26 de agosto de 2025
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Siderúrgica citada por poluição ‘devastadora’ em Santa Cruz parou de divulgar níveis de emissão de poluente nocivo à saúde

A siderúrgica Ternium, alvo de denúncia de um relatório internacional sobre poluição, tem uma licença que obriga que a empresa opere estações de monitoramento de qualidade do ar e envie os relatórios para o Instituto Estadual do Meio Ambiente (Inea). Mas, em setembro, poluente nocivo à saúde só foi monitorado em seis dias.

Recentemente, um relatório apontou que a produtora de aço polui o ar “de maneira devastadora” em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio.

A poluição produzida foi analisada em um relatório feito pelo Centro de Pesquisa em Energia e Ar Limpo (Crea), organização internacional com sede na Finlândia. No bairro João XVIII, os moradores reclamam que o pó preto invade as casas, se acumula em pátios e deixa os móveis sujos.

Perto da siderúrgica funciona a estação do Inea, que controla a qualidade do ar. A licença de operação da Ternium obriga que ela mantenha e opere essa e outras estações de monitoramento. Além disso, a empresa tem que enviar em tempo real, com prazo de até uma hora, todas as informações para o Inea.

Uma das partículas muito poluentes, chamada MP 2.5, é monitorada por essa estação e desde o início do ano vem apresentando médias bem acima do que é recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela legislação brasileira. Nas últimas semanas, a estação parou de dar informações, na maior parte do tempo, sobre esse poluente.

“Esse material particulado fino entra no aparelho respiratório e traz um problema grave para a saúde, especialmente daquelas pessoas que já tem problemas respiratórios ou outros problemas que podem ser agravados com isso”, explica o presidente do Conselho Regional de Química, Harley Moraes Martins.

O relatório estima, com base nas emissões de poluentes declarados pela própria empresa, que a poluição já produziu 300 novos casos de asma em crianças e cerca de 1,2 mil mortes por derrames, infecções respiratórias, câncer de pulmão e diabetes.

Em setembro, a empresa só informou sobre a presença do MP 2.5 durante seis dias. Uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) fixou o limite de 20 microgramas por metro cúbico desse poluente, em média, por ano.

A média de janeiro a setembro, segundo o Inea, foi quase quatro vezes maior do que a prevista.

 

A TV Globo apurou que são quase 300 processos na Justiça movidos por moradores contra a Ternium, que afirmam ter a saúde prejudicada pela poluição emitida pela empresa.

O diretor da Ternium, Pedro Henrique Gomes Teixeira, afirma que monitoramentos do Instituto Estadual do Ambiente e da própria empresa mostram que as emissões estão dentro dos limites da Organização Mundial da Saúde.

Mas, não explicou o motivo pelos dados sobre o poluente não terem sido informados. A Ternium disse que colabora com a manutenção de três estações de monitoramento do sistema de qualidade di ar na região de Santa Cruz

Procurado, o Inea disse que a estação de Santa Cruz apresentou instabilidade no final de agosto e que no dia 9 de setembro foi feita manutenção, mas que problemas persistiram.

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