Covid-19 causou a maioria das mortes por síndrome respiratória em setembro
Divulgado nesta quinta-feira (2/10), o novo Boletim InfoGripe da Fiocruz aponta que a Covid-19 foi a principal causa de óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) nas últimas quatro semanas epidemiológicas (de 31 de agosto até 27 de setembro).
Além dos 50,9% dos óbitos por SRAG causados por Sars-CoV-2 (Covid-19), o estudo aponta que, no mesmo recorte temporal, 25,7% dos casos foram por rinovírus; 15,8% por influenza A; 5% por vírus sincicial respiratório (VSR); e 1,8% por influenza B.
A análise mostra ainda que em algumas unidades federativas do Centro-Oeste, como Goiás e Distrito Federal (DF), o crescimento dos casos de SRAG continua sendo impulsionado pela Covid-19, que tem impactado no aumento das hospitalizações especialmente entre os idosos.
A influenza A também tem elevado o número de internações em quase todas as faixas etárias nessas localidades.
A análise é referente à Semana Epidemiológica (SE) 39 (período de 21 a 27 de setembro). O InfoGripe é uma estratégia do Sistema Único de Saúde (SUS) voltada ao monitoramento de casos de SRAG no país. A iniciativa oferece suporte às vigilâncias em saúde na identificação de locais prioritários para ações, preparações e resposta a eventos em saúde pública.
Pesquisadora do Programa de Computação Científica (Procc/Fiocruz) e responsável pelo Boletim InfoGripe da Fiocruz, Tatiana Portella ressalta que Goiás, o DF e o Espírito Santo registraram aumento de casos graves de Covid-19 e que algumas unidades federativas do Centro-Oeste (Goiás e DF) estão passando por uma segunda temporada do vírus influenza A, fator atípico para esta época do ano na região.
A gente pede que as pessoas, especialmente integrantes dos grupos de risco, verifiquem se estão com a vacinação em dia. A vacina continua sendo a principal forma de proteção contra casos graves e óbitos”, destaca Tatiana Portella.
“No mais, a gente sempre recomenda o isolamento em caso de sintomas de gripe ou resfriado ou, se não for possível, que a pessoa saia de casa usando uma boa máscara, como a N95 ou a PFF2”, alerta a pesquisadora.
No cenário nacional, os casos de SRAG apresentam sinal de estabilidade nas tendências de curto e de longo prazo. Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos positivos foi de 42,4% para rinovírus; 16,6% para Sars-CoV-2 (Covid-19); 15,6% para influenza A; 13,3% para VSR; e 2,2% para influenza B.
Estados e capitais
Na análise da SE 39, cinco das 27 unidades federativas apresentaram incidência de SRAG em nível de alerta, risco ou alto risco nas últimas duas semanas, com sinal de crescimento sustentado na tendência de longo prazo (últimas seis semanas): Amazonas, Distrito Federal, Espírito Santo, Mato Grosso e Goiás.
No Espírito Santo, o aumento de SRAG tem sido alavancado pela Covid-19 (atingindo especialmente os idosos) e pelo rinovírus (sobretudo, em crianças pequenas). No Amazonas, o crescimento dos casos de SRAG tem sido impulsionado pelo rinovírus, que atinge especialmente crianças e adolescentes de 2 a 14 anos, e pela retomada do crescimento de casos de VRS em crianças até 2 anos.
Dentre as capitais, seis das 27 apresentaram nível de atividade de SRAG em alerta, risco ou alto risco (últimas duas semanas), com sinal de crescimento de na tendência de longo prazo (últimas 6 semanas): Belém (Pará), Boa Vista (Roraima), Goiânia (Goiás), João Pessoa (Paraíba), Manaus (Amazonas) e Porto Alegre (Rio Grande do Sul).
Ano epidemiológico
Em 2025, já foram notificados 184.931 casos de SRAG, sendo 97.956 (53%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 65.950 (35,7%) negativos e ao menos 8.983 (4,9%) aguardando resultado laboratorial.
Entre os casos positivos do ano corrente, observou-se 42,7% por VSR; 27,1% por rinovírus; 23,5% por influenza A; 7,7% por Sars-CoV-2 (Covid-19); e 1,2% de influenza B.
Em relação aos óbitos por SRAG em 2025, já foram registrados 11.161 óbitos de SRAG, sendo 5.798 (51,9%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 4.331 (38,8%) negativos e cerca de 188 (1,7%) aguardando resultado laboratorial. Quanto aos óbitos positivos do ano epidemiológico, verificou-se 51% por influenza A; 22,4% por Sars-CoV-2 (Covid-19); 13,9% por rinovírus; 11,9% por VSR; e 1,8% por influenza B.