Vaticano acusa China de violar acordo de nomeação de bispos pela 2ª vez em meses
O Vaticano acusou nesta terça-feira (4) a China de romper um acordo bilateral ao nomear o bispo de Xangai sem o seu aval. A ação desrespeita um pacto entre as nações que, firmado em 2018 e renovado em 2022, determinava que todas as indicações de bispos e padres no país asiático têm que ser reconhecidas pelo papa.
O tratado foi o primeiro passo para o regime liderado por Xi Jinping reconhecer o pontífice como líder supremo da Igreja Católica. Antes disso, postos eclesiásticos no território contavam apenas com o endosso da chamada Associação Patriótica Católica Chinesa, que, em última instância, respondia às autoridades chinesas, e não ao Vaticano.
Em comunicado, a Santa Sé afirmou que tinha sido informada “há alguns dias” da decisão de Pequim de transferir o bispo Shen Bin de Haimen, na província de Jiangsu, para a diocese de Xangai, mas que só descobriu que a decisão havia sido oficializada por meio da mídia local. A embaixada chinesa em Roma não respondeu à acusação.
As supostas infrações recentes devem inflamar os muitos críticos do acordo, que argumentam que o país asiático tem restringido cada vez mais as liberdades religiosas nos últimos anos e descrevem a decisão da Igreja Católica como uma traição.
Em julho do ano passado, em entrevista à agência de notícias Reuters, o papa Francisco reconheceu que o acordo “caminha lentamente”, mas defendeu a posição de que a Igreja Católica precisa ter uma visão de longo prazo na China e que um diálogo imperfeito é melhor do que não ter nenhum diálogo.
China e Vaticano romperam relações diplomáticas no início da década de 1950, quando a Santa Sé reconheceu em vez disso a independência de Taiwan —ilha que o regime chinês considera uma província rebelde.
O Vaticano insiste que o trato com a China envolve apenas a estrutura da Igreja no país e que não se trata de uma porta de entrada para estabelecer relações diplomáticas totais, o que faria com que as lideranças católicas tivessem de cortar laços com Taiwan.