Análise: Fluminense faz melhor jogo com Marcão e ganha fôlego atrás de sonho da Libertadores
Como num piscar de olhos, o Fluminense viu o sonho distante da Libertadores ganhar contornos de realidade. Apesar da invencibilidade de três jogos que o aproximaram do G-6 antes da rodada, os seguidos desempenhos abaixo das expectativas mantinham a aproximação da principal competição da América do Sul como mera miragem. Mas não é que tinha água no fim das dunas?
A esperada “vitória maiúscula” tardou, mas aconteceu. No último domingo, o Fluminense foi intenso na marcação alta; agressivo com a bola e inspirado no ataque, apresentando a sua melhor versão até agora sob o comando de Marcão. Espantou as críticas da imprensa e torcida e aplicou um 3 a 0 com autoridade sobre o Goiás no Nilton Santos (veja os melhores momentos no vídeo acima). Fora o passeio. Fez três, mas poderia muito bem ter sido quatro, cinco, oito…
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“Ah, mas era o Goiás, candidato ao rebaixamento”. Obviamente é preciso pesar a fragilidade de um adversário no contexto da partida. Mas contra os outros times do Z-4 (Botafogo, Coritiba e Sport), o Fluminense não chegou nem perto de uma atuação convincente como agora. Para se ter uma ideia, somando os três jogos anteriores o Tricolor teve 15 chances de gol. Só contra o Goiás foram 12.
Scout – Fluminense x Goiás
Quesito | Fluminense | Goiás |
Posse de bola | 44% | 56% |
Finalizações | 17 | 12 |
Chances de gol | 12 | 1 |
Passes certos | 309 | 434 |
Passes errados | 71 | 83 |
Desarmes | 23 | 25 |
Faltas sofridas | 15 | 9 |
Impedimentos | 1 | 0 |
Mas o que explica a evolução repentina da equipe? Alguns pontos por setor ajudam a entender a grande atuação diante do Goiás:
Defesa
A zaga Nino e Luccas Claro mostrou mais uma vez ser a dupla de melhor encaixe no Fluminense. Nessa configuração, Luccas Claro, que é o mais rápido dos zagueiros, atua pelo lado esquerdo e dá cobertura ao setor de maior fragilidade. Enquanto Nino vive grande momento e tem ganhado todas as disputas, por cima ou por baixo. Não à toa o time chegou a dois jogos seguidos sem ser vazado.
Meio de campo
O garoto Martinelli nem aparenta ter só 19 anos tamanha personalidade e caiu como uma luva para um time que havia acabado de perder Dodi, um de seus destaques. Seja com Yago ou com Hudson, o Fluminense joga sem um primeiro volante fixo e precisava ajustar o posicionamento à medida que ganhava mais entrosamento. Contra o Goiás, Hudson até se aventurou ao ataque, mas ficou mais preso e deu maior liberdade a Martinelli, que tomou conta do setor e fez dois gols.
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Além disso, é preciso reconhecer o mérito de Nenê. O artilheiro do Fluminense na temporada, com 20 gols, teve uma queda de rendimento no fim do ano passado, mas ganhou voto de confiança de Marcão e colocou o jogo debaixo do braço. Flutuando mais perto dos atacantes, não prendeu tanto a bola, procurou tabelas e lançamentos, foi sempre perigoso nas bolas paradas e mostrou que também consegue desequilibrar mesmo sem estufar a rede. É esse o Nenê da “Nenedependência” que o time sofria no primeiro semestre de 2020.
Ataque
Sem gols contra o Goiás, o setor ficou devendo. Mas foi de suma importância para a estratégia. O êxito da formação passa pela movimentação de Luiz Henrique, que começou na esquerda e inverteu para a direita, e Lucca, que fez o sentido contrário. Por mais que os dois atacantes não vivam tecnicamente grandes fases, a recomposição deles é que ocupa os espaços e permite a subida dos volantes como elemento surpresa. Há outras peças que podem oferecer mais do que eles em produção ofensiva, como Michel Araújo, Pacheco e John Kennedy. Mas na atual tática terão que se sacrificar para marcar.
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Se há algo que ainda preocupe após a vitória convincente sobre o Goiás, isso fica a cargo a pontaria. Fred e Lucca, por exemplo, desperdiçaram as chances mais claras em toda a partida, mas Nenê, Luiz Henrique, Caio Paulista e Pacheco também perderam chances de ouro de marcar. Mesmo depois de um 3 a 0, dar uma afiada na mira não custa para jogos em que o adversário oferecerá menos oportunidades e será preciso converter as que pintarem.
Restando cinco rodadas para o fim do Campeonato Brasileiro, o Fluminense subiu para quinto lugar com 53 pontos, abriu oito para os concorrentes mais próximos pelo G-6 e, agora sim, ganhou fôlego para ir em busca dessa sonhada classificação. Os jogadores se reapresentam na tarde desta segunda-feira no CT Carlos Castilho e iniciarão a preparação para enfrentar o Bahia quarta-feira, às 21h30 (de Brasília), na Fonte Nova.