Wagner Moura comenta campanha para Oscar com ‘O Agente Secreto’
Ator, de 49 anos, deu entrevista ao ‘Fantástico’, da TV Globo, neste domingo (9)
Wagner Moura, de 49 anos, deu entrevista ao “Fantástico”, da TV Globo, neste domingo (9). No bate-papo comandado pela jornalista Maju Coutinho, o ator relembrou as novelas que fez, falou do novo projeto como diretor e comentou sobre a campanha para o Oscar 2025 com o filme “O Agente Secreto”, dirigido por Kleber Mendonça Filho.
“É um filme sobre um homem que resolve manter-se fiel aos seus valores, quando tudo o que tá ao redor dele diz o contrário”, disse o protagonista do longa-metragem que já acumula muitas premiações, como o de Melhor Direção e Melhor Ator no Festival de Cannes.
Wagner revelou que conversou sobre a campanha com Walter Salles e Fernanda Torres, que são, respectivamente, diretor e protagonista de “Ainda Estou Aqui”, produção que deu ao Brasil o primeiro Oscar de Melhor Filme Internacional, em 2024:
“Conversei com Waltinho, com aquela sabedoria dele, me orienta muito. Eu encontrei com Nanda [Fernanda Torres] também, que é minha super amiga. É não ficar doente, viajar, falar do filme, encontrar as pessoas, ir nos festivais”.
Wagner falou sobre Tânia Maria, artesã de 78 anos que interpreta Dona Sebastiana no filme: “Ela se coloca de forma tão inteira, tão honesta e tão ela. É uma beleza de ver”. Ela descobriu o talento para a atuação apenas aos 72, quando participou como figurante do filme “Bacurau”, também dirigido por Kleber.
O artista também comentou sobre uma cena que lembra o caso de Miguel, um menino de 5 anos que morreu ao cair de um prédio no Recife, Pernambuco, em 2020, após ser deixado sozinho no elevador por Sari Corte Real, ex-patroa da mãe dele.
Wagner, então, contou que encontrou Mirtes, mãe da criança, num aeroporto: “Cara, eu fiquei muito emocionada esse dia. Ela chegou, ela disse: ‘Oi, eu queria falar com você, eu sou a mãe do Miguel’. A dimensão dessa perda, esse tipo de acontecimento que dá conta muito da desigualdade, da injustiça. Elas estão aqui e a gente não pode deixar de ver vê-las, não pode fazer de conta que elas não existem. Isso tá entranhado nas coisas que eu faço”.
Ele também relembrou quando atuava em folhetins, como “Paraíso Tropical” (2007). “Quando eu fazia novela, eu me senti assim: ‘Eu sou um ator brasileiro. Eu estou fazendo isso aqui que é um produto muito característico da cultura brasileira'”.
O baiano, ainda, recordou quando viveu o Capitão Nascimento no filme “Tropa de Elite” (2007). “É também um personagem absolutamente brasileiro e parte do Brasil, um personagem muito real, muito realista, e um personagem muito complexo. Eu convivi com muitos homens do Bope [Batalhão de Operações Policiais Especiais] que são homens íntegros e que acreditam que o que eles estão fazendo é uma coisa importante para o país”.
“Eu não tenho a verdade do filme. Eu posso dizer qual é a minha intenção ao fazer aquele filme. Mas a maneira com que as pessoas leem aquele filme é legítima. Se quiser ler aquele filme como uma apologia à brutalidade policial, faz parte. Agora, não podemos normalizar, achar que é normal haver 120 corpos de pessoas no chão de uma cidade, isso é uma loucura”, disse o ator, ao opinar sobre a megaoperação do dia 28 de outubro no Rio.
Após 16 anos, retornou aos palcos com o espetáculo “Um Julgamento: Depois do Inimigo do Povo”, clássico do teatro adaptado para o Brasil atual. “O julgamento é baseado numa peça do Ibsen, chamada ‘O Inimigo do Povo’, sobre um médico que descobre que as águas da cidade estão contaminadas. Ele faz a denúncia, então ele vira o inimigo do povo. E eu sempre me impactei muito por essa história”.
Além disso, Wagner está vivendo algo inédito na carreira ao dirigir e atuar numa produção norte-americana com o filme “Last Night at the Lobster”, ainda sem título em português. “É o meu primeiro filme que eu vou dirigir nos Estados Unidos e atuar, primeira vez que eu vou atuar e dirigir. É um filme típico de Natal americano, só que dirigido por mim. Então, assim, a mágica não vem do céu, não vem de nada, vem das pessoas”.
“Você tem que saber quem você é, gostar de quem você é, saber que você é uma pessoa em evolução, eu faço o que eu acredito, o que vai me modificar, o que vai me inquietar, o que vai me deixar perturbado, no bom sentido”, finalizou o ator.

