Cremerj abre sindicância para apurar morte de advogada após procedimento estético
O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) abriu, nesta segunda-feira (18), uma sindicância para apurar a morte da advogada Silvia de Oliveira Martins, de 40 anos, que sofreu complicações após uma lipoaspiração realizada em uma clínica em Laranjeiras, na Zona Sul do Rio.
Caso as suspeitas de irregularidades sejam confirmadas, será aberto um processo ético-profissional contra a médica acusada. O caso foi registrado na 35ª DP (Campo Grande).
Na sexta-feira (15), Silvia, que advogava para o cantor MC Poze do Rodo, deu entrada na clínica para realizar o procedimento estético com a médica Geysa Leal Corrêa. Após a cirurgia, ela recebeu alta hospitalar na manhã de sábado e voltou para casa, mas começou a sentir fortes dores. Por volta das 14h30, a advogada foi ao Hospital Oeste d’Or, em Campo Grande, onde ficou internada até às 6h56 deste domingo, quando teve a morte confirmada.
A declaração de óbito indicou que a causa da morte foi um “choque hemorrágico, devido a um tromboembolismo pulmonar, em razão de lipoaspiração recente”.
Ao DIA, a esteticista e amiga de Silvia, Mariza Dias, que trabalha com pós operatório, disse que suspeita de possíveis erros que a médica possa ter cometido.
“Há um tempo, [Silvia] fez um enxerto no glúteo e, provavelmente, foi colocada a substância PMMA (Polimetilmetacrilato), que não pode ser lipoaspirada. Uma vez que esse produto é aspirado, ele pode ir para a corrente sanguínea. Não é comum um tromboembolismo com um dia de pós-operatório. Eu acredito que tenha tido exageros na cirurgia. Em um procedimento, há limites para retirar a gordura de um corpo. Ela ficou muito tempo submetida”, explicou.
O DIA teve acesso a uma conversa na qual Geysa Corrêa relata o caso. “Estou arrasada. [Silvia] teve embolia e a tomografia mostrou um pequeno coágulo no fígado. Com a medicação, o coágulo sangrou e deu choque hemorrágico. É uma situação muito difícil. A gente sabe que isso pode ocorrer, mesmo se fazendo tudo certo. Mas achamos que nunca vai acontecer conosco ou com pessoas próximas. Com certeza foi um dos piores dias da minha vida”, disse a médica.
Silvia foi sepultada na tarde desta segunda-feira, no Cemitério Jardim da Saudade, em Paciência, na Zona Oeste do Rio.
Em fevereiro de 2021, Geysa foi denunciada pelo Ministério Público do Rio (MPRJ) por homicídio culposo contra a pedagoga Adriana Capitão Pinto, de 41 anos. De acordo com as investigações, a lipoaspiração ocorreu sem complicações, mas a paciente teve um inchaço nas pernas.
A médica teria dito que era uma consequência natural, mas Adriana morreu seis dias depois, após sentir falta de ar e desmaiar. A necropsia confirmou que o procedimento foi a causa da morte.
Segundo o MPRJ, a médica possuía especialidade em otorrinolaringologia e, na época, não estava devidamente habilitada para intervenções estéticas, tendo realizado o procedimento em um local sem condições sanitárias e sem cuidados pós-operatórios.