Museu de Arte do Rio abre exposição que celebra a obra de Elisa Martins da Silveira, artista que participou do Grupo Frente
As cores, a objetividade e a originalidade na produção da artista Elisa Martins da Silveira (1912-2001) serão o ponto de partida para a nova exposição que chega ao mais carioca dos museus. No dia 18 de outubro, o MAR inaugura a exposição “Elisa Martins da Silveira”, que tem o objetivo de rever aspectos da produção cultural do nosso país. Contextualizar a produção artística da pintora piauiense junto aos artistas de sua geração amplia a compreensão de sua prática, evidenciando o diálogo que ela estabeleceu com seus contemporâneos e a pluralidade de sua inserção no cenário artístico da época. Com a exposição, o Museu de Arte do Rio propõe revisitar a história cultural com um olhar mais inclusivo sobre artistas que foram esquecidos ou negligenciados no circuito institucional ao longo dos anos. A exposição tem curadoria de Marcelo Campos, Amanda Bonan, Thayná Trindade, Amanda Rezende, Jean Carlos Azuos e Felipe Scovino, curador convidado.
A pintura “Crianças brincando” (1953), de Elisa, faz parte do acervo do Museu de Arte do Rio e foi o ponto de partida para a criação e concepção da mostra. “O nosso interesse partiu do diálogo dessa única obra da coleção e aí pensamos o contexto de onde a obra surge, que é um contexto de encontro entre a arte construtiva, que lida com a abstração geométrica no Brasil, e a produção chamada de arte popular”, revela Marcelo Campos. A exposição tem o objetivo de situar a obra da artista no contexto das diferentes correntes estéticas predominantes no Brasil durante as décadas de 1950 e 1960. Em 1952, iniciou sua formação artística participando dos cursos ministrados por Ivan Serpa no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/Rio), integrando o Grupo Frente entre 1954 e 1956. Liderado por Serpa, o grupo congregou nomes de destaque como Abraham Palatnik, Aloísio Carvão, Décio Vieira, Hélio Oiticica, Lygia Clark e Lygia Pape, entre outros. Apesar de sua participação no Grupo Frente, de Bienais Internacionais de São Paulo, além de exposições de caráter predominantemente abstrato e geométrico, a obra de Elisa foi caracterizada pela historiografia da época como “primitiva” ou “naïf”, refletindo as tendências classificatórias predominantes na época. “A exposição é para desfazer a nomenclatura naif, é para rever a História da Arte e é para mostrar a potência dessa mulher nordestina, uma artista que convive com a geração que fomenta a arte pós-moderna e contemporânea. O trabalho da Elisa mostra a possibilidade da gente entender um Brasil pelo viés popular, que também exerce conhecimento e pensamento em torno de cor e forma”, afirma Campos, curador chefe do MAR.
Com mais de 100 obras, vinte delas da Coleção MAR, a exposição monográfica sobre Elisa Martins demonstrará a convivência dela com artistas da mesma geração. Pinturas inéditas de Elisa Martins, oriundas do acervo de sua família, estarão ao lado de obras de Ivan Serpa, Aloísio Carvão, Djanira, Heitor dos Prazeres, Lygia Clark, Abraham Palatnik, Rosina Becker, Alfredo Volpi, Lygia Pape entre outros. “Elisa Martins da Silveira representou um vértice singular no projeto de uma arte moderna discutida no Brasil nos anos 1950. Se naquela altura o debate fortemente se colocava entre uma tradição figurativa e a novidade construtiva, a obra de Elisa apontava, de maneira autoral, para os rituais religiosos, incluindo os de origem afrodiaspórica, a paisagem do interior do país, a festa e o júbilo. Era uma forma de narrar a diversidade cultural, muitas vezes com foco em lugares ou pessoas escanteadas na história da arte. É curioso como Silveira ilustra o progresso pela ausência. Suas obras não retratam automóveis, indústrias, uma paisagem fabril ou tecnológica. Em pleno momento do desenvolvimentismo, a sua produção volta-se para uma paisagem distante desse assombro moderno”, aponta o curador convidado Felipe Scovino. Na abertura da mostra, gratuita ao público, haverá a apresentação do Choro de Pizindim. A exposição ficará em cartaz no MAR até 02 de fevereiro de 2025.
Choro de Pizindim
O grupo, que faz menção ao apelido de Pixinguinha quando pequeno, toca choros, maxixes e sambas. Em uma formação de dois sopros, violão e pandeiro, o grupo apresenta repertório de clássicos de grandes nomes da música brasileira do início do século XX, como Pixinguinha, Ernesto Nazareth e Chiquinha Gonzaga.
MUSEU DE ARTE DO RIO
O MAR é um museu da Prefeitura do Rio e a sua concepção é fruto de uma parceria entre a Secretaria Municipal de Cultura e a Fundação Roberto Marinho. Em janeiro de 2021, o Museu de Arte do Rio passou a ser gerido pela Organização de Estados Ibero-americanos (OEI) que, em cooperação com a Secretaria Municipal de Cultura, tem apoiado as programações expositivas e educativas do MAR por meio da realização de um conjunto amplo de atividades. A OEI é um organismo internacional de cooperação que tem na cultura, na educação e na ciência os seus mandatos institucionais.
”Para a OEI, o Museu de Arte do Rio (MAR) é um espaço fundamental que conecta a cultura carioca ao mundo, preservando e valorizando as expressões artísticas locais. Por meio de suas exposições e iniciativas educativas, o MAR não apenas promove o acesso à cultura, mas representa um convite ao diálogo e à pluralidade, algo de extrema importância para a coesão de nossa sociedade”, comenta Rodrigo Rossi, Diretor da OEI no Brasil. Em 2024, a OEI e o Instituto Arte Cidadania (IAC) celebraram a parceria com o intuito de fortalecer as ações desenvolvidas no museu, conjugando esforços e revigorando o impacto cultural e educativo do MAR, a partir de quando o IAC passa a auxiliar na correalização da programação.
O MAR tem o Instituto Cultural Vale como mantenedor, a Equinor e a Globo como patrocinadores master e o Itaú Unibanco como patrocinador. São os parceiros de mídia do MAR: a Globo e o Canal Curta.
A Machado Meyer Advogados e a Wilson Sons também apoiam o MAR.
O MAR conta ainda com o apoio da Prefeitura do Rio de Janeiro, do Governo do Estado do Rio de Janeiro, do Ministério da Cultura e do Governo Federal do Brasil, também via Lei Federal de Incentivo à Cultura.
Mais informações em www.museudeartedorio.org.br
Programação da abertura 18/10/2024, sexta-feira
18h – Abre a exposição
18h30 – Falas Institucionais na exposição
19h – Choro de Pizindim
21h – Encerra a roda de choro
22h – Fechamento dos portões
Horário de funcionamento:
De Terça-feira a domingo
Venda de Ingresso na bilheteria e/ou totens: 10h30 às 17h
Visitação ao pavilhão de exposições: 11h às 18h (última entrada às 17h)
Valor do Ingresso Inteira: R$ 20,00; Meia-entrada: R$ 10,00
Terças-feiras gratuitas
Formas de pagamento: Cartões de crédito ou débito.
Informações de gratuidade: