Estado planeja retomar obras do metrô da Gávea após prazo de validade de inundação ter vencido
Reeleito, o governador Cláudio Castro anunciou em entrevista ao GLOBO no último domingo que costura uma saída jurídica para retomar e concluir ainda este semestre as obras da estação da Gávea da Linha 4 do metrô, que estão paradas desde 2015. A negociação é uma corrida contra o tempo. Isso porque a estrutura com 55 metros de profundidade na Zona Sul do Rio foi inundada entre o fim de 2017 e o início de 2018 para garantir a sua estabilidade e evitar a corrosão dos materiais. A estratégia tinha “prazo de validade”: cinco anos, de acordo com avaliação técnica feita na época.
Vencido esse tempo, a recomendação era drenar os 36 milhões de litros de água usados para encher o esqueleto da estação e fazer uma avaliação, para determinar se há risco de comprometimento estrutural que possa afetar imóveis vizinhos, como o campus da Pontifícia Universidade Católica (PUC-RJ). Segundo especialistas, esse prazo já estourou, mas não há unanimidade sobre possíveis comprometimentos.
O que Castro tenta desenrolar no momento é uma decisão da 3ª Vara de Fazenda Pública que impede o estado de passar recursos para o Consórcio Construtor Rio Barra, responsável pela obra. A ação impetrada pelo Ministério Público identificou sobrepreço e superfaturamento de R$ 394,4 milhões na Linha 4, que liga Ipanema à Barra. Um trecho, que parece um desvio passando pela Gávea, não foi concluído.
— Em 2017, o estado estimou que precisava reavaliar as estruturas submersas em cinco anos. Só que, na época, a obra já estava parada havia dois anos, deteriorando-se. Na realidade, sem esvaziar o buraco, é impossível saber o real estado de conservação das estruturas. Nenhum mergulhador poderia fazer testes adequados no meio de toda aquela escuridão — ponderou o professor do Departamento de Engenharia Civil da PUC-RJ, Tácio Mauro Pereira de Campos.
Melhor opção: terminar
Em 2020, Campos coordenou um estudo apresentado ao estado mostrando que, caso o projeto não fosse concluído, seria necessário fazer reforços estruturais para afastar qualquer risco. O trabalho ressaltava, no entanto, que terminar a obra tinha o melhor custo-benefício.
O novo secretário estadual de Transportes e Mobilidade Urbana, Washington Reis, tem uma reunião amanhã com técnicos da Procuradoria Geral do Estado (PGE) para tentar achar uma solução, que passa por suspender a decisão judicial e obter recursos para fazer a obra. A pasta avalia que, neste momento, não há risco estrutural na estação.