Em 194 anos, Eliete Bouskela é a primeira mulher a ser presidente da Academia Nacional de Medicina
Pela primeira vez, 194 anos, uma mulher foi eleita para presidente da Academia Nacional de Medicina. Eliete Bouskela tomou posse nesta quinta-feira (7).
“[O coração] tá meio acelerado porque eu estou um pouco nervosa, eu acho. Eu nunca pensei que eu ia chegar aqui. Nunca.”
Ela se define como uma mulher que conseguiu conquistar seu espaço sem renunciar à família.
“Uma mulher que lutou muito e não abriu mão do que eu gostaria de ser. Então, eu sou mãe, sou avó, sou médica, sou professora universitária e cheguei aqui”, diz.
“Estudem, vocês só devem fazer medicina se vocês gostarem de gente, e é possível. Brigando, a gente consegue.”
Durante a posse, ao receber a medalha, Eliete foi aplaudida de pé.
Autoridades como o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, estiveram na cerimônia. Também não faltou o carinho dos colegas de profissão, ex-alunos e da família.
“É uma grande alegria pra nossa família ver essa conquista da minha mãe. E é um orgulho ver a minha mãe com a primeira presidente mulher da academia depois de 194 anos”, disse a filha, Kristina Bouskela.
Eliete Bouskela é médica especialista em fisiologia cardiovascular e pesquisa clínica, diretora científica da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e membro das academias brasileiras de Ciências, Europeia de Ciência e Artes e de Medicina da França.
Eliete Boskela chega à Academia Nacional de Medicina de olho no protagonismo do Brasil no G20, marcado para novembro no Rio. Ela acredita que é uma grande oportunidade para fortalecer a medicina na América Latina e no mundo.
Professora titular da Uerj, Eliete também pretende trazer para a academia questões como a qualidade do ensino médico no Brasil.
“O outro eixo que quero é tornar a academia mais nacional, no sentido de ela ter membros em mais estados do que nós temos com diversidade de gênero e raça, porque hoje nós temos eleitos como membros titular apenas dez mulheres. É muito pouco.”