Criador das ‘cidades-esponja’: quem era o arquiteto que morreu em acidente de avião em MS
Kongjian Yu era professor da Universidade de Pequim e diretor do escritório de arquitetura paisagística Turenscape, um dos maiores do mundo. O conceito criado por ele previa cidades desenhadas para absorver grande volumes de água.
A morte do arquiteto e paisagista chinês Kongjian Yu, considerado um dos maiores arquitetos do mundo e pai do conceito de “cidades-esponja”, foi confirmada nesta quarta-feira (24). Ele e mais três pessoas estavam a bordo de uma aeronave que caiu na zona rural de Aquidauana, Pantanal de Mato Grosso do Sul. Não há sobreviventes.
De acordo com a Comissão de Arquitetura e Urbanismo do Brasil, Yu veio para o Brasil para participar da Bienal de Arquitetura. Depois, seguiu em missão ao Pantanal sul-mato-grossense para conhecer a região.
Yu era professor da Universidade de Pequim e diretor do escritório de arquitetura paisagística Turenscape, um dos maiores do mundo, fundado em 1998.
O arquiteto nasceu em 1963 na vila Dongyu, Jinhua, província de Zhejiang, China, em uma família de agricultores. Ele foi o criador de uma das ideias mais inovadoras da arquitetura moderna, chamada de “cidades-esponja”, desenhadas para absorver um grande volume de água.
Ele falou sobre o conceito em entrevista ao Fantástico no ano passado. “Eu sou de uma pequena vila que tem um rio. Vivi 17 anos como agricultor, isso me ensinou como trabalhar com a natureza”, contou.
O arquiteto era também consultor do governo chinês. Projetou obras em mais de 70 cidades, que hoje são capazes de receber mais chuva do que caiu ano passado no Rio Grande do Sul.
💧 A noção de cidade-esponja ganhou força após uma tragédia em Pequim em 2012, quando chuvas intensas provocaram a morte de quase 80 pessoas. Na ocasião, a Cidade Proibida — construída séculos antes com um sofisticado sistema de drenagem — permaneceu seca.
🛣️ O episódio reforçou a crítica de Yu: cidades modernas dependem demais de infraestrutura de concreto, canos e bombas, mas negligenciam soluções naturais que permitem à água infiltrar no solo. A partir daí, a China passou a investir fortemente em projetos de cidade-esponja.
Yu era graduado na Universidade Florestal de Beijing e doutor pela Universidade Harvard, nos Estados Unidos.
Segundo a revista Fapesp, em seus premiados projetos em cidades chinesas, Yu adotou a natureza e a metodologia conhecida como soluções baseadas na natureza para absorver, limpar e usar as águas fluviais e pluviais – em vez de expulsá-las com pressa das áreas urbanas com canalizações.