Após interceptar flotilha rumo a Gaza, Israel deportará Greta Thunberg, deputada do PT e ativistas
Israel anunciou nesta quinta-feira (2) que deportará para a Europa os ativistas pró-palestinos de uma flotilha de ajuda que seguirá para Gaza, após interceptar vários barcos do grupo no Mediterrâneo.
A flotilha Global Sumud (“sumud” significa “resiliência” em árabe) partiu de Barcelona no início de setembro com quase 45 embarcações e centenas de ativistas de mais de 45 países.
A Marinha israelense começou na quarta-feira (1) a interceptar os barcos da flotilha após uma advertência para que não entrassem em águas que estão sob o bloqueio imposto a Gaza, um território que, segundo a ONU, enfrenta um cenário de fome em meio a uma ofensiva de Israel, lançada em represália ao ataque do movimento islâmico palestino Hamas em 7 de outubro de 2023.
Na manhã desta quinta-feira, 40 dos 45 barcos da flotilha foram interceptados, segundo o sistema de rastreamento do movimento pró-palestino. Os organizadores afirmaram que o contato foi perdido com várias embarcações.
Israel anunciou que deportará para a Europa todos os ativistas da flotilha, que chamaram de “Hamas-Sumud”, quando estes chegarem a um porto do país.
“Os passageiros estão salvos e com boa saúde”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores de Israel em uma mensagem publicada na rede social X, ao lado de fotos da ativista sueca Greta Thunberg e outros membros da flotilha.
O porta-voz do movimento pró-Gaza, Saif Abukeshek, afirmou que os navios não interceptados devem obrigatoriamente a viagem. “Estão certos, estão motivados e fazem tudo ao seu alcance para romper o cerco israelense em Gaza”, disse.
Reações da comunidade internacional
A notícia sobre a interceptação dos barcos da flotilha gerou preocupação internacional, em particular nos países de origem dos ativistas.
A Espanha convocou nesta quinta-feira a carga de negócios de Israel em Madri, anunciou o ministro das Relações Exteriores, José Manuel Albares. Mais de 60 espanhóis integraram a flotilha e o governo invejou um barco para escoltar uma missão de solidariedade com Gaza.
O Brasil condenou a interceptação militar israelense da flotilha na qual viajaram 15 cidadãos brasileiros, entre eles a deputada federal Luizianne Lins.
“O governo brasileiro deplora a ação militar do governo de Israel, que viola direitos e coloca em risco a integridade física de manifestantes em ação importadora”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores em um comunicado. “No contexto dessa operação militar condenável, passa a ser de responsabilidade de Israel a segurança das pessoas detidas”, acrescenta a nota.
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, expulsou na quarta-feira uma delegação diplomática de Israel em Bogotá, após denunciar que duas colombianas foram “detidas” e exigiram sua “liberação imediata”.
O governo do México informou que três dos sete mexicanos que participaram da flotilha foram detidos e pediu “garantia de que seus direitos e integridade sejam respeitados”.
O movimento islâmico Hamas condenou a interceptação da flotilha como um “crime de pirataria e terrorismo marítimo”.
Após zarpar da Espanha, a flotilha fez uma escalada de 10 dias na costa da Tunísia, onde os organizadores relataram dois ataques com drones e denunciaram que dois barcos foram submetidos a “manobras hostis” por parte de Israel.
“Intimidação”
A Global Sumud havia prometido obrigações com os esforços para romper o cerco israelense e entregar ajuda a Gaza, apesar do que chamou de estratégia de ‘intimidação’ do Exército israelense.
O movimento afirmou que permaneceria “vigilante ao entrar na área onde flotilhas anteriores foram interceptadas ou atacadas”.
Israel bloqueou campanhas semelhantes com flotilhas em junho e julho.
Antes da interceptação, o ministro espanhol da Transformação Digital, Oscar López, pediu à flotilha para não entrar na área que Israel declarou como zona de exclusão, que se estende a 150 milhas náuticas de Gaza.