TJRJ condena mulher pela morte de colombiano por ‘Boa noite, Cinderela’
O Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) condenou uma mulher pelo latrocínio de um colombiano vítima do golpe “Boa noite, Cinderela”. O crime aconteceu em outubro de 2024, quando Cláudia Mayara Alves Soliva e uma comparsa doparam e roubaram Manuel Felipe Martínez Mantilla, de 33 anos, que acabou morrendo. A acusada está presa desde março deste ano e a prisão preventiva foi mantida.
A decisão da juíza Camila Rocha Guerin, da 36ª Vara Criminal da Comarca da Capital, estabeleceu pena de 20 anos e 10 dias em regime fechado. A denúncia do Ministério Público do Rio (MPRJ) afirma que Cláudia Mayara e outra mulher conheceram o estrangeiro na Pedra do Sal, de onde seguiram para a Praça do Parque União, no Complexo da Maré, Zona Norte. No local, elas doparam o homem, colocando substâncias como clonazepam, ecstasy e metanfetamina na bebida, identificadas no sangue da vítima em exame pericial.
Ainda segundo o MPRJ, depois que Manuel Felipe ficou inconsciente, Cláudia Mayara solicitou um carro por aplicativo para levar o colombiano até Copacabana, na Zona Sul, onde estava hospedado. Ela entregou ao motorista a carteira, carteirinhas da faculdade, celular e o óculos do turista que, ao perceber que ele parecia passar mal, o levou para o Hospital Federal de Bonsucesso, na Zona Norte. A vítima deu entrada na unidade em parada cardirrespiratória e não resistiu. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou edema pulmonar por uso de substâncias tóxicas.
As investigações descobriram que a acusada usou o cartão de crédito do colombiano na compra de um celular e passou o mesmo na máquina do irmão ao menos oito vezes. Manuel Felipe era professor da Universidade Nacional da Colômbia e funcionário do Ministério da Fazenda do país. Ele também mencionava em suas redes sociais que era candidato a PhD em Desenvolvimento Econômico na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em São Paulo. Cláudia Mayara foi presa em 21 de março, depois de ser identificada como líder da maior quadrilha do golpe do “Boa noite, Cinderela” no Rio.
Polícia investiga morte de argentino e outros golpes
A Polícia Civil investiga se o turista argentino Alejandro Mario Ainsworth, de 54 anos, encontrado morto no último dia 8, na estrada da Grota Funda, na Zona Sudoeste, foi alvo de “Boa noite, Cinderela”. A vítima desapareceu no dia anterior e o corpo foi localizado sem sinais de violência. À imprensa da Argentina, a família do estrangeiro afirmou que as contas dele foram esvaziadas, empréstimos foram feitos e o telefone celular estava fazendo movimentações suspeitas, como alteração de senhas.
Nesta terça-feira (23), uma mulher foi presa por ter aplicado o golpe em turistas da Alemanha, Suíça e Noruega, bem como de São Paulo e Minas Gerais, que conheceu na Lapa, Região Central, e na Zona Sul. A acusada sedava os alvos e depois roubava pertences e fazia transações bancárias com os cartões deles. No último dia 18, duas mulheres também foram presas pelo mesmo crime, após conhecerem uma vítima em uma boate na Lapa. Após ingerirem bebidas alcoólicas, ambos foram até um hotel em Copacabana e, ao acordar, o homem relatou que mais de R$ 10 mil haviam sido retirados de sua conta bancária.
Em 8 de setembro, uma garota de programa foi presa por aplicar “Boa noite, Cinderela” contra um turista francês que conheceu na Pedra do Sal. Eles seguiram até uma hospedaria em Copacabana, onde o crime aconteceu. A vítima só recuperou a consciência no dia seguinte, quando estava no hospital com ferimentos graves. Na ocasião, ele foi arremessado de um veículo em movimento, teve um celular e R$ 150 em espécie roubados, além de cerca de R$ 50 mil transferidos da conta bancária.
No último dia 5, a Polícia Civil prendeu Mayara Ketelyn Américo da Silva, acusada de aplicar o “Boa noite, Cinderela” em dois turistas britânicos, no mês passado. Segundo a denúncia, ela e outras duas mulheres conheceram as vítimas na Fundição Progresso, na Lapa, e convidou os turistas a continuar a noite na orla de Ipanema, oferecendo caipirinhas com substância capaz de causar sonolência e desorientação.
Vídeos que circularam nas redes sociais à época mostram um dos turistas desacordado na areia da praia, na altura do Posto 9. Um homem passava pela Avenida Vieira Souto e gravou o momento em que a vítima, já desorientada, cambaleou pelo calçadão até cair com o rosto na areia. Posteriormente, a testemunha viu as mulheres entrando em um táxi e fugindo. Mihailo Petrovic e Diego Bravo tiveram um prejuízo estimado de R$ 110 mil.