São Gonçalo: Fisioterapia de idosos no CER III vai além do tratamento de reabilitação
Grupo fortaleceu amizade, com efeitos positivos na saúde mental dos pacientes
O setor de fisioterapia do Centro Especializado em Reabilitação (CER III), em Neves, transformou-se em um lugar que vai além da reabilitação motora para um grupo de idosos. As sessões de fisioterapia contam com muitas conversas descontraídas, risos e troca de experiências. E o que era para ser apenas parte de um tratamento tornou-se um momento aguardado com entusiasmo: as sessões semanais de fisioterapia são verdadeiros encontros de amizade.
Tudo começou há cerca de seis meses, quando os aposentados Américo Correia Filho, de 66 anos, e Elimário Gomes da Silva, 71, iniciaram a fisioterapia em dupla. Com o tempo e resultado positivo, outros pacientes começaram a chegar, formando o grupo. Hoje são mais de dez pessoas. No início, as sessões eram silenciosas e marcadas por certa timidez. Hoje, a animação do grupo se mistura ao som dos aparelhos de fisioterapia e de música animada.
Sob a orientação da fisioterapeuta Lucilayne Miranda, os encontros passaram a ter um clima mais leve. A profissional adaptou os exercícios para que pudessem ser feitos em grupo, incentivando a interação. Outras três profissionais colaboram com o trabalho: Célia Monteiro, Valéria Peneda e Marcele Duarte. E até os outros pacientes que ainda fazem a fisioterapia individualizada no mesmo horário aproveitam a descontração.
“A melhora física é visível. Eles precisam se exercitar e estão recuperando os movimentos para as atividades do dia a dia. Mas o impacto emocional é ainda mais impressionante. Eles criaram uma rede de apoio entre si, um está ajudando o outro, o que é fundamental para o sucesso da reabilitação”, afirmou Lucilayne.
O tratamento já virou terapia para a maioria. Eles chegam mais de uma hora antes do horário da fisioterapia, conversam de tudo, contam histórias das famílias, se ajudam e fazem até uma pequena confraternização a cada fim de sessão. Tido como líder do grupo por ter sido o pioneiro, Américo diz que vai sentir muita falta quando receber alta.
“Comecei na fisioterapia por ter problemas na coluna após um acidente. O tratamento era bom quando era individualizado. Mas agora está muito melhor. Um descontrai o outro. O grupo ajuda. Quando estou aqui, eu fico bem. Não sinto nada. Além do físico, também melhorou a minha cabeça. Eu estava esquecido e reativei a memória. A gente veio cuidar da saúde do corpo, mas acabou cuidando também da saúde mental. Vou sentir muita falta”, contou Américo.
As histórias de vida são diferentes e o início da fisioterapia também: desde recuperação de cirurgias até o tratamento de dores crônicas e reabilitação motora. No entanto, o sentimento de gratidão parece ser o mesmo para os integrantes do coletivo. A pensionista Jacira da Silva Rodrigues, 71, é uma das mais animadas e sempre fala umas ‘graças’ durante o tratamento, garantindo também a diversão.
“Além de nos fazer bem fisicamente, estamos sendo tratados emocionalmente. Comecei a fazer sozinha após colocar uma prótese no joelho e, depois, migrei para o grupo. Não quero outra coisa. Elas me reabilitaram em todos os sentidos. Estou nova em folha. Vou correr uma maratona e chegar em primeiro lugar”, brincou, acrescentando que: “Nós sentimos saudade nos dias que não viemos. As fisioterapeutas são maravilhosas. Tudo muito perfeito aqui. Estamos muito felizes”, finalizou.
O caso tem chamado a atenção de outros pacientes e da própria equipe do CER III, que estuda implementar grupos terapêuticos voltados não apenas para a reabilitação física, mas também para o fortalecimento dos laços sociais entre os pacientes, cuidando do corpo e da mente e possibilitando que mais pessoas possam fazer o tratamento no mesmo horário.
“O que era, para muitos, apenas mais uma obrigação, tornou-se um dos momentos mais felizes da semana. Tanto que eles pedem para aumentar a quantidade dos dias de tratamento. A história do grupo é uma prova de que, com empatia, cuidado e companhia, até os desafios da saúde podem ser enfrentados com mais leveza. A gente ficou muito feliz e começou a estudar a possibilidade de formar outros grupos em diferentes dias e horários. Essa experiência está sendo muito válida”, afirmou a diretora da unidade, Micheli Samary.