3 de outubro de 2025
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Fiscalização mira adulteração de bebidas alcoólicas em estabelecimentos do Rio

Uma fiscalização mira, nesta quinta-feira (2), a comercialização de bebidas alcoólicas em bares, restaurantes, distribuídoras e supermercados. A ação pretende prevenir a venda de produtos adulterados e a intoxicação de consumidores. Nos últimos dias, os estados de São Paulo e Pernambuco notificaram 43 casos de pessoas que ingeriram metanol em bebidas alcoólicas e pelo menos uma morte foi confirmada. Na quarta-feira (1º), a prefeitura do Rio anunciou reforço nas inspeções.

Equipes da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) iniciaram a fiscalização em estabelecimentos da Avenida Érico Veríssimo, na Barra da Tijuca, Zona Sudoeste do Rio. De acordo com o secretário Daniel Soranz, os agentes vão atuar colhendo amostras e inspecionando rótulos e procedência de bebidas destiladas. Além disso, os profisionais da pasta foram orientados a notificar os casos suspeitos que chegaram às unidades municipais imediatamente.

“Foi comunicado a todos os profissionais de saúde que, em caso de intoxicação por metanol, notifique imediatamente à Secretaria de Saúde, para que a gente possa fornecer o antídoto para esse cuidado e para que a secretaria possa interditar o local que vendeu aquela bebida alcoólica”, afirmou o secretário municipal de Saúde. Ele alertou que os estabelecimentos com bebidas sem procedência podem ter mercadorias apreendidas, receber multa e até perder o alvará de funcionamento.

“As penas serão cada vez mais altas, inclusive com cassação do alvará. A gente pede que todos que vendam bebidas alcoólicas destiladas na cidade confiram a rotulagem, a procedência, porque receberão a fiscalização ainda esse mês. A gente pede que todo mundo esteja bastante atento no momento de consumir uma bebida destilada e verificar se tem uma procedência correta ou duvidosa. A situação que acontece em São Paulo é grave, não é simples, e a gente não quer que aconteça no Rio de Janeiro da mesma forma”.

Nesta quarta-feira, a Prefeitura do Rio publicou um decreto no Diário Oficial determinando que o Serviço de Inspeção Municipal de Produtos de Origem Vegetal do Rio (SIM-RIO/POV) realize fiscalização rotineira nos estabelecimentos produtores de bebidas. Além da SMS, as inspeções contam com apoio da Secretaria Especial de Proteção e Defesa do Consumidor (Sedecon) e do Procon Carioca.

“A gente está tratando de um assunto muito delicado, que envolve a saúde de milhões de cariocas. Então, é muito importante que você consumidor fique atento à procedência da bebida que você está consumindo e que é um direito seu consultar dentro do estabelecimento que você está bebendo a rotulagem, se é uma rotulagem legível e contém todas as informações necessárias”, orientou o secretário João Pires.

Intoxicação por metanol já tem 43 notificações

O Ministério da Saúde monitora os casos de intoxicação por metanol após consumo de bebidas alcoólicas. Até o momento, uma pessoa morreu em São Paulo e outros sete óbitos são investigados, sendo cinco deles no mesmo estado e dois em Pernambuco. O Centro Nacional de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) também recebeu 43 notificações: 10 confirmados e 29 em investigação em São Paulo e quatro investigados em Pernambuco. Quatro casos suspeitos foram descartados.

A hepatologista do Hospital São Vicente de Paulo, Mauren Machado, explica que os sintomas não são imediatos, mas ocorrem em um período de 6 a 24 horas, sendo mais comum entre 12 e 24 horas. Inicialmente, o paciente apresenta embriaguez e depois náuseas, vômito e dores abdominais, como cólicas. Ela destaca que os sinais mais graves da intoxicação são visuais e neurológicos, com dores de cabeça, tonturas e visão turva que pode evoluir para cegueira irreversível. O sinais também se manifestam de forma mais grave de acordo com a quantidade de substância ingerida.

 

“O paciente tem que saber reconhecer os sintomas, para fazer um diagnóstico precoce e instituir o tratamento rápido para evitar lesão neurológica, perda visual e falência de múltiplos órgãos. Não é recomendado que a pessoa se trate sozinha, ela tem que procurar imediatamente uma unidade de saúde, preferencialmente uma emergência”, diz a médica. Ela afirma que existem antídotos, mas que são disponibilizados apenas nas unidades de saúde, depois de comunicação com Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox).

Machado aponta que não é possível identificar a adulteração no momento em que a bebida é ingerida, porque o metanol é incolor, inodoro e insípido. No entanto, ela reforça a importância de comunicar aos familiares e amigos que consumiram o mesmo produto de quem apresentou sintomas. “Avisa quem estava bebendo com você imediatamente, porque a cadeia de contaminação acaba se a gente descobre como foi, quando foi. Muita atenção em bares, em festas com “open bar”, que você toma esses drinks duvidosos, ‘caipivodca’ na praia, tem que ver as embalagens, lacres. Tem que desconfiar se a bebida é muito barata”, pontuou.

Estado do Rio emite alerta aos 92 municípios

O Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde, da Secretaria de Estado de Saúde (CIEVS/SES-RJ), emitiu um alerta aos 92 municípios fluminenses sobre intoxicação por metanol, após notificações em São Paulo e Pernambuco. Até o momento, não há registro de casos em cidades do Rio.
Segundo o órgão, a substância pode estar presente em combustíveis, solventes, líquidos de limpeza e é usada na adulteração de bebidas alcoólicas produzidas de forma clandestina.

O órgão recomenda que os consumidores observem atentamente os rótulos das bebidas compradas, que devem estar íntegros e os lacres e tampas não podem ter sido violados. Para comerciantes, a orientação é não comprar bebidas sem registro no Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), ou sem rótulo, lacre e selo fiscal (selo do IPI). Em caso de dúvida, é possível consultar o CNPJ do distribuidor/fabricante para verificar se são de empresas ativas ou inaptas.

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