Feira da Glória recebe elogios do público por uso de barracas na Praça Paris: ‘Mudança positiva’
Ao DIA, comerciantes e frequentadores aprovaram a modificação, iniciada no último mês de julho
Frequentadores e comerciantes da tradicional Feira da Glória, no Centro do Rio, aprovaram a mudança das barracas do setor gastronômico do evento para a Praça Paris, alegando que o número de vendas subiu, a visibilidade dos expositores aumentou e o conforto cresceu. A modificação foi iniciada no último mês de julho, quando a prefeitura anunciou a realocação dos estandes para melhorar o ordenamento na região.
Ao DIA, a vice-presidente do circuito, Joana Cardozo, destacou a “super aprovação” e os elogios que a nova organização dos vendedores tem recebido.
“Aquelas reclamações que tinham de moradores, hoje eles entendem que o circuito é mais organizado. Estamos nos tornando uma associação aonde todo mundo é colaborativo. Hoje, temos barracas padronizadas chegando aqui. Todos os expositores vendendo, muito felizes. A maioria, inclusive, diz que está vendendo mais do que vendia quando estava lá fora. Isso, se você chegar aqui, bate porque tem pessoas que estavam lá fora, muito espremido, muita barraca, e hoje há uma visibilidade, porque não tem mais mesas, cadeiras”, afirmou.
Joana também mencionou que funcionários realizam uma limpeza no local ao fim do dia de evento, com apoio dos garis, e comentou sobre melhorias na infraestrutura do espaço. “Virou hype. A galera traz a sua canga, senta aqui, alguns expositores oferecem canga. Temos banheiro também. Hoje em dia, nós contratamos 10 banheiros. Não temos mais o sufoco de expositores ficarem sofrendo em fila de banheiro, tem três banheiros para eles e sete para o público. Tá uma coisa bem bacana.”
O público também elogiou as mudanças. Moradora da Tijuca, a administradora Gisela Marzan, de 47 anos, frequenta a Feira da Glória há anos e falou que antes, a quantidade de filas era muito grande, o que melhorou com o novo ordenamento.
“Eu vinha com as minhas amigas e era uma luta no início. A gente ficava brigando pra tentar achar uma mesinha, ficávamos muito onde tinha uma kombi que servia caipirinhas. Aí, a gente ficava andando na feira pra tentar achar comida. Não tinha onde sentar, onde ir, andar, era aquela loucura. Muitos pedintes, era muito ruim naquela época. Era bom e ruim. A gente gostava de vir, mas tinha esses detalhes, não tinha onde ficar. Se não achasse uma mesa, tinha que comer com seu pratinho na mão”, explicou.
Gisela contou que as mudanças foram determinantes para que ela pudesse finalmente experimentar a comida nigeriana de uma barraca que antes, sempre ficava com muita fila. “No que veio aqui para dentro, a gente tem esse conforto de trazer a nossa canga, sentar na grama, você visualiza as barracas, é mais fácil de encontrar a barraca que a gente quer. O conforto melhorou muito, a organização, tá outra coisa. Tá maravilhoso”, disse.
A administradora Isa Simões, 30, mora no Catete e veio à Feira da Glória pela primeira vez desde que parte dela passou a ficar na Praça Paris. “Eu achei bastante interessante ter um espaço. Viemos com nosso cachorro, ficou um ambiente confortável para ficar ali, curtir o dia, pegar a comida, ter um lugar para sentar. Acho que essa mudança deu mais conforto. Ver todo mundo que estava lá, a galera comemorando aniversário, foi bem legal”, disse.
Já Gabriel avaliou que mesmo com alguns benefícios das mudanças, é necessário ter um olhar crítico sobre elas. “Achei legal esse espaço para poder sentar, confraternizar, levar cachorro. Mas acho que a gente tem que curtir criticando, e de que maneira acontece uma higienização que é da formação do Rio. As barracas que entraram tomaram lugar do shopping chão que tinha ali. Muitas pessoas vendendo coisas usadas, e hoje só o que a gente vê é guarda com cassetete na mão e um controle ali, higienizado para receber os turistas”, opinou.
‘Público gostou bastante’
Comerciantes da Feira da Glória elogiaram as mudanças no circuito. André Sena, 44, dono de uma barraca de cervejas do local, afirmou que a alteração proporcionou mais alternativas para o público.
“Lá onde nós estávamos, como ficava um tumulto muito grande, a gente tinha uma dificuldade de fazer cliente. Tinha um público passante muito alto, mas as pessoas não ficavam para beber. Aí, com a mudança para a Praça Paris, as pessoas podem vir para cá, sentar na grama, decidir o que vão fazer e escolher a melhor opção delas”, explicou.
O vendedor ainda destacou que neste domingo (14), o tempo nublado pode ter atraído alguns clientes. “Realmente, isso aumentou nossa receita, tem alguns dias que tem vendido muito. Tem a questão do tempo, que interfere diretamente. Hoje, é um dia que o céu está parcialmente nublado, então as pessoas deixam de ir para a praia e passam a vir para o parque. Averiguamos novos clientes, porque a Praça Paris tem essa capacidade de trazer uma galera que quer ficar, curtir. Foi uma mudança muito positiva.”
Quem também ficou contente com a melhora nas vendas foi a Meyre Ferreira, de 55 anos, que trabalha no local há duas décadas com artesanato e comidas. “Cada dia, a gente vê que as pessoas estão circulando mais no circuito, que o público gostou bastante e as vendas dos expositores também melhoraram muito. É só felicidade”, comemorou.
Outras barracas de comida, além de food trucks, seguem posicionados ao longo da Rua da Glória e da Augusto Severo. A alteração ainda está em fase de testes.
Mudança do setor gastronômico
O prefeito Eduardo Paes anunciou, em 18 de julho, a transferência do setor gastronômico para a Praça Paris. O mandatário justificou a mudança em publicação nas redes sociais. “A Feira da Glória, a maior feira de rua do Rio e patrimônio carioca, havia se tornado um verdadeiro caos, com absurdos que iam desde ponto de ônibus como depósito de mercadoria, até dezenas de botijões de gás um ao lado do outro, sem nenhum tipo de segurança”, escreveu.
A alteração aconteceu após ação da Secretaria Municipal de Ordem Pública, em 13 de julho, que determinou a retirada de barracas sem aviso prévio, de acordo com os feirantes.
Patrimônio cultural
A Feira Livre da Glória foi oficialmente declarada Patrimônio Histórico, Cultural e Imaterial do Estado do Rio de Janeiro, no último dia 8 de julho. O local oferece grande diversidade de produtos, incluindo comidas e bebidas típicas, artesanato, roupas e objetos de decoração, além de apresentações musicais, como rodas de samba.