Filho do cantor e pastor Waguinho foi morto por sargento e cabo da PM
Filho do cantor e pastor evangélico Waguinho, ex-pagodeiro do grupo Os Morenos, Lucas Felipe Alves da Silva, de 22 anos, foi morto a tiros durante uma ação da Polícia Militar na Baixada Fluminense. Ao registrarem o caso como morte por intervenção de agentes do Estado na 60ª DP (Campos Elísios), por volta das 11h de 8 de novembro, um sargento e um cabo do 15º BPM (Duque de Caxias) narraram que o jovem estava com uma pistola e uma mochila com drogas quando foi baleado numa favela. Eles alegaram que isso aconteceu durante um patrulhamento que tinha como objetivo combater os roubos de veículos e cargas praticados por uma quadrilha.
De acordo com os depoimentos, aos quais o EXTRA teve acesso com exclusividade, os militares relatam que, ao se dirigirem à esquina das ruas Conde de Irajá e Laprez Cangulo, acabaram se deparando “com oito meliantes armados” e que, ao os avistarem, “efetuaram diversos disparos de arma de fogo contra eles”. A fim de “reprimir a injusta agressão”, um sargento deu 25 tiros de fuzil, e um cabo, 16.
Também na delegacia, ambos contaram que, após a ação, “um meliante armado caiu no solo, e os demais se evadiram”. “Progredindo ao território”, eles disseram ter feito uma abordagem do indivíduo e, com o baleado, teriam encontrado uma pistola calibre 380 com numeração raspada e quatro projéteis, além de uma mochila contendo 126 trouxinhas de maconha, 101 pinos de cocaína e 51 sacolés de crack. O rapaz ainda estaria com um radiotransmissor preso à cintura.
Os policiais militares disseram ter prestado socorro ao rapaz, que não foi identificado naquele momento. Ele teria sido levado, “ainda com vida”, ao Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Saracuruna. Na unidade de saúde, não resistiu aos ferimentos. O sargento e o cabo ponderaram que não acionaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para “empregar maior celeridade na prestação de socorro ao homem alvejado”.
Na 60ª DP, os PMs ainda afirmaram que não há testemunhas do caso e que, “a princípio”, mais ninguém foi atingido pelos tiros. Como não estava com documentos, Lucas Felipe só foi identificado por meio de digitais, em um exame realizado na manhã seguinte no Instituto Médico-Legal Afrânio Peixoto. No laudo, assinado pelo legista Álvaro César de Assis Amorim, é informado que se fez necessária uma comparação dos dados coletados com informações do Sistema Estadual de Identificação.
Procurado pelo EXTRA, Waguinho informou, por meio de sua assessoria, que “ainda está aguardando a total apuração dos fatos e não toca no assunto, até que tudo se esclareça através das autoridades competentes”.
Dois dias após a morte de Lucas Felipe, o pai se pronunciou sobre o caso em suas redes sociais: “Meu filho. Vou me lembrar de você sempre como um menino alegre e muito, muito, muito carinhoso. Te amarei para sempre”, escreveu, postando uma foto dos dois juntos.