Seap prevê para novembro lançar licitação para bloqueadores de celular em presídios do RJ

A secretária estadual de Administração Penitenciária, Maria Rosa Lo Duca Nebel, anunciou nesta terça-feira (22) que em 15 dias a Seap lançará um edital para aquisição de bloqueadores de celular nos presídios do estado.

“O processo se encontra já em fase de licitação. O edital será publicado na 1ª semana de novembro, em uma licitação por pregão”, declarou.

Nesta terça, a Polícia Civil do RJ deflagrou a Operação 13 Aldeias, contra o Povo de Israel (PVI), facção criminosa formada nos presídios do RJ que se especializou no golpe do falso sequestro. Segundo as investigações, o PVI movimentou R$ 70 milhões obtidos em extorsões em 2 anos, e seus integrantes tinham um arsenal de celulares dentro das cadeias.

“Ficamos uma semana na Secretaria Nacional de Políticas Penais a fim de fazer uma prova de conceito, saber qual a tecnologia que daria para instalar no Complexo de Gericinó e nos demais presídios”, contou.

Desde 2023, a Polícia Penal do RJ apreendeu quase 6 mil celulares de detentos do PVI. Segundo a Seap, em 2023 foram arrecadados 3.792 celulares; este ano, o balanço parcial aponta 2.040 aparelhos retidos. Só nesta terça-feira, a Polícia Penal encontrou 120 telefones.

“Desde 2004, todas as gestões tentam de alguma forma impedir que esses aparelhos funcionem dentro das unidades prisionais. Entretanto, no que a operadora bloqueia o celular do preso, bloqueia também o seu entorno, inclusive o 14º BPM (Bangu)”, explicou Maria Rosa.

Expulsos formaram facção

O Povo de Israel foi fundado em 2004 por renegados por outras denominações — muitos são estupradores e pedófilos. De posse de celulares, que entram ilegalmente dentro dos presídios, eles criaram uma indústria de extorsões.

Segundo as investigações, o PVI hoje influencia 18 mil detentos de 13 unidades prisionais, chamadas de “aldeias”. Esse volume representa 42% do efetivo prisional.

Chefes do Povo de Israel já encarcerados foram alvos da ação desta terça: Marcelo Oliveira, o Tomate; Avelino Gonçalves, o Alvinho; Ricardo Martins, o Da Lua; e Jailson Barbosa, o Nem.

De acordo com a Polícia Civil, 1.663 pessoas físicas e 201 pessoas jurídicas foram utilizadas para fazer circular o dinheiro.

Os golpes são:

  • Falso sequestro: de dentro de uma cela, o preso liga para números aleatórios e finge ser um parente mantido refém por bandidos. Quando a vítima morde a isca, outro detento assume a chamada e passa a exigir um resgate.
  • Falsa taxa: os encarcerados ligam para estabelecimentos comerciais e se passam por traficantes da região. Falam que há dívidas e ameaçam o lojista com supostas retaliações.

 

Onde o PVI está

  1. Benjamin de Moraes Filho, Complexo de Gericinó
  2. Cotrim Neto, Japeri
  3. Crispim Ventino, Benfica
  4. Evaristo de Moraes, São Cristóvão
  5. Hélio Gomes, Magé
  6. José Antônio da Costa Barros, Complexo de Gericinó
  7. Juíza Patrícia Acioli, São Gonçalo
  8. Luis Cesar Fernandes Bandeira Duarte, Resende
  9. Milton Dias Moreira, Japeri
  10. Nelson Hungria, Complexo de Gericinó
  11. Plácido Sá Carvalho, Complexo de Gericinó
  12. Romeiro Neto, Magé
  13. Tiago Teles de Castro Domingues, São Gonçalo

 

Nelson Hungria, a ‘central da extorsão’

Ainda segundo as investigações da DAS, a base da facção é o Presídio Nelson Hungria, que fica dentro do Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste da cidade.

O Povo de Israel não tem relação com o Complexo de Israel, conjunto de favelas na Zona Norte do Rio dominado pelo Terceiro Comando Puro, a 2ª maior facção do tráfico do RJ, atrás apenas do Comando Vermelho.

Segundo a Polícia Civil, o inquérito mostra que há uma clara divisão de tarefas e funções dentro da organização. São chamados de “empresários” os presos responsáveis por obter o celular que será usado dentro da cadeia.

O apelido de “ladrão” é para aquele que faz as ligações para as vítimas, simulando vozes de parentes que estariam supostamente em poder da quadrilha. Tem também os “laranjas”, aliados fora das prisões que recebem o dinheiro obtido nos crimes.

Foi descoberto, por exemplo, que a quadrilha já tem ramificações no Espírito Santo e em São Paulo, com pessoas que recebem o dinheiro das extorsões em contas bancárias.

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