Influenciadora lucra com teste de fidelidade pela internet, cobrando R$ 150 para seduzir

Nas redes sociais, um grupo de influenciadoras digitais descobriu um nicho especial de conteúdo. Elas compartilham trocas de mensagens com homens comprometidos, depois de serem contratadas pelas namoradas ou pelas mulheres deles com uma missão especial: colocar em xeque a confiança no relacionamento. É o novo teste de fidelidade, em versão repaginada dos programas de TV que fizeram sucesso nos anos 2000.

Agora, o negócio funciona de forma virtual, com pagamento por dias de trabalho. Todo o teor das conversas é passado para as clientes. Algumas das empreendedoras contam até com funcionárias contratadas, buscando atender aos mais variados gostos e cobrir todo o território nacional.

Em geral, as novas colaboradoras são antigas contratantes que desmascararam seus companheiros. Essas mulheres não choram mais, elas faturam em cima da dor, como diz o novo sucesso da cantora Shakira, que acaba de lançar uma música com várias indiretas ao ex-marido Piqué, após ser traída e se separar.

A influenciadora Lídia Bertoncello, de 24 anos, começou a fazer testes de fidelidade depois de um relacionamento abusivo. Desconfiada de que estava sendo traída, era sempre chamada de doida ao questionar o namorado, até que resolveu combinar o teste com uma amiga para deixar todas as suspeitas de lado:

— Os dois conversaram e marcaram de sair. Tive a minha comprovação e terminei. Então, comecei a fazer o mesmo com os namorados das minhas amigas, postando os primeiros vídeos das conversas.

Brincadeira virou negócio

No início, era apenas uma brincadeira. Lídia começou a receber inúmeras mensagens e continuava sem cobrar, até perceber que investia muito tempo nos testes.

— Minha psicóloga recomendou que eu monetizasse isso, porque eu estava investindo muito. Comecei a cobrar R$ 5, e tinha dias em que eu fazia 50 testes. Hoje, cobro R$ 150 por dez dias de conversa — explica a influenciadora.

Sozinha, ela já fez dez mil testes em um ano. No último cálculo, menos de 500 homens passaram sem ceder a qualquer investida: bloquearam logo de início ou não responderam, mas alguns podem ter desconfiado. Atualmente, Lídia namora, mas sofre com problemas de confiança por já ter vivido uma relação abusiva e pelos resultados dos testes.

— As mulheres sempre compartilham suas histórias. Eu não consigo mais acreditar em declaração de amor na internet — admite ela.

Depois do sucesso nas redes, com vídeos de até 13 milhões de visualizações, o rosto de Lídia Bertoncello ficou conhecido demais, o que dificultou os testes. Então, ela decidiu empreender e contratou outras meninas.

Atualmente, 15 mulheres com idades entre 18 e 30 anos trabalham ao lado da influenciadora nos testes de fidelidade. A cliente pode escolher quem da equipe vai conversar com seu namorado, de acordo com as preferências dele ou pela proximidade regional.

Quem contrata acaba virando parceira

A maioria das mulheres contratadas já foi cliente de Lídia Bertoncello. É o caso da curitibana Júlia Marques (nome fictício), de 28 anos. Quando resolveu testar o parceiro, a massoterapeuta namorava um rapaz de Brasília e queria apenas dormir com a consciência tranquila.

— A Lídia entrou em contato, mas descobri que ele estava me hackeando e vendo todas as nossas conversas. Então, ele nunca caiu no teste — conta a curitibana.

Por conta da amizade que fez com Lídia após o episódio, ela entrou de vez no negócio, sobretudo porque tinha muito tempo livre no trabalho. Além disso, mora sozinha e aproveita as noites de tédio para faturar.

— Na média, faço cinco testes por semana. Já cheguei a pensar em largar a massoterapia, porque ganho R$ 5 mil por mês no trabalho e cerca de R$ 500 por semana com testes. Só que eu comecei recentemente e, em fim de ano ou feriados, não rende muito. Agora é que começa a melhorar — explica.

Dos cinco testes que Júlia fez na última semana, somente dois homens passaram: não desconfiaram, mas cortaram o assédio “na lata”, como ela diz. Além disso, é recorrente que as mulheres perdoem os parceiros que caem no teste. Em três meses, porém, elas contratam os serviços novamente.

— Também é raro as mulheres aceitarem quando o cara é fiel, porque não confiam — diz Júlia, que revela um caso curioso: — Uma mulher já me escolheu para testar o marido e o amante dela. O melhor de tudo é que o amante me bloqueou na hora, e o marido caiu. Agora ela vai se separar.

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