Lula mencionou o tornado que atingiu o Paraná e deixou seis mortos.
“A mudança do clima já não é uma ameaça do futuro, é uma tragédia do presente. O furacão Melissa que fustigou o Caribe, e o tornado que atingiu o estado do Paraná no sul do Brasil, deixaram vítimas fatais e um rastro de destruição”, disse.
Durante a COP30, serão duas semanas decisivas para a ação global contra as mudanças climáticas. Cerca de 50 mil pessoas, entre diplomatas, líderes, ativistas, cientistas e empresários, participam do encontro. A Cúpula de Líderes já tinha indicado o tom político das negociações:
– Acelerar a transição energética,
– Ampliar o financiamento climático e
– Proteger as florestas tropicais
Agora, as atenções se voltam para as mesas de negociação, onde esses compromissos terão de sair do discurso e se transformar em planos concretos, com metas, prazos e recursos definidos.